Despedida

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  Relaxa, (S/N). É só um cochilozinho, não vai matar ninguém.

  - Ei! Acorda! - Sou sacudida por alguém, por isso abro lentamente meus olhos. A claridade obriga meu rosto a fazer uma careta e a minha mão a cobrir meus olhos. - Você dormiu no refeitório, sua louca. - Reconheço a voz de Dani e a olho entre meus dedos.

  - E daí? O que tem? - Afundo minha cabeça nos meus braços outras vez, mas ela me puxa pela camiseta. - Para com isso, Daniela! - Dou um tapa em sua mão e ela sorri vitoriosa. Agora já estou acostumada com a luz e observo seu rosto com uma sobrancelha arqueada. - Zabdiel me dispensou, me mandou estudar e eu fiz isso a tarde inteira. Estou cansada, ok? Agora vê se me deixa dormir em paz! - Bato o pé e volto a me debruçar.

  - Já são 23:30. Nosso horário acabou há trinta minutos. Vai querer passar o fim de semana aqui mesmo? - Ela fala e eu me ergo. - Eu sei, você pensou que seria só uma cochiladinha. Sei bem como é isso. Vem, eu dirijo. - Levanto da cadeira sem resistir e pego a embalagem do que havia comido. - Só que vou ter que dormir na sua casa.

  - Não que você já não faça isso sempre. - Sorrimos uma para a outra e saímos dali, caminhando lado a lado. - Dani, eu queria ver o Erick. - Digo manhosa.

  - Eu, como a ótima amiga que sou, fui ver como ele estava antes de te procurar. Ele está dormindo, melhor não ir lá agora. - Fala sem que paremos de caminhar.

  - Mas vai ser dois dias. Por favor, eu não vou acordá-lo. - A olho enquanto espero uma resposta e, já que não obtenho, puxo sua mão e dou meus volta, indo em direção ao quarto de Erick.

  Chegamos lá em poucos minutos e eu sorrio feito uma criança feliz que ganhou o que queria de Natal. Dani põe a mão na testa, sem acreditar no que estava acontecendo e me solta um "vai rápido e não o acorde". Trato de entrar logo no quarto, antes que ela mude de ideia.

  Dou passos leves até chegar ao lado da cama e, como de costume, ponho a mecha de cabelo para trás. Entretanto, dessa vez ela insistiu em cair de novo, então eu sorri e apenas deslizo meus dedos, os quais estavam na testa de Brian, por sua bochecha. Paro ao lado de seus lábios rosados e úmidos e passo meu polegar por cima deles, os olhando fixamente e desejando mais que tudo beijá-los como se fosse a última vez. Meu transe é interrompido por uma piscada de seus belos olhos verdes, que se esforçam para se abrirem e me encararem. Sorrio sem mostrar os dentes assim que percebo que ele está acordando.

  - Vim te dizer boa noite. - Sussurro bem perto de seu rosto. Tão perto que nossas respirações se chocam uma contra a outra. - Nos vemos daqui dois dias. - Recolho minha mão, porque ainda estava acariciando seus lábios.

  - Será que vou sobreviver? - Ele sussurra de volta e solta um leve riso.

  - Claro que sobrevive. - Rio no mesmo tom e então ficamos desse jeito.

  Um silêncio paira sobre nós, mas não é ruim e até diz mais do que qualquer palavra que poderíamos dizer neste momento. Meus olhos descem dos seus e pousam em seus lábios e os dele fazem o mesmo com os meus. Um instinto leva-me a inclinar-me e selar nossas boca num beijo estático. Assim permanecemos por alguns segundos. Eu com minha cabeça vazia de qualquer pensamento senão o rosto de Brian.

  Sinto o suave toque de seus dedos passando entre meus cabelos e fazendo cafuné em minha cabeça. Sua língua dá sinal e eu permito que entre e se junte à minha. Elas se movem em um compasso perfeito, como um casal de dançarinos profissionais em plena apresentação, porém com a suavidade de uma brisa no final de um dia de verão, que passa entre os galhos das árvores ainda ardentes.

  É um beijo único. É o nosso beijo. Só eu e Erick e o nosso incomparável beijo.

- O Chris tá— Dani aparece na porta e para de falar ao perceber o que fez. Eu e Brian nos separamos assustados e ela sorri igual a uma boba.

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora