Eu estava completamente exausto reclinado numa poltrona. Livlian está logo em frente, sentada numa grande poltrona.
— Deixa eu ver se eu entendi essa história que você me contou. — Ela entrelaça os dedos e se reclina para frente. — Vocês se perderam dentro das montanhas titânicas, acionaram um portal por acidente e foram parar em Battissen, foram capturados por uma arquiduquesa demônio que tentou usar vocês para destronar Helan, mas aí você deu uma de exército de um homem só e tirou vocês da prisão. Vocês fugiram e acabaram numa floresta repleta de monstros assassinos. E para se livrar deles você fingiu trair Aalna para a fúria dela espantar as bestas, depois Aalna teve de usar sua alma para abrir um portal para voltar para cá. Ah, e você carregou Aalna por uns 16 quilômetros nas costas até ela poder voltar a andar, enquanto ela fazia um discurso de como ela matou todos os mortais que a desrespeitaram e como você deveria estar grato por só ter de limpar Malahamunt de ponta a ponta com uma escova de dentes, ao invés dela te castrar e depois te condenar a vagar num deserto até a morte?
— Isso.
— Por que você foi ser paladino justamente dela? Você poderia ter sido meu paladino. Falando sobre péssimas escolhas...
— Eu fiz o que a rainha do meu reino me disse! E você teria capacidade de remover minha maldição?
— Maldições não são minha especialidade. Sou a Deusa do oráculo. Mas seria interessante comandar um servo humano em nível pessoal.
— Por que você não procura outro humano para isso?
— Eu tenho muitos servos, mas não posso chegar até eles pessoalmente e passar o que eu quero. Já falo com os humanos mais do que eu gosto, afinal, sou eu que revelo para os oráculos reais quem tem poder mágico ou não, entre muitas outras coisas. Apesar de Aalna ser a mais cultuada, eu sou a mais presente, pelo menos nos círculos dos meus servos. Mais uma coisa. Você disse que ela usou um feitiço de junção de almas para abrir o selo para ela poder passar?
— Sim. Aliás pode me dizer o que diabos esse feitiço tem de tão especial? Ela fez um baita alvoroço, dizendo que esse feitiço era muito especial e blá blá blá. Eu não consigo ver em que uma coisa tão à toa assim pode ser importante.
Livlian abriu um sorriso perverso.
— Se Aalna não te contou, não vai ser eu que vou contar o que ela fez com você. Respeito a vida privada da minha irmã.
— Mas que diabos de resposta é essa?! — Eu pergunto indignado.
— Vou te dar uma dica. Deuses não são seres materiais.
— Obrigado. Acho que entendo menos ainda.
Ela deu de ombros.
— O problema é seu, seu burro. Mas eu não diria de novo para Aalna que esse feitiço é à toa. Digamos que... é falta de respeito e tato... — Ela abaixou a voz e disse para si mesma. — Mesmo sabendo do futuro não deixa de ser... estranho.
Nesse momento entra Aalna na sala.
— Thomas, onde estava? Eu te procurei por todos os lados. Tenho mais três dúzias de castigos para te dar.
— Eu estava me escondendo, enquanto recolhia o que sobrou de mim. Passei dias, nem quantos deles, por que nessa porcaria de lugar o tempo é insano, limpando esse lugar com uma escova de dentes. Tive de usar quarenta e cinco escovas e caí quatro vezes enquanto limpava as colunas principais. E uma delas eu fiquei enganchado no andaime pelo pé. Está doendo até agora.
— Olha essa língua! Não aprendeu nada da longa conversa que tivemos sobre respeitar seus superiores?
— Conversa? Monólogo é a palavra que procura. Toda vez que eu tentava falar alguma coisa você berrava para eu calar a boca. E bem do lado do meu ouvido, você me deixou um pouco surdo, sabia?! Mas se faz questão de que eu tenha aprendido algo, aprendi sim. Aprendi que eu tenho de ficar o mais longe possível de você e ficar calado. — Eu respondi com humor ainda pior.
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Improvável
Genel KurguThomas tem um único objetivo: conquistar a garota de seus sonhos, a qualquer preço. Mesmo se isso significar participar de um plano mirabolante de Julie, sua vizinha sádica que o vem atormentando desde da infância. O que os dois não esperavam é que...