Vertigem

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   "– Não surta!!!"

(S/N) congelou; travou; engoliu em seco e sentiu seu coração gelado. As mãos já suavam sobre a camiseta ainda na altura da boca do estômago.

Os olhares de preocupação vindos das seis pessoas que a observavam pesavam sobre ela. O ar tonava-se escasso para a estudante é sua cabeça começava a latejar. O pé parava de bater no chão aos poucos, diminuindo o ritmo dos movimentos até que esses parassem por completo. Sua visão estava embaçada e começava a escurecer, permitindo que ela enxergasse apenas a silhueta das pessoas a sua frente.

Erick falava algo ao seu lado, mas sua mente está tão distante agora, que, mesmo sem querer, ela o ignora facilmente. Em sua cabeça gira a frase "mais 15 vezes" e então ela começa a contar de um até quinze para si.

– O que ela tá fazendo? — Richard pergunta confuso e Erick para de falar e olha para o médico.

– Nem vocês sabem? — O que está na cadeira de rodas pergunta com certo pânico em sua voz. — Não sabem o que ela tem? Por que está apertando tanto a barriga? — Aponta para o abdômen da moça e todos olham para lá. — Façam alguma coisa! — Erick grita desesperado e todos os outros são um pulo.

Daniela é a única que reage e puxa (S/N) por um dos braços com pressa. Parece que a informação dada pelo paciente havia lhe mostrado uma luz no fim do túnel. Os homens ficam observando-a; quatro perplexos e paralizados e Erick tentando acompanhá-las empurrando-se na cadeira. Entretanto, como ainda não havia tentado fazer isso antes, o rapaz tem certa dificuldade para girar as rodas em sincronia e acaba desviando sua atenção para isso.

– Aguenta firme, eu to aqui. — Daniela fala firme para a amiga, que apenas se deixa ser levada, ainda se sentindo distante.

Assim que conseguem viram o corredor, Brian pega o jeito dos movimentos e dá fortes investidas, mas não passam de três, porque Christopher finalmente acorda e se põe a empurrá-lo. O mais novo — Erick — revira os olhos, descontente com a demora do outro para começar a fazer algo. Contudo, apenas aceita que seria bem mais rápido ser empurrado do que se empurrar sozinho naquilo, e cruza os braços esperando que o amigo acelere o passo para alcançar as garotas.

Ao dobrarem o corredor desviam de alguns pacientes que já olhavam desconfiados e surpresos, certamente porque acabaram de ver Daniella e (S/N) correndo e já estranham toda a situação. Os dois conseguem vem as internas entrando em uma porta, a qual julgam ser o banheiro, e então o enfermeiro desacelera um pouco e chega ao local numa velocidade normal. Sim, é o banheiro. Enquanto Christopher recompõe o ritmo de sua respiração, Erick aproxima a cadeira da porta e se estica para encostar o ouvido nessa.

Daniela

Entramos rapidamente no banheiro. Agradeço por não ter nenhuma paciente aqui dentro. Nem olhei para trás para ver se Erick conseguiu sair do lugar; espero que os quatro tapados já tenham voltado à realidade.

Guio (S/N) até à primeira cabine e ergo a tampa e o assento da privada, enquanto ela se ajoelha e prende os cabelos em um coque mal-feito, já entendendo o que eu pretendia fazer. Ela se inclina e eu observo sua boca começar a salivar. Repreendo-me mentalmente por demorar tanto para ajudá-la, e então obrigo-me a fazer algo de útil.

Vou até a pia e abro o registro da torneira, lavando minhas mãos com a água gelada. Escuto (S/N) enguiar/regurgitar e respiro fundo e fecho o registro. Volto até ela é, sem pensar duas vezes, enfio dois dedos gelados meus na garganta dela, e logo em seguida os tudo rapidamente, trazendo boa quantidade de vômito para fora. Viro o rosto só para não correr o risco de também vomitar em cima dela. Ao contrário do que eu esperava, porém, ela não vomitou muito, e é aí que eu me lembro de que ela não comeu muita coisa hoje, a última coisa foi a pipoca lá no cinema.

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora