A Amazona Escarlate - Suelen - Parte I

328 94 24
                                    


Soube que alguns parentes da Nathalia tinham chegado a corte corri para ver quem era, ultimamente ela e a Priscila estavam distantes, imaginei que estivessem escondendo algo de mim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Soube que alguns parentes da Nathalia tinham chegado a corte corri para ver quem era, ultimamente ela e a Priscila estavam distantes, imaginei que estivessem escondendo algo de mim. Haviam me falado que ela estava conversando com eles na Sala das Ladies, é uma sala como outro no castelo sendo usada para quando as ladies querem tratar de algum assunto especial ou solene. É comum também reuniões no local promovidos pela rainha, é claro que eu nunca sou convidada, apenas participo quando a princesa é requisitada e infelizmente a Princesa Luiza não é muito chegada nesse tipo de coisa. Quando cheguei a porta da sala estava fechada, talvez já tivessem saído, mesmo assim entrei para verificar.

- Por que você está no chão? – Nathalia estava caída, não conseguia entender o que estava acontecendo – Vocês estão brigando?

- Nada disso Suelen, eu que acabei tropeçando no meu vestido e meu primo estava ajudando-me a levantar. – ela disse primo? Quer dizer que aquele pedaço de mau caminho era seu primo, fiquei toda animada com aquela notícia.

- Que susto! – fiz uma ceninha – Estava a pensar que ele estivesse te agredindo, estava prestes a chamar os guardas! Afinal de contas quem é você?

- Sou Gilberto Laitter herdeiro do Conde do Castelo Nebuloso.

- Laitter? É um primo direto então? – era até comum o casamento de primos diretos entre os nobres, já entre os plebeus dificilmente acontecia, diziam que os filhos podiam nascer com deformidades

- Sim, meu tio é irmão do meu pai. – respondeu Nathalia

- E agora noivos. – Completou seu primo para minha desilusão

- Sério? Nossa que inveja! Você arrumou um noivo bem-apessoado! – não me aguentei – A Priscila também está andando com um bonitão para todo lado e a princesa vai se casar com o Lorde Rafael! – cobri a boca quando vi que tinha deixado escapar algo que não deveria, mesmo assim tentei disfarçar como se nada tivesse acontecido. Acho que era assim que os nobres faziam quando davam uma bola fora. Mesmo assim notei que o seu primo não gostou do meu comentário, ai continuei falando para tentar remendar minha fala – Quem me dera ter um primo desses! Meus primos são todos... horrorosos! Eca! Melhor nem falar. Você não tem nenhum irmão?

- Tenho, mas acredito que ele seja muito novo para você. – respondeu Gilberto sem demonstrar muita empolgação.

- Uma pena. Ah! Estava esquecendo o motivo de ter vindo aqui te chamar!

- Já sei! Quer me mostrar um vestido novo! – disse Nathalia com um sorriso sarcástico.

- Um vestido? – será que ela está sabendo que pedi para fazerem um vestido para ela, a Priscila me garantiu que não contaria nada, ela é muito experta deve estar desconfiada, melhor disfarçar um pouco – Nada disso, se bem que acho que não te mostrei os últimos que meu pai me enviará! Mas, não é sobre isso! Ela acabou de chegar!

- Ela quem? – perguntaram os dois.

- A Amazona Escarlate! Vamos vê-la? – agarrei a sua mão.

- Sim! – exclamou a Nathalia.

Fazia tempo que não via a Nathalia animada deve ser por causa do casamento e ultimamente ela estava meio sumida! Como eu queria achar um lorde bonito para me casar, nem precisava ser herdeiro, mas tinha que ser bonito, bem bonito! Fui puxando a Nathalia até chegarmos na frente da ponte leste, ela já estava puxando o ar, tinha a saúde bem frágil, a sua pele sempre branquinha, cabelos louros, olhos verdes como o Rio Pérola, que diante do brilho do sol ficavam ainda mais esverdeados. Parecia uma flor delicada, porém tinha um olhar provocativo, certamente uma das garotas mais lindas da corte até o Príncipe Henrique demonstrava interesse por ela, como queria ser como ela. Sim morria de inveja dela, ela era tudo o que eu não era: linda, inteligente, educada e de descendência nobre. A vida fora muito injusta comigo, bom ela agora estando noiva pelo menos diminuirá a concorrência desleal.

- Olhe! – gritei

Muitas pessoas se reuniram para vê-la, já havia chegado muitos nobres, cavaleiros, mercadores, e os plebeus já se encontravam aos montes nos cantos da ponte. Muitos começaram a gritar: "Escarlate!", "Escarlate!". Ela vinha montada num enorme garanhão branco, com seu elmo vermelho aberto, mesmo assim não era possível ver seu rosto. A armadura peitoral parecia o busto de um vestido feito de metal negro cheio de rosas formadas por pedras vermelhas, tantas eram as rosas que não dava pra saber se a cor que predominava era preto ou vermelho, e cobrindo a parte de baixo da armadura tinha um vestido vermelho escuro na mesma tonalidade das pedras, agora com rosas pretas bordadas sendo cobertas por pedras negras, nunca tinha visto nada parecido com aquilo.

- Eu quero aquele vestido! É lindo!

- Aquilo não é um vestido é uma armadura! – disse Nathalia me corrigindo.

- Quero mesmo assim!

- Acho que ela não vai te vender. – sorriu Nathalia

- Não seja chata!

Acompanhando o trote do cavalo vinha uma garota, que devia ter uns doze anos, carregando um escudo preto com uma enorme rosa vermelha pintada nele, conforme ela ia passando lançava alguns cumprimentos para as pessoas que a aplaudiam em seguida. Atrás montado num cavalo cinza vinha o seu pai, não vestia armadura apenas uma cota de malha coberta por um gibão vermelho com uma rosa negra desenhada. Seu pai foi um dos maiores cavaleiros que teve no passado, ganhou diversos torneios, além disso um dos membros do Conselho dos Duques, sendo conhecido como Duque Rosa Negra. Atrás vinha uma carruagem fechada, o qual deveria estar a sua esposa e suas outras filhas, o lorde Rosa Negra nunca conseguiu ter um filho, possuindo cinco filhas, sendo a mais velha a Amazona Escarlate. Existiam poucas amazonas no reino, depois que Escarlate ficou famosa outras resolveram se aventurar no mesmo caminho. Contudo, ser um cavaleiro era coisa para nobres, pessoas como eu nunca seriam aceitas, existiam coisas que nem o ouro conseguia comprar. Fomos acompanhando eles até a entrada do salão principal, quando chegaram ela desceu do seu cavalo, sua escudeira colocou uma pequena escada para auxilia-la. Somente em solo que ela finalmente tirou o elmo e um lindo cabelo vermelho caiu pelas suas costas, possuía um rosto fino e olhos cor de mel, seus lábios estavam bem avermelhados devia ter passado algo para realçar o vermelho. Simplesmente deslumbrante, não devia ter mais de dezenove anos, agora eu tinha mais uma concorrente linda, estava perdida nesse mundo injusto. Nesse momento os cochichos se espalharam, podia ver os homens comentando sobre sua beleza, como queria ser eu no seu lugar, apesar do burburinho ela parecia não se importar, apenas esperou seu pai para entrarem juntos. Já eu e a Nathalia entramos na frente não queríamos perder nem um segundo daquela recepção.

- Como ela é linda! – cochichei para Nathalia

Nathalia apenas concordou coma cabeça.     

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora