Internato {Dia 1}

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- Ainda não acredito que chegamos no internato. - Daniela fala com cara de boba.

-Nós sobrevivemos a 4 anos, gente, 4 anos! - Viro-me, olhando para Maya, que dirige o carro e depois para Dani e Eloá, que estão no banco de trás.

- Falando assim, nem parece que vamos ter que sobreviver por mais um tempão como internas. - Eloá revira os olhos, sustentados por olheiras fundas, as quais personificam seu cansaço.

- Nem vem tentar contagiar a gente com sua negatividade. - Maya a olha pelo retrovisor - Eu sei que você está animada para começar também, não adianta tentar disfarçar.

Nesse momento, começa a tocar uma das minha músicas preferidas na rádio e eu aumentei o som, nos livrando do próximo comentário de Elô. Dani ri quando entende o corte que eu havia dado e começa a cantar, exalando toda a alegria que carregava junto com sua ansiedade.

Chegamos na faculdade, onde teríamos uma aula antes de ir ao hospital. Receberíamos orientações e nossos horários. Eu agradeci mentalmente quando foi dito que os meus primeiros plantões seriam com a Dani. Por fim, voltamos ao carro e encontramos com o resto da turma e professores no destino.

- Estes são os seus crachás. Nunca se esqueçam deles, nunca os tirem do jaleco. Ah, e não se esqueçam do jaleco, óbvio. - Nossa residente, Dra. Adriana, nos mostrou os cartões e finalizou as orientações. - Vou mostrar o hospital para vocês, procurem anotar tudo o que eu disser sobre os pacientes e mantenham-se atentos. Não deixem de perguntar, isso aqui é a formação médica de vocês.

Andamos pelo enorme hospital, desde o estacionamento até a UTI, passando, inclusive, pelo quarto de descanso dos internos. Eu terei meu primeiro plantão amanhã; com certeza passarei aqui em alguma das 12 horas do meu turno.

- Agora que já conhecem tudo, podem ir cada um para o seu canto. Boa sorte, pessoal. - Dra. Adriana sorri antes de sair em passos rápidos, como se estivesse atrasada.

- Pelo menos ela é simpática. - Maya dá de ombros e põe uma caneta no bolso do seu avental. - Vou atrás do meu paciente, até depois.

- "É um belo dia para salvar vidas", já dizia Dr. Derek Shepherd. - Dani.

- Vou guardar essa frase para quando entrarmos no estágio da cirurgia. - Eu digo e saio dali, deixando Dani com Elô.

Minha paciente estava na maternidade, no térreo, já que nosso primeiro estágio era Ginecologia e Obstetrícia. Li sua ficha enquanto descia as escadas e agora estou realmente animada.

- Bom dia, Sra. Janet Miler. - Entro animada e encontro a gestante de sete meses.

- Bom dia, Dra. ...?

- (S/N).- Sorrimos uma para a outra. - Então, conte como está se sentindo. - Após isso, ela começa a falar, enquanto coloco luvas e me aproximo com o aparelho de ultrassom.

Termino a consulta e passo pela recepção, entregando a ficha da paciente a uma enfermeira, a qual conversaria com o obstetra da paciente, que prosseguiria o caso.

- Socorro! Preciso de um médico! - Um rapaz da minha idade entra gritando no pronto atendimento da G.O.

Corro até ele, preocupada e já indicando a uma enfermeira que chamasse um médico.

- Calma, me fala o que aconteceu. - O olho no fundo de seus olhos verdes.

- Jessica está dando a luz! Ela está gritando demais, parece estar com muita dor! - Seus cabelos escuros e bagunçados caem sobre seu rosto.

- Ela está no carro? - Aponto para o automóvel, mantendo minha calma e já pegando uma cadeira de rodas no canto do PS.

- Sim. Me ajuda, por favor! - Ao contrário de mim, ele estava desesperado.

- Eu vou ajudar e já tem um médico a caminho, pode ficar tranquilo. Vou buscar a Jessica, preencha a entrada dela na recepção.

Depois de pouco resistir, ele vai fazer o que eu pedi. Já no carro, eu ajudo a moça a sentar na cadeira de rodas e peço para que se concentre em controlar sua respiração.

- Vamos cuidar de você e do seu bebê. - Digo e a levo para um quarto.

Logo o obstetra chega, junto com o rapaz, que foi chamado de Erick pelo doutor.

- Cheque a dilatação, Dra.

Eu o fiz e recebi a orientação de conversar com o acompanhante, a fim de conseguir mais informações sobre a futura mamãe.

- Erick? - Pego minha prancheta e caneta.

- Sim, isso mesmo. - Já pude notar mais calma em sua fala.

- Sou (S/N). Preciso que me diga algumas coisas sobre a Jessica.

- E se eu não tiver certeza de tudo?

- Apenas diga o que tem certeza, se tiver dúvida, fale que não sabe. - Respondo e ele assente. - A Jessica já sofreu alguma queda durante a gravidez?

- Não.

- Ela é alérgica a algum medicamento?

- Não.

- Tem alguma doença crônica?

- Ela tem asma.

- Usa a bombinha ou tem crises constantes?

- Não, ela me disse que parou de usar a bombinha quando tinha 11 anos.

- Certo. - Anoto tudo que ele me diz. - Você é o pai?

- Não sei. - Paro de escrever e o encaro.

- Não sabe? Pode me explicar?

- Eu e Jessica ficamos há um tempo atrás e aconteceu. Não foi nada demais, depois disso combinamos que não iríamos ficar juntos, mas eu reparei nela; estava enjoada, com uns costumes estranhos. Três meses depois ela me disse que estava grávida.

- Usaram camisinha?

- Sim.

- Viram se estourou? - Eu tentava fazê-lo conseguir a resposta para sua dúvida.

- Eu nem me preocupei com isso, não tinha sentido nada, estava tudo normal.

- No tempo em que estavam juntos, um só ficava com o outro?

- Sim, ela me assegurou que só estava comigo. E eu só estava com ela.

- Pretende assumir? Porque me parece que o preservativo estourou e você é o pai.

  - Eu sei, essa ideia gira na minha cabeça o tempo todo, também penso nisso. É claro que se o bebê for meu, eu vou assumir. Mas... querer uma comprovação me torna alguém ruim?

  - Não, não pense que isso te faz ruim. Eu só disse porque levando em consideração tudo isso... - Ele umedece os lábios e eu confirmo o que devo fazer. - Vou deixar essa lacuna em branco. Converse com a Jessica sobre um teste de DNA, que pode ser feito aqui no laboratório do hospital mesmo. O resultado sai dentro de uns dois dias.

  - Obrigado, Dra. (S/N). - Respira fundo.

  - Só não deixe a Jessica sozinha, todas merecem companhia nessas horas. - Eu falo e ele concorda com a cabeça, indo em direção à cama na qual está a gestante.

  - Dr. Richard, podemos conversar? - Chamo o obstetra e saímos do quarto. - Erick não tem certeza se é o pai do bebê.

  - Eu sei, Dra. Eu e Erick somos grandes amigos, por isso cuido de Jessica. Conheço toda a história, não se preocupe, sei que ele não vai deixá-la sozinha e que vamos acabar descobrindo a verdade.

 

Aí está o primeiro capítulo sz
Comentem o que acharam e se querem continuação. Não esqueçam de dar estrelinha ❤️

Mi Medicina •EB•Onde histórias criam vida. Descubra agora