Em coma

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  Será que Jessica tem alguma coisa a ver com isso?

  - E quando vamos poder vê-lo? - Yanelis pergunta ao Zabdiel.

  - Se ele continuar estável como agora, amanhã eu posso deixar vocês entrarem. Por enquanto, só pelo lado de fora, sinto muito.

  - Por que não hoje? - Ela pergunta outra vez.

  - Porque hoje o risco de infecção ainda é muito grande. Na verdade, o certo seria deixá-lo sem visitas por muito mais tempo, mas vamos combinar que não estamos com tempo de sobra assim, não é? - Ele responde e ela concorda. - Mas eu vou mostrar o quarto dele, caso queiram ver como ele está, ou até mesmo passar a noite mais pertinho. Se quiserem, posso providenciar um quarto com camas—

  - Não, não vou ficar longe dele nem mais um segundo. - Daysi se manifesta e o interrompe. Yanelis fita o chão, talvez por ficar desconsertada e, ao mesmo tempo, não poder corrigir a mãe. - Não quero sair de perto dele e, se precisar, eu fico em pé a noite toda, até que me deixem entrar. - O homem fica em silêncio.

  - Podemos disponibilizar poltronas, pelo menos? - Tomo a frente, vendo que ele havia ficado sem reposta. Yanelis me olha apreensiva, quase que implorando para que o fizesse, mesmo que sua mãe não concordasse, entretanto, ela concordou e eu recebi uma piscadela de olho do médico, que sorriu fraco em agradecimento.

  Ponho-me a fazer o que havia sugerido e, por isso, saio daquela sala, cuja atmosfera já está carregada demais para qualquer um. Passo por alguns policiais que estavam no corredor, sentindo olhares desconfiados sobre mim. A essa altura, já devem saber que eu participei da cirurgia que salvou a vida do Erick, o qual eles consideram um fora da lei - o que de fato é.

  Tento abstrair essa sensação ruim, mas é impossível, já que a cada 10 metros que eu ando, me deparo com um policial que me encara. O hospital deve estar um caos na entrada, talvez haja até repórteres e, por isso, é o lugar em que eu menos desejo estar agora.

***

- Muito obrigada, (S/N). Ela está agindo desse jeito por causa des emoções, não está fazendo por querer. - Yanelis começa, assim que chego acompanhada de dois homens, que traziam as poltronas e as punham em frente à janela do quarto de Brian. - Não sei se devo, mas mesmo assim me desculpem.

- Não se desculpe, nós sabemos o quão difícil é e será pra vocês. - Zabdiel diz e eu assinto.

- E quanto a isso, não precisa agradecer. - Refiro-me aos assentos bem acolchoados e de cor preta. - Tente fazê-la comer, senão vamos ter duas pessoas doentes. - Franzo os lábios.

- Vou tentar. - Ela responde e eu sorrio compreensiva, dando leves batidas em seu ombro com minha mão e me retirando dali.

***

  Vou até o quarto de descanso e, felizmente, ninguém estava lá. Bom, pelo menos foi o que eu pensei assim que entrei. Quando fecho a porta, ouço o barulho da água do chuveiro caindo e sinto um cheiro bom vindos do banheiro. A minha intenção era tomar um banho e descansar, mas acho que vou tirar um cochilo até a pessoa sair dali.

  Deito-me na cama e a porta se abre no instante em que fecho os olhos. Resmungo pela obrigação de levantar e sair do conforto e viro-me, ainda deitada na cama, encontrando Dani apenas de toalha. Ela me olha com preocupação é eu franzino cenho confusa.

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora