Relação Médica-Paciente

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  - Está passando a visita, Dra. (S/N)? - A voz do Dr. Richard soa perto do meu ouvido, fazendo minhas pernas estremecerem espontaneamente.

  - Já terminei as visitas. - Viro-me e percebo que estamos mais próximos do que imaginava.

  - Sempre se preocupou assim com as pessoas? - A fala dele era rouca e aquilo era um atentado ao meu autocontrole.

  - Essa história mexeu comigo em particular. - Dou um passo para trás, tentando aumentar a distância entre nós, porém ele dá um passo maior à frente, ficando a poucos centímetros de mim.

  Ele é mais alto que eu e isso é a única coisa que me salvou de um beijo agora, porque se ele fosse um pouco menor...

  - Doutor, eu preciso voltar, a Dra. Adriana deve precisar de mim. - Desvio e ando alguns passos, mas ele me puxa pelo braço e eu viro bruscamente.

  - Não busque desculpas para escapar, eu não vou fazer nada com você. E não se preocupe com a Adriana, ela está operando. - Solta meu braço e fala calmamente.

  - Mas mesmo assim, eu só vim aqui checar o meu paciente, que nem é o Erick. - Termino de falar e sou puxada pela cintura por suas mãos.

  Antes de pensar duas vezes, o empurro e saio depressa dali, sem ao menos olhar para trás.

  O que acabou de acontecer? O meu staff quis me beijar ou eu estou ficando louca? Não (S/N), só pode ser isso! Mas não conte a ninguém, pois nada aconteceu, então não precisa arrumar confusão logo no início do internato.

  Respiro fundo e solto meus ombros como relaxamento, quando encontro com Maya na recepção. Acelero meu caminhar até chegar ao seu lado. Apoio meus cotovelos no balcão e ela desvia o olhar do prontuário que estava assinando. Seu cenho está franzido, expressando sua confusão.

  - Quase beijei o chefe. - Cuspo as palavras, sem desviar a atenção do armário que encaro. Alguma enfermeira passa atrás e solta um suspiro de espanto, seguido por um ruído de reprovação.

- Tá maluca menina?! - Maya me sacode e eu a olho mais incrédula ainda.

- Ele que veio me pegando. Eu daí antes de acontecer alguma coisa. - Afasto-me dela para não ser sacudida novamente.

- Tem certeza do que tá falando? Aposto que tomou café demais e tá alucinando.

- Não, eu to aqui contando historinhas pra divertir sua noite! - Falo grossa e ela ergue as sobrancelhas. - E eu nem tomei café! - Jogo minha caneta no balcão e saio dali.

Ô que droga hein (S/N)! Não tinha dito que não ia contar nada a ninguém?! Por que tem essa boca frouxa hein? Agora só resta torcer para que Maya não conte para outras pessoas.

Estou perdida em meus pensamentos, olhando fixamente para o quadro de cirurgias, quando ouço o barulho da porta sendo aberta. Será que vai ter cirurgia agora e eu estou tão distraída que não li isso? Sacudo a cabeça e me viro em direção à porta, dando de cara com Erick.

- Onde eu vim parar? - Ergue uma sobrancelha e olha ao redor.

- Você não devia estar aqui, o acesso é restrito! - O puxo para fora do lugar.

- Mas o que tem demais ali? - Ele aponta para onde estávamos.

- É a entrada para a ala das salas de operação. Se nos pegassem lá...

- Mas você é médica, eu que não posso entrar. Ou você também não pode? - Sua cabeça pende para o lado num tom de confusão.

- Eu sou a ralé da medicina, sou universitária, uma simples interna. Não é proibido estar ali, só que ainda não cheguei no estágio da cirurgia, poderiam pensar que estava aprontando alguma coisa.

- E estava? - Nos olhamos e eu me desconcerto, não tinha como negar que estava incomodada com alguma coisa, já que estava paralizada como uma tonta em frente ao quadro.

- Não, eu só... - Um barulho me interrompe.

O local estava completamente deserto, sem contar com nós dois. Nem me lembro de como vim parar aqui, só sei que devo ter pensando num lugar bem silencioso e calmo - sim, aqui é calmo quando não há correrias para cirurgias.

O silêncio pesado que nos rondava é quebrado por passos pesados. São lentos e acompanhados por um barulho de papéis sendo folheados.

Como um ato reflexo, eu puxo Erick para dentro de uma pequena sala do almoxarifado, onde ficavam as roupas, luvas, toucas e outras coisas descartáveis estocadas. É realmente pequena e eu só me dei conta disso agora que estou colada no Erick.

Nossos peitos se encostam, visto que não há espaço para irmos para trás e evitar o contato físico. Minha respiração está ofegante, mas é só por conta do susto que tomei com os passos repentinos. O perfume do moreno toma conta do local completamente tomado pela escuridão.

Eu não vejo seus belos olhos, mas os sinto sobre mim e, dentro de milésimos de segundos desconfortáveis, começamos a nos beijar freneticamente. Suas mãos seguram minha nuca, enquanto as minhas correm por suas costas, aumentando ainda mais o calor e nossa proximidade. Quem disse que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço?

Agora ambos respiramos ofegantes e, como o local é silencioso, é impossível não ouvir. Paramos quando alguém abre a porta, apontando a lanterna do celular em nossos rostos, e pergunta com uma voz surpresa:

- Erick?!

Eitaaaaaa rolou!!
Agora fiquem se perguntando quem é a pessoa muahahaha, logo logo eu revelo.
Não se esqueçam da estrelinha ❤️ comentemmm, beijinhos

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora