Fuga sobre rodas

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  – Ei! Não se mexe! — Zabdiel repreende. — Espera, (S/N)?! — Ele me olha surpreso.

(S/N)

  Não demorou muito e Zabdiel saiu pela porta da sala a nossa frente. Sua expressão não é de muitos amigos, com certeza esta nervoso por saber que viemos aqui depois que ele nos mandou ficar em casa.

  – O que é que vocês estão fazendo aqui? — Diz com o tom alterado e que faz Dani encolher os ombros e abaixar a cabeça como um cachorrinho arrependido.

  –Eu só... ——

  – Acha que pode fazer o que quiser, não é, (S/N)? — Ele me corta. — Desse jeito o Erick nunca vai se curar. Parece que não entende.

  – Tá dizendo que eu faço mal pra ele? — Levanto-me e ficamos frente a frente.

  – To dizendo que ele está mal acostumado. Quando está se concentrando em melhorar, você vem aqui e atrapalha tudo. Você o deixa ansioso, pensando que depende de você pra melhorar. — Zabdiel para por um instante e respira fundo ao ver minha feição mudar. — Não significa que você seja ruim pra ele... Só que ele precisa melhorar e sair logo daqui. Você me entende?

  – Entendo, claro que entendo. — Digo e ele parece sorrir aliviado. Observo Chris empurrando Erick numa cadeira de rodas para fora da sala de raio-x. Minha cabeça se ilumina com uma ideia, bem como naqueles desenhos em que uma lapada surge num balãozinho em cima da cabeça. — Quer que ele saia logo daqui, né? Então eu vou dar um empurrãozinho.

  Num piscar de olhos, minhas suprarrenais descarregam adrenalina por todo o meu corpo e eu corro até Erick, empurrando Christopher e assumindo o controle. Zabdiel, Daniela e Christopher ficam sem reação apenas me olhando e eu saio em disparada empurrando Brian nesta cadeira de rodas.

  O moreno segura firme nos braços da cadeira e solta uma risada gostosa, mas assim que Richard aparece no fundo do corredor, Zabdiel grita para que ele nos pare e eu, devido a um impulso, acelero ainda mais a corrida, o que faz com que Erick grite de desespero.

  Agora é a hora: ou eu o tiro daqui, ou eu o mato.

Como se Deus iluminasse um caminho secreto, vejo Joel aparecer em um corredor perpendicular ao que estamos, um pouco mais à frente de onde estou com Erick. Reduzo a velocidade e consigo entrar nele, passando pelo cacheado, que ficou para trás sem reação. Escutamos Richard gritar um "para esses dois, Joel", mas mesmo assim eu não parei.

Devido ao cansaço, minha respiração ofegante e um sedentarismo que eu já devia ter criado vergonha na cara para eliminar, minha velocidade já não era rápida e contínua.

(S/N), aonde estamos indo exatamente? — Erick agora já consegue virar a cabeça e se segurar ao mesmo tempo, sem medo de voar da cadeira.

– Pra ser sincera, nem eu sei. — Falo com muita dificuldade; com a voz quase escassa e a garganta seca e dolorida por conta do ar gelado que entrava continuamente.

– Por que está fazendo isso? Por que está me sequestrando? — Sinto que seus olhos não deviam de mim e os meus, que antes ora olhavam os dele ora olhavam o caminho, pararam com essa disputa.

Assim como meus olhos pararam sobre aquelas belas esmeraldas, eu também parei de correr. Esgotada, encosto-me na parede e apoio minhas mãos nos meus joelhos. Sinto Brian começar a acariciar minha cabeça, brincar com meus cabelos, enquanto tento controlar minha respiração, deixando escapar tosses que expunham minha dificuldade para conseguir ar.

Alguns passos ligeiros são ouvidos e eu ergo minha cabeça assim que eles param, porque consigo ver os pés em minha frente e ouço meu nome ser chamado. Ali estavam os cinco: Richard, Joel e Zabdiel com cara amarrada e Christopher e Daniela ao fundo, com cara de "ferrou, eu avisei". Erick para de fazer carinho em mim e eu me ergo em frente a eles.

– O que deu em você hoje? — Joel começa. — Disse que não ia arranjar confusão.

– E fez tudo isso sozinha, sem motivo. — Zabdiel continua.

– Não podia esperar para visitá-lo amanhã, como alguém normal? — Richard conclui.

– E por que você aceitou fazer parte dessa loucura? — Zabdiel se vira e fala para Dani, que outra vez se recolhe e baixa a guarda.

– Não, ela não. Eu que arrastei a Dani. — Falo ainda tentando normalizar minha respiração.

– E por quê? O que deu em você, (S/N)? — Richard pergunta e todos me olham apreensivos.

Olho para Erick com cara de desespero, esperando que ele captasse através do meu olhar o meu pedido de socorro. Nem eu sei explicar o porquê de estar aqui. Foi algo tão repentino. Eu só agi. Ele me retorna com uma sequência de piscadelas.

– Emoção. — Digo baixo e abaixo a cabeça, de modo que meu cabelo cubra meu rosto e eu enxergue apenas o chão.

– Foi bem emocionante, realmente. Olha o tumulto que você causou por nada. — Richard diz e eu sinto minhas bochechas arderem. Sim, óbvio que estou envergonhada.

Eu só posso estar louca! Um impulso desse e eu corro pro hospital do nada, para ver alguém que não é nada meu além de paciente. Nada pode ser mais ridículo. Ah não, ainda pode piorar: nem a fuga deu certo, porque nem pra correr eu sirvo, pelo jeito. Excelente, (S/N). Você consegue se superar.

– Não tem nada a dizer? — Ouço a voz de Joel.

As palavras fogem da minha boca e um silêncio pesado paira sobre nós. Apenas o barulho do meu pé batendo no chão seguidamente é escutado. Inclusive, só agora que eu percebi que estou com esse tique no pé.

O que deu em você hoje, (S/N)?

Para completar sinto meu estômago embrulhar, logo depois de assistir ao flashback de tudo que acabou de acontecer, como se minha cabeça quisesse me torturar. Eu já tenho plena consciência de que fiz uma burrada, para que me lembrar disso tudo? Será que isso vai ficar girando na minha cabeça agora?
Enfim, meu estômago me alertou de que algo viria e minha boca, então, salivou para me proteger da surpresa ácida que por aí viria. Coloco minhas mãos sobre minha barriga e sinto minha testa ser molhada por um suor frio. Respiro fundo e alto e ouço as batidas do meu pé direito aumentarem a frequência sem que eu possa controlar.

"Bata mais 15 vezes, (S/N). Mais 15." Algo me diz para fazer isso. Intuição? Não sei. Mas tem que ser mais quinze! Exatas quinzes vezes.

(S/N), tá tudo bem aí? — Christopher se aproxima e ergue minha cabeça.

Vejo todos me olhando com preocupação e olho para meu lado, encontrando um Erick assustado, talvez com minha situação. Com isso, perco a contagem de batidas do pé e por isso a recomeço.

– 1, 2, 3... — Conto num tom baixo, mas o silêncio, que outra vez se fez presente, permite ouvir tudo. — 4, 5... — Continuo, porém sinto meu estômago revirar e pressiono minhas mãos contra minha barriga com força.

O que deu em você hoje, (S/N)?
Bata mais 15 vezes, (S/N).
Mais 15!

Isso gira em minha mente e então percebo que meu pé continua batendo sem parar.

(S/N)! Olha pra mim! — Dani afasta Christopher com uma mão e me sacode pelos ombros. Olho no fundo dos seus olhos e todos nos observam fixamente.

Foco apenas nela e os outros ficam embaçados no fundo do meu campi de visão. Daniela, que percebe que ainda estou descontrolada, por fim aperta suas mãos nos meus ombros, ao ponto de cravar suas unhas na minha pele, e grita na minha cara:

– Não surta!!!

Acabei de escrever agora, então tá quente saindo do forno hihi
Espero que tenha ficado bom e que vocês gostem. Tomara que estejam curiosos pra saber o que está acontecendo szzz
Logo logo esclareço essa loucura
Deixem a estrelinha e comentem o que estão achando ❤️
Besitos

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora