Capítulo 10 - Missões

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Como eu vim parar aqui?!
De novo, Como Eu Vim Parar Aqui?!
Afinal, COMO EU VIM PARAR AQUI?!

Aalna não estava brincando sobre o risco de morte nas missões. Só que acho que ela pegou leve demais ao dizer que o risco era "relativo".

Eu estava me esgueirando numa borda de precipício na encosta de uma montanha. E para completar, tinha uma baita nevasca. Era frio e escorregadio, e parecia que teria uma avalanche a qualquer momento. O vento uivava furioso, e de vez quando eu ouvia sons que me faziam olhar para cima, com medo de ver uma avalanche pronta para me soterrar.

Eu nunca achei que tivesse medo de altura. Bem, isso até que eu acabei defronte de uma queda de 400 metros num penhasco escuro que eu nem conseguia ver o fundo.

Acho que qualquer um teria medo, aliás.

— Como você está? — Aalna pergunta na minha mente.

— Com todo respeito, peço que não fale comigo no momento. Toda a minha força de vontade está sendo usada para sobreviver, e dizer à minha mente que é errado xingar uma divindade.

— Você xingaria uma divindade? Isso é um sacrilégio, sabia? — Ela rosnou.

— Não xingaria. Não sou louco. Lembra aquele negócio de te tratar como mortal? Então, se alguém me coloca numa situação ruim, meu primeiro impulso é xingar ele, a mãe, o pai e toda a família dele. Eu era uma criança com sentimentos muito presos, então meus pais me ensinaram a xingar como eles faziam para lidar com minha fúria. Mas eu preciso de foco aqui, se eu escorregar é morte. Essa droga de vento que não para! — Eu grito indignado.

— Tome cuidado. E me avise se precisar de algo, vou voltar pra minha pesquisa.

Por fim saí da beira do abismo e entrei numa caverna. Era frio, escuro, úmido e a sensação do peso da montanha era perturbadora.

— O que exatamente estou procurando? — Eu disse acendendo uma lanterna.

— Um cálice amarelo desgastado. O que você vê aí?

— Uma caverna fria, escura e úmida. Local perfeito para o abominável homem das neves morar. Avisa para ele, pode ser que ele ainda não encontrou a caverna perfeita que estava procurando. Pergunta: como uma relíquia sagrada veio para aqui?

— Um clérigo queria protegê-la.

— Então deve ser um item com um poder incrível.

— Não é um cálice mágico.

— Então deve valer uma pequena fortuna. É de ouro?

— Na verdade é feito de latão ordinário, um cálice comum.

—... Eu não acredito que escalei uma montanha gelada e arrisquei cair e ser despedaçado num monte de pedras por uma porcaria de cálice comum...

— Tem um grande valor sentimental, tá?

— Por que não disse logo?

— Você não perguntou!

—... Eu mereço. Vou ver se encontro seu cálice.

— Não é o meu cálice. É do Duque de Zaelan.

— Por que... desisto. Provavelmente é mais uma razão estúpida...

— Na verdade...

— Desculpe. Não quis questionar a missão e tal...

—...Você está certo. O Duque quer esse cálice para decorar a mesa de centro da sala. Para poder se gabar de ser um cálice que estava guardado num lugar remoto ou algo assim, não prestei tanta atenção na prece.

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