Efeito anestésico

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  Assim que chegaram ao hospital, (S/N) parou na primeira vaga que encontro no estacionamento dos funcionários. Dani ainda tentou reclamar e resistir, mas a amiga estava... dopada? Sim, isso mesmo. Dopada de adrenalina. O hormônio da paixão, não? Só de pensar em Erick, o coração de (S/N) dispara, sua respiração fica descontrolada e suas mãos suam.

  "Dores no corpo? Desânimo? Some excessiva? Quer perder peso? Apaixone-se. A adrenalina resolve."- Um projeto de comercial ridículo, mas que ao menos é real e encaixa na situação.

  Talvez encaixe até demais, uma vez que (S/N) é a única que não percebeu que está perdendo peso e até ficando doente de tanto stress. Tudo isso por conta da maldita adrenalina. Erick está fazendo com que seus suprarrenais descarreguem adrenalina aos montes!

  Quem vê-la sentirá até dó; espanto, quem sabe. A menina está com os olhos fundos nas olheiras (exceto agora, que a maquiagem feita por Dani está escondendo), os cabelos estão bagunçados quase o tempo todo. Ela está fraca demais e persiste lutando contra isso. É tão teimosa que não aceita que seu corpo precisa de um descanso. Desde que entrou no ensino médio, é comum que ela tenha crises de ansiedade - talvez até algumas crises de pânico - devido à cobrança que ela mesma exerce sobre si.

  Sua mãe? Não, ela nunca a cobrou. Na verdade, ela não suportou a abstinência e deixou a filha com os parentes para ir em busca de mais droga. Seu pai? Não, ele nem esteve presente. Os policiais não costumam liberar os presos para levarem suas filhinhas à escola. Além do que a pena por bater na mulher e na filha foi de 7 bons anos.

  Pois é, com a mãe viciada e o pai preso, (S/N) conformou-se e, com o tempo, compreendeu que é bem melhor e mais seguro viver com seus avós. Óbvio que não foi nem um pouco fácil ir à escola e ouvir comentários do tipo: "olha lá a menina que vem com a velha", enquanto os coleguinhas chegavam na escola acompanhados de seus pais. Mas ela sobreviveu, não é?

E, além do mais, ao contrário do que se espera, (S/N) não tornou-se uma pessoa mais fria e que não consegue confiar em ninguém. Na realidade, ela tornou-se... Carente? Pois é, só ela que não percebe o quanto precisa de alguém por perto o tempo inteiro. Mesmo não falando com seus avós há um tempo, ela sente saudades todos os dias e seu coração aperta só de pensar neles. Erick está se tornando uma das pessoas mais especiais para ela, conquistando-a muito fácil; ela nem consegue mais tirá-lo da cabeça, nem controlar a ansiedade para vê-lo ou a alegria que sente quando estão juntos.

  Se (S/N) não pensasse que, antes de se relacionar tão profundamente com outro alguém, é necessário conhecer e se aproximar ao poucos — e que isso requer tempo também —, com certeza já teria se entregado de corpo e alma a Erick. Até porque essa é a maior vontade dela.

  E não. Ela não sente que se entregou de corpo completamente para ele, se é o que você pensa. Na verdade, ela sente que a química só aumenta entre os dois, e que quando  acontecer de verdade, vai ser uma coisa mágica. Pode ser que seja real, ou que ela esteja se iludindo ao extremo, mas, como dito, ela não consegue se controlar. Ela tenta fazer isso, manter o senso e seguir pela razão, mas basta um toque de Erick, ou mesmo um soar da voz dele, que tudo que passa pela cabeça dela some. Um branco enorme a consome.

As duas já estavam há um tempo paradas dentro do carro, visto que tudo isso acabou de passar pela cabeça de (S/N). Foi um filme longo que passou ligeiramente em sua mente, tirando-lhe a capacidade de se mexer e, assim, de destrancar o carro. Ela estava inerte, como se estivesse sob o efeito de algo... Como um efeito anestésico. Não sabia o que aquilo lhe causava; o que aquelas lembranças lhe faziam sentir.

(S/N)

– É pra hoje? - Dani estrala os dedos na frente dos meus olhos e eu sacudo a cabeça.

– Quê? - Pergunto confusa e então entendo que não destravei as portas. Faço isso e ela sai do carro. Faço o mesmo que ela logo em seguida.

– Tá dormindo acordada? - Eu contorno o carro enquanto ela me pergunta.

– Só um devaneio. - Respondo e vamos em direção à entrada do hospital.

– Um puta devaneio, né? - Dani começa a reclamar, como de lei. - Quase morri sufocada lá dentro. Te chamei várias vezes, garota. Quer me matar, faz de um jeito menos tortuoso.

– Para de drama, Daniela.

– Drama? Tá achando que foi rápido? O horário de visitas já até acabou. - Paro bruscamente assim que ela fala isso. - O que foi? Não estava toda convicta e apressada até agora?

Finalmente saiuuuu
E tá bem curtinho, me perdoem. Quis deixar esse capítulo só que esse impacto aí, porque senão ia ter muitos acontecimentos em um só. Não sei porquê, mas vai assim ke
Besitos, até breve ❤️

Não esqueçam da estrelinha hein, podem comentar também sz

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