Capítulo 15 - As Montanhas

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— Sou Thomas. Prazer conhecê-lo, senhor. - Eu sussurro.

— O quê? Não ouvi direito! - Ele colocou a mão em formato de concha na orelha esquerda.

Era difícil de dizer se ele estava brincando ou não. Então apontei para minha garganta simbolizando que eu não ia conseguir falar mais alto.

Ele deu dois passos para frente para poder chegar mais perto de mim...

— Se der mais um passo eu arranco seu baço fora. - Aalna ameaça.

Ele olhou longamente para Aalna como se estivesse analisando a situação. Por fim, sacudiu a cabeça. Acho que ele chegou a conclusão que não seria sensato se aproximar mais.

— Em que tipo de enrascada você se enfiou para ter de ser curado por duas deusas? — Ele me pergunta.

— Eu... — Comecei a falar, entretanto, subitamente, minha garganta começou a queimar, me impedindo de falar.

— Você está bem? — Ele pergunta.

Tento responder mas minha garganta arde ainda mais. Não parecia que era efeito de veneno ou algo assim.

Casualmente, eu olho para Aalna. A expressão dela está muito severa e voltada para mim. Agora entendo, ela não quer que eu fale. Ela realmente deve detestar Bestrad.

Eu ergo o polegar para cima para simbolizar que eu estava bem.

Um silêncio desconfortável se instaura. Mas posso ver que Livlian e Aalna estão conversando telepaticamente, melhor, discutindo. Posso sentir as auras delas, que por sinal estavam bem agitadas, convergindo.

— O que estão falando pelas minhas costas? — Bestrad exige saber dando um passo a frente.

Aalna invoca uma lâmina feita de vidro e se levanta.

— Eu avisei o que aconteceria se você desse um passo a mais. Diga adeus ao seu baço, mas não se preocupe. Vou me certificar de fazer doer bastante. — Ela disse com um sorriso torto.

— Quer dizer que você estava falando sério? E como você pretende me cortar se estou de armadura?

Livlian estalou os dedos e a armadura virou um monte de penas que caíram esvoaçando aos pés, deixando Bestrad atônito.

— Divirta-se Aalna. Você sempre fica com a parte divertida. — Ela disse aborrecida.

Aalna empunhou a espada perto de si e começou a andar para ele, decida.

— Se você me cortar não conte comigo para tirar essa carroça de venenos que está carregando no seu corpo! — Ele diz apontando para ela meio aflito.

Apesar de ser um deus também, ele parecia ter um certo medo de Aalna. Até posso me simpatizar com ele, sério.

— Para variar, ele tem razão, Aalna, você precisa dele. — Livlian disse se levantando. — Mas eu não. Me dá esse caco de vidro aí.

Aalna joga a espada para Livlian, que a pega.

— Dessa vez deixo você ficar com a parte boa. — Aalna diz enfadada.

— Você não pode ficar com a parte boa dessa vez mesmo se quisesse, sua birrenta. — Ela retruca e se vira para mim. — Pode esperar um segundo? Tenho que fazer uma pequena cirurgia num inseto.

Eu olho pra ela atônito.

— Vou tomar isso como um sim. Aalna, neutralize os venenos que ainda estão nele. — Ela ergue a mão e Bestrad é lançado contra a parede mais distante.

Ela se dirige novamente a mim.

— Recomendo você não olhar a luta, ao menos que você goste de vísceras, afinal, como ele é imortal, posso rasgar o corpo dele o quanto quiser. Só é uma pena que não dê para matar. Fica chato depois de um tempo estripar alguém. — Ela sorriu visivelmente chateada. E depois ela correu em direção a Bestrad.

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