1 hora antes
Erick
- Você precisa dormir. - Minha voz soa rouca perto de sua orelha.
Eu e (S/N) estamos sentados lado a lado, ela na poltrona e eu no braço da mesma. Bom, pelo menos eu, o Erick espírito, estou aqui, porque o outro está bem em nossa frente deitado. Uma de minhas mãos passa por sua cabeça, por cima de seus cabelos, na tentativa de lhe fazer carinho. Seu cansaço está exposto em seu rosto, que está tão pálido quanto o meu, com fundas olheiras como as minhas.
Ela está dando tudo de si para cuidar de mim esses dias. Já faz uma semana que eu acompanho diariamente entrar aqui, checar meus sinais vitais, conversar comigo me pedindo para acordar logo, se sentar nesse mesmo lugar, me encarar por um tempo enquanto faz uma oração (ou conversar consigo mesma), abrir as cortinas, acariciar minha testa e meu rosto e arrumar o meu cabelo... Isso é tão bom, ainda que esteja só assistindo. Entretanto, o que realmente me preocupa é que ela não come, não dorme direito, e está cada vez mais exausta.
A ouvi repreender-se algumas poucas vezes por dizer para si mesma que eu não vou acordar. O cansaço está sugando todas as suas forças e sua esperança, mas ela luta contra isso, talvez porque realmente quiera que eu acorde. Ou pode ser que sua única preocupação seja não matar um paciente tão cedo.
Essas coisas rodam na minha cabeça o tempo inteiro, o que faz meus batimentos oscilarem bruscamente entre os momentos carinhosos, fazendo-os acelerar, e os momentos de raiva e medo de ser apenas mais uma experiência na vida dela. Cada vez mais suspeito de que ela já reconheça os meus sentimentos através dos bips. Sempre que meu coração acelera, (S/N) se assusta, mas olha concentrada para o monitor e faz uns movimentos de desconfiança com a cabeça. Creio que ela já saiba a diferença entre a aceleração de raiva e a aceleração de anseio por estar tão próximo dela e não poder tocá-la.
- Brian, Brian... quando pretende acordar? - Ela fala e eu sorrio com sua pergunta.
- Se eu soubesse como fazer isso... - Respondo olhando-a. - Ou se ao menos soubesse que estou mais perto do que imagina...
- Não devia se deixar abalar com isso, Erick. - Ouço uma voz desconhecida vindo da porta e direciono minha atenção para lá. - Agora quer voltar à vida? - Eu já vi esse garoto. Claro que já! Ele é um dos gêmeos que estavam dentro do carro no acidente!
O aparelho apita em disparada e (S/N) se levanta e vai até a cama, colocando a mão sobre minha testa e o estetoscópio sobre meu peito.
- O que está fazendo aqui? - Pergunto com certo receio. - Também está em coma? - O garoto solta uma risada sarcástica.
- Queria eu estar em coma, assim como você. - Dá passos calmos e largos até minha cama, ficando de frente para a médica, do outro lado, e cruzando os braços. - Eu não tenho mais chances, Erick.
O barulho fica ainda mais rápido e vejo o peito de (S/N) arfar com a respiração que competia em velocidade com meu coração. Ele parece gostar de assistir ao nervosismo dela, é um pequeno e quase imperceptível sorriso surge no canto de sua boca.
- Você tem muita sorte, sabia? - Senta-se na beira da cama e se apoia sobre seus braços, ficando numa posição despojada e confiante de frente para mim. - Sobreviveu ao acidente, sua cirurgia foi um sucesso e ainda fica com a enfermeira mais gostosa desse lugar. - Olha (S/N) de cima a baixo.
- Ela é médica. - Limpo a garganta chamando sua atenção. Ele então se vira para mim e ergue uma sobrancelha. - O que quer?
- Acho que não começamos direito. - Ri pelo nariz e passa a mão no cabelo. - Sou Victor, irmão gêmeo idêntico do Miguel. Você nos matou. - Estende a mão para mim.
Vi tudo escurecer e senti minhas pernas enfraquecerem. Os bips param e um som agudo e continuo toma seu lugar no monitor. (S/N) grita algo que parece não fazer o menor sentido para mim e, em poucos segundos, três enfermeiros adentram o quarto com um carrinho trazendo diversos aparelhos, os quais eu também não consegui identificar.
(S/N)
- Alguém traz o cardiologista aqui! Chamem o Zabdiel também! - Subo num ferro ao lado da cama e a altura torna-se mais propícia à massagem cardíaca que logo inicio. Percebo que ele não está reagindo e troco de lugar com a enfermeira que está ventilando manualmente. - Vamos, Brian! Agora não!
Zabdiel entra correndo no quarto e afasta os que estão em volta. Ouço alguns gritos, que suponho serem de Daysi, e um choro, provavelmente de Thiago.
- Preciso que saiam! - Christopher chega em seguida e as retira da sala.
- Ele tá fibrilando! - Olha os dados na tela do aparelho. - (S/N), pegue as pás! - Zabdiel grita por conta da barulheira da agitação e eu o faço, entregando-lhe as duas pás do desfibrilador.Rasgo com facilidade a camisola que o moreno veste e a enfermeira coloca em seu peito as faixas para chocar. Zabdiel ajoelha-se na cama ao lado de Brian e posiciona as pás sobre as faixas.
- Carrega em 200! - Ele ordena e eu o faço. - Afasta! - Todos se afastam e o choque é ouvido e assistido, assim que o tronco de Erick se ergue sobre o colchão.
Erick
Sinto a descarga percorrer todo meu corpo e caio me debatendo no chão. A cicatriz em meu tórax arde e minhas mãos tremem. Largado no piso no canto do quarto, ao lado da poltrona usada diariamente por (S/N), eu escuto a gritaria e a agitação em volta da maçã com meu corpo. Zabdiel ordena para que carreguem em 300 e, antes que eu possa sentir o seguindo choque, vejo Victor e o gêmeo, Miguel assistirem, de pé em minha frente, a minha agonia, com os braços cruzados e o sorrisos de lado novamente, agora nós dois rapazes, tornando-os ainda mais parecidos. Estico meu braço em direção a eles e vejo que minha mão está com um aspecto diferentemente bizarro: quase invisível. Sinto o mesmo ardor de antes e minha visão se escurece por completo, enquanto sinto meu corpo leve como uma pena que paira no ar após soltar-se da asa de uma ave em pleno voo.
Passados os 15 minutos dessa terrível aflição de Erick, seu "espírito" sumiu do quarto e agora não acompanha mais os profissionais ali presentes sem ser notado. Victor e Miguel desapareceram junto a todas as outras coisas.
Isso é tudo, pessoal. Tinha que explicar como foi para o Erick né hehe
Esperneie tenham gostado, deixem a estrelinha e lembrem-se: amo vocês ❤️ beijinhos e muito obrigada pelas 500 e tantas visualizações aaaaaa sz
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Mi Medicina •EB•
Fanfiction(S/N) estuda medicina; deu tudo de si durante 4 anos dentro de uma faculdade e, agora, finalmente vai começar o internato. Junto a suas 3 melhores amigas: Dani (a mais próxima), Maya e Eloá, ela passará pelo tudo ou nada de sua futura profissão; a p...