Psiquiatria

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   – Claro. — Soa animado e ele me dá passagem, indicando o balcão da recepção para que assinasse o documento.

Daniela

Resolvi ficar por aqui e esperar que a Doutorazinha assine toda a papelada da alta do seu pacientezinho. Como sei que são muitos documentos e que a (S/N) não é a pessoa mais rápida, encosto-me na parede e distraio-me com o movimento dos pacientes entrando no hospital pela porta da frente, até que uma certa pessoa chama a minha atenção, fazendo-me semicerrar os olhos para ter certeza de que estava realmente vendo quem eu estava pensando que era. E sim, eu estava. Era Jessica.

  — O que ela tá fazendo aqui? — Maya sussurra em meu ouvido e me assusta, me fazendo virar para ela no mesmo instante, com o corpo tenso. — Desculpa, não era pra te assustar. — Ela ri da minha situação e eu ajeito a postura, tentando esconder que me assustei. — Ela é a tal da Jessica, né?

  — Essa mesma. A grávida de Taubaté do Erick. — Olho para a garota de cima a baixo ainda de longe, enquanto Maya se encosta ao meu lado e cruza os braços, fazendo o mesmo. — Não, desencosta, precisamos tirar essa louca daqui antes que a (S/N) veja. — Desencosto e a puxo pela mão, indo atrás de Jessica e olhando uma vez para trás, para me certificar de que a outra ainda assinava os papéis e não havia escutado nem percebido nada.

— O que nós podemos fazer com—- Maya começa a falar, mas eu tomo a iniciativa antes d doerdes o fio da meada ou mesmo respondê-la.

— Ei! Jessica! — Falo alto, fazendo com que a respectiva vire para trás e, ao me ver, acelere o passo. — Droga! A vagabunda deve ter dito que é da família e conseguido a localização do quarto do Erick. Vamos logo, Maya! Tá morta? — A chamo e ouço um resmungo, mas não pro de andar, pelo contrário, ando mais rápido ainda, diminuído cada vez mais a distância entre mim e Jessica. Maya nunca foi a mais agitada, só não é mais preguiçosa do que Eloá. Mas Elô é mais na dela, não é literalmente preguiça, e sim indisposição para fazer o que não a interessa, ou seja, quase tudo.

Desisto de ficar apressando Maya e começo a correr pelo corredor, visto que já havíamos andando muito e virado varios corredores às pressas, e agora já estamos no corredor do quarto do Erick. Jessica olha para trás e sorri satisfeita por conseguir chegar antes de mim, ainda que com uma pequena vantagem. Sinto meu sangue ferver de raiva — já lhes disse que sou competitiva? Pois bem, eu sou. — assim que vejo seu sorriso vitorioso ao virar para a direita e entrar no quarto do rapaz.

Erick

— Mas se eu ficasse com essa tal bolsa de colesto... — Sinto minha mente travar com as palavras complicadas de Chris, que falava comigo sobre meus cuidados pós-operatórios — Como é mesmo? — Franzo o cenho e ele gargalha.

— Colostomia. É pra recolher sua—-

— Merda! — O interrompo, mas porque meus olhos pousam sobre quem havia acabado de adentrar o quarto: Jessica. Ele, sem perceber isso, aponta para mim e ri, dizendo um "exatamente". — Não, demente. — Ponho minhas mãos em seus braços e o faço girar e orar de frente para Jessica, não podendo, assim, ver sua reação, mas podendo sentir seus músculos contraírem. Nesse mesmo instante, chega Daniela, que aparece parando subitamente do lado de fora da porta. Seus olhos semicerram e seus lábios se pressionam e, caso Maya não tivesse chegado, suponho que ela saltaria em cima de Jessica ali mesmo.

— Erick, eu soube recentemente. Vim ver como você está. — Jessica diz sutilmente, com um sorriso gentil no rosto, algo que não me comove nem um pouco.

— Como é cínica.— Dra. Daniela diz já com os braços cruzados e balançando a cabeça em negação. — Está aqui atrás de outra coisa: quer o Erick. Sabe que ele é um pai melhor para o seu filho. Ah é, ele não é o pai, não é, Srta. Jessica?

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora