Capítulo 12 - O Passado

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Eu me vi flutuando por um longo tempo numa névoa esbranquiçada. Sera que é assim que a gente se sente quando morre? Esse é o meu fim? Eu nem tentei mexer meus membros, tinha dúvidas se eles iam responder aos meus comandos ou não. Fiquei surpreso quando tentei pensar em algo e nada veio a minha mente. Eu não conseguia lembrar de nada, exceto sobre uma vaga memória que talvez eu tenha sido morto. Quem eu sou? O que eu sou? Onde eu estou? Por que estou aqui?

É engraçado que mesmo não pensando, eu estou me questionando. É sério, o que aconteceu comigo para ficar assim?

E por um longo tempo fiquei assim.

— O que aconteceu comigo afinal?

Balbuciei essas palavras e abri os olhos. Que raio de pergunta idiota, mas eu realmente não lembro...

Eu inicialmente vi um teto amarelo esbranquiçado. Ergui um pouco minha cabeça e me vi deitado em uma cama, coberto por um lençol de linho.

Eu estava vivo.

Virei minha cabeça para a direita.

Quase bati minha cabeça na de Aalna.
Ela estava com a cabeça sobre os braços cruzados, apoiados na cama, sentada numa cadeira ao lado da minha cabeceira. Parecia estar dormindo.

Fiquei alguns instantes hipnotizado, olhando seu rosto belo e seus cabelos loiros como ouro, mas lembrei que eu tinha dores de cabeça toda vez que eu teimava em contemplar seu rosto.

Lentamente, comecei a me lembrar quem eu era. Quem era essa mulher ao meu lado.

Tentei me mexer. Mas meus músculos quase não responderam. Uma sensação de fraqueza e cansaço com um esforço tão simples se abateu sobre mim.

Desisti. Meu corpo estava totalmente destruído, eu não ia consegui me mexer por um longo tempo.

Por fim, as memórias mais recentes  começam a retornar na minha mente. As memórias horríveis de eu ter sido torturado. O massacre que Aalna perpetrou na minha frente...

Olhei para Aalna de novo. Ela me resgatou. Entretanto... por que ela fez isso? Ela não havia me condenado à morte naquele mosteiro? Por que...

— Thomas...? — Ela exclamou erguendo a cabeça sobressaltada, aparentemente saída de um pesadelo.

— Estou acordado. — Eu respondi num tom quase inaldível. Até minha voz parecia ter sido drenada junto com o sangue.

Ela me encarou estupidamente por alguns segundos, aparentemente processando minhas palavras ou alguma outra coisa. Logo em seguida  abriu um sorriso de alívio enquanto segurava meu rosto com as duas mãos.

— THOMAS! Você está vivo! — Ela diz com alegria.

— Eh sim? — Eu perguntei meio sem saber que responder.

— Eu pensei... que tinha chegado tarde demais! Fiquei tão desesperada quando te vi daquele jeito...

— Por que me resgatou?

— O quê? — Ela me perguntou confusa.

— Por que me resgatou?

— Por que eu não te resgataria?

— Eu não fui parar nas mãos dos cultistas por sua causa? Tudo apontava que você tentou me matar.

Ela me encarou por alguns segundos. E em seguida apoiou a cabeça sobre uma das mãos enquanto falava.

— Como eu posso te explicar isso... Eu não sabia que eles eram cultistas.

— O quê?

— É uma longa história.

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