Sempre ao seu lado

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  - Daí, antes de ir embora, eu passei lá no quarto da Jessica. Ela estava dormindo e o Erick estava na cadeira do lado, com uma cara de preocupação que partiu meu coração. - Conto a história para Maya no caminho até o carro.

  - Eles falam que a gente não pode se envolver emocionalmente, mas é cada história que aparece aqui... - Ela fala e eu concordo.

  - Estão falando daquele homem gato? - Dani chega ofegante por ter corrido para nos alcançar.

  - É, do Erick. - A olho e penso em como ele realmente era bonito. - Será que ele é o pai?

  - Não sei não, ele está preocupado demais... - Dani fala desconfiada.

  - O que você quer dizer? - Maya ergue uma sobrancelha.

  - Talvez ele saiba que não é o pai, mas não quer deixar a mulher com o bebê sozinha. - Dani nos explica e eu me sinto ainda mais curiosa a respeito do teste.

  - Bom, o resultado sai amanhã, o laboratório vai adiantar tudo, porque o bebê pode nascer a qualquer momento. - Digo e entramos no carro. - Espero que eu esteja aqui quando acontecer.

  - Quer fazer o parto? - Maya me olha pondo o cinto.

  - É claro, esse caso é meu. - Gesticulo confiante - Dr. Richard não vai me afastar dele, quero saber de todas as decisões.

  - Pra uma interna, você tá bem superior - Dani diz e nós rimos - Mas vai ser realmente uma oportunidade única de fazer o parto em um caso tão agitado.

  ***

  - Até amanhã, Maya. - Eu e Dani descemos do carro e acenamos.

  Somos mais chegadas do que as outras meninas, por isso corri para contar a ela sobre Erick. O moreno me chamou tanto a atenção que eu não pude guardar aquilo só para mim. Dani veio dormir aqui em casa hoje, porque temos o plantão juntas amanhã e eu moro mais perto do hospital.

  - Como você consegue? - Ela fala de repente, cortando o silêncio do elevador.

  - Consigo o quê? - Arrumo a bolsa no ombro.

  - Não pensar naquele homem maravilhoso. Até agora estava preocupada com ele, não conseguia tirar a história da cabeça, e agora age naturalmente.

  - Está insinuando que eu gostei dele? - Franzo o cenho - Daniela, nem vem com essa. Ele é pai!

  Chegamos no meu andar e saímos do elevador.

  - Aposto que toda essa confusão tá deixando ele muito cansado. A doutora (S/N) deveria examiná-lo.

  - Você só fala besteira, né? - Nego com a cabeça e abro a porta, entrando logo em seguida.

  - Ouça o que estou dizendo: ele não é o pai do bebê. Por que você não pode ficar com ele? Aposto que depois do resultado, ele nunca mais vai olhar na cara da Jessica. - Ela entra e se senta no sofá.

  - Ele não a abandonaria. Ou será que abandonaria?

  - Homem é homem. Ele ficaria furioso e sairia de lá sem pensar duas vezes.

  - Olha, eu só sei que quero fazer o parto da Jessica, depois eles que se resolvam. Se ele for o pai, bem, se não for, o problema não é meu. - Dou de ombros - Vou tomar um banho, se quiser comer ou dormir, já sabe, a casa é sua. - Sorrimos e eu vou ao banheiro.

  Que coisa ridícula eu ficar pensando no Erick, ele é acompanhante da minha paciente! Talvez eu esteja confundindo minha preocupação com a Jessica com uma atração pelo pai do filho dela. (S/N), pare de pensar nele!!! Ok, não consigo.

  Termino o banho, dou uma lida nas anotações que fiz hoje e vou para a cama. Reviro-me várias vezes antes de conseguir dormir, minha cabeça está uma pilha.

-Internato {Dia 2}

  - Elô disse que Jessica ainda não entrou em trabalho de parto. - Comento sobre a mensagem que acabo de ler e entramos no meu carro. - Quem vai fazer o primeiro parto hoje? Exatamente, eu mesma! - Digo animada e coloco o cinto, dando partida.

  - Nós vamos. Minha paciente também vai dar a luz. - Ela sorri convencida.

  - Somos médicas! Por que a ficha ainda não caiu? - Rimos e ela faz uma cara de "sei lá" e dá de ombros.

***

  - Boa tarde. - Dra. Adriana nos cumprimenta. - (S/N), acho que logo o bebê vai nascer. Quero que veja a dilatação de Jessica, a bolsa acabou de estourar. Espere chegar nos dez dedos, chame o obstetra e veja o que acontece. - Eu assinto e vou encontrar o casal.

  Agora é oficial: meu primeiro plantão começou! Já estou vendo que não será nada calmo. Coloco meu crachá e entro no quarto, encontrando rapidamente aqueles olhos verdes.

  - Cheguei! - Digo animada, já com as luvas. - Com licença, Jessica, vou checar a dilatação. - Como passou a noite? - Puxo assunto, enquanto realizo o processo.

  - A noite foi tranquila, agora é que está difícil! - A respiração dela estava ofegante e suas mãos apertavam o colchão.

  - Já temos oito dedos. - Digo para uma enfermeira que estava do lado e ela escreve alguma coisa. - Não se preocupe, vai ficar mais difícil mas passa rapidinho. Daqui a pouco já vai estar segurando seu bebê. - Sorrio e tiro as luvas, me afastando.

  - Doutora, o resultado da paternidade já saiu e estão pedindo que retire. - A enfermeira diz.

  - Tudo bem, prepare a Jessica para o parto normal, que dentro de alguns minutos eu volto. - Olho para Erick, que bate o pé no chão, demonstrando seu nervosismo.

  Saio rápido dali e vou buscar o resultado.

  - Oi, sou a (S/N), vim buscar o resultado do teste de paternidade de... - Olho a ficha para saber o seu nome completo - ...Erick Brian Colón.

  - Aqui está, doutora. - Uma moça muito bonita me entrega o papel e eu a agradeço.

  Saio às pressas quando meu pager acende: Jessica estava com a dilatação pronta para o parto. Corro e, por sorte, encontro Dr. Richard no caminho. Não precisei nem dizer o que estava acontecendo: saímos correndo juntos.

  Entramos no quarto já colocando as luvas, toucas e máscaras.

  - Vamos levar a maca para a sala de parto. - Ele diz e eu viro para Erick, chamando-o para acompanhar.

  Chegamos à sala de parto e posicionamos a mulher, que já gritava de dor. Erick se posiciona ao seu lado e segura sua mão com força.

  - Gostaria, Dra. (S/N)? - O doutor me olha e eu confirmo com a cabeça, muito feliz.

  Sento na cadeira e inicio o parto, pedindo para que a mãe fizesse força. Dentro de um tempo, estava segurando o bebê em minhas mãos.

  - É um garotão! - Eu sorrio e Jessica chora de alegria e alívio.

  Cogito chamar Erick para cortar o cordão umbilical, mas ele arregala os olhos, como se em negação e eu mesma cortei. Entrego o bebê à mãe e a parabenizo.

  - Excelente trabalho, Dra. - O obstetra me diz, observando tudo. - Vou fechar, pode ir se limpar. - Trocamos de lugar e eu saio dali.

***

  Volto ao quarto de Jessica antes deles. Pego os papéis do resultado, tiro do envelope e leio.

  "Paternidade: negativo"

Socorroooooo ele não é o pai!!!
O que estão achando? Comentem e deem estrelinha, por favor ❤️

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora