{Sábado}

627 41 2
                                    

  (S/N) acordou com a cabeça pesada, o corpo dolorido e pálido, principalmente o rosto, com as costumeiras olheiras. A real personificação do cansaço.

  Óbvio que todos os estudantes de medicina sofrem com essa exaustão; ela estava experimentando uma dose maior agora, devido ao caso de Erick. Não sabe-se dizer se é por conta da saúde do rapaz ou pelo sentimento que está surgindo na moça. Talvez ambos.

(S/N)

  Abro os olhos lentamente e encontro o breu com o qual fui me deitar ontem à noite. As janelas e porta fechadas bloqueiam a entrada do sol, e minha visão agradece por não ter que se acostumar com a claridade. Sento-me na cama e encaro algum ponto do meu quarto enquanto briso por alguns segundos.

  Espreguiço-me e alguns ossos estralam, causando-me breve sensação de alívio, porém despertando as dores musculares espalhadas pelo me corpo. Sinto que saí de um ringue de boxe. E devo ter apanhado muito feio. Suspiro ao pensar que tenho que me levantar, pois meu estômago ronca alto reclamando por comida. Resmungo e luto contra minha vontade de ficar na cama e então me levanto. Vou direto ao banheiro, onde já dentro tirando meu pijama e pendendo o cabelo em seguida. Escovo os dentes enquanto abro o registro do chuveiro na temperatura mais quente possível; além de amar banhos quentes, o dia está nublado e frio, favorecendo o meu gosto.

Tomo um banho um pouco demorado, devido ao meu estado de meio adormecida, que me leva a sonhar acordada por alguns instantes. Saio com um roupão e uma toalha enrolada no rosto, os quais eu não pretendo tirar tão rápido, até porque sei que Dani vai estar igual a mim e não me importo de ficar assim dentro de casa (nem temos plano para hoje mesmo).

Quando saio do quarto, percebo que a porta do quarto de Dani ainda está fechada, então me aproximo e abro uma pequena fresta, só para verificar se ela não morreu lá dentro.

- Ela está roncando, está tudo bem. - Digo para mim mesma e fecho a porta, dirigindo-me para a cozinha logo depois.

Faço algumas panquecas - que eu sei que a rapariga desmaiada ama - e um misto quente. Preparo o café e como sou uma excelente pessoa, que se preocupa mãos com os outros do que comigo mesma, coloco o dejejum de Dani numa bandeja e levo até a cama.

- Bom dia, poço de baba. - Digo após deixar a comida sobre o criado mudo e ir abrir as janelas.

- Que sol é esse?! Estamos queimando no fogo eterno já?! - Ela põe as mãos nos olhos e grita dramaticamente, fazendo-me cruzar os braços e observar toda a cena.

- Ô atriz de novela mexicana, você devia me agradecer.

- E você tá parecendo minha tia com essa toalha no cabelo, o roupão, a pantufa e abrindo as janelas loucamente. - Afunda-se nos cobertores e eu tiro a toalha do meu cabelo, jogando-a nela. Seu rosto aparece com uma careta no meio das cobertas e eu rio.

- Acorda! - Exclamo. - Eu fiz comida pra você e vamos estudar juntas.

- Estudar? - Daniela se descobre quase que por completo, me olhando com cara de incrédula. - Se eu soubesse que faríamos isso, nem teria dormido aqui.

- Nossa, eu não conheço pessoa mais mal agradecida que você. - Balanço a cabeça. - Precisamos estudar, logo logo é a prova de conclusão do Trauma. Não quer passar para o próximos estágio?

- Claro que eu quero, só que eu to arrebentada, preciso estar com o cérebro descansado. - Põe o dedo na cabeça. - E você precisa parar de paranoia, sabe que vai passar. Relaxa, mulher.

  - Tá bom. Então vamos estudar só amanhã. - Ela me encara com cara brava mas pensa que é um pouco melhor, então assente revirando os olhos.

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora