Um pedido de socorro - Princesa Luiza - Parte III

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- Mesmo assim, muitos nobres aderiram a sua causa, pode ser que ocorra uma eventual disputa pelo feudo. – o visconde parecia preocupado com a questão em contrapartida meu pai não.

- Acredito que o duque saberá muito bem como defender os seus domínios, além disso terá o meu total apoio.

- Majestade por mais que seja vosso melhor... digo nosso amigo, – o visconde se corrigiu – acredito que a coroa não deveria se meter nesses assuntos internos sob pena de sermos acusados de quebra do Pacto Feudal.

- Raios que parta o maldito pacto. Eu sou o rei! É uma questão de justiça! E ainda de colocar minha palavra na lama! Se eu reconheci o garoto como filho do duque, agora ele é filho e ainda herdeiro legitimo dele! – gritou o rei.

- Como queira Vossa Majestade. Como queira.

Meu pai dificilmente perdia a calma. A questão das adoções sempre foi sensível no reino, além do mais muitos lordes possuíam vários filhos bastardos e quando os deuses não haviam os agraciados com uma varão recorriam para adoção de um filho bastardo. A igreja sempre se posicionou contra estas adoções, considerava os filhos fora do casamento impuros. Mesmo depois do reconhecimento da coroa a igreja não costumava reconhece-los como filhos. Criando assim grandes disputas por este motivo, a mais famosa é a do Príncipe Bastardo descendente da Casa de Ruda, filho do Rei Jorge IV. A dinastias de Ruda reinou sobre Verona por quase duzentos anos, seu pai adotou o seu filho bastardo legalmente, no início ninguém se importou já que o mesmo passou a ocupar apenas o quinto lugar na linha de sucessão. Contudo, a família real foi vítima da grande peste que assolou Verona, no final restou apenas o Príncipe Bastardo e duas irmãs, a Princesa Gioconda e a Princesa Estefani. A primeira havia ficado com sequelas por causa da peste, já a Princesa Estefani passou ilesa. Contam as histórias que a Princesa Estefani era muito bonita sendo desposada pelo seu primo o Duque de Javanda. Quando finalmente o Rei Jorge IV morreu iniciou-se uma violenta disputa pelo trono entre o Príncipe Bastardo e o Duque de Javanda. Depois de dois anos de uma guerra civil sangrenta foi realizado o Concilio de Verona. No entanto para a surpresa de todos a igreja definiu que a melhor indicação não pertencia a nenhum dos dois e sim ao Duque de Cerva, este nem pertencia diretamente a família real, porém era sobrinho de um influente pontífice da igreja. O resultado foi que a guerra civil prosseguiu por mais cinco anos até que os dois pretendes ao trono foram derrotados e a Casa de Ruda extinta. O Duque de Cerva intitulou-se de Rei João e sua dinastia reina até hoje sobre Verona. Apesar disso mesmo após sua coroação os outros países não o aceitavam como rei, para o seu reconhecimento foi exigido que este se casasse com a Princesa Gioconda, o que ele acabou cumprindo com certo desgosto. Apesar de tudo os dois tiverem quatro filhos e no fim de sua vida o Rei João disse antes de morrer: "Foi a melhor decisão que tomei, a Gioconda foi uma benção em minha vida.". A frase foi grafada em sua lápide, sendo enterrado juntamente no mesmo local que havia sido enterrado a sua esposa, a única que teve em sua vida, apesar dela ter morrido quinze anos antes dele, após sua morte o rei se negou a constituir novo casamento.

Os dois fizeram uma pausa, certamente o visconde estava esperando que meu pai se acalmasse para continuar a conversa.

- Voltando a questão do Marques Otávio, muitos dizem que o seu sobrinho é muito verde para assumir tamanha responsabilidade. Além disso ao posto do marques existem muitas reivindicações, certamente quanto este vier a bater as botas uma eventual disputa tomara conta de suas terras e garanto que o jovem não terá muito apoio.

- Ou seja, um eventual casamento combinado ao nascimento de um varão, colocaria uma pedra sobre esse assunto. – concluiu meu pai.

- Com certeza diminuiria a pressão sobre a questão da adoção momentaneamente.

- Nesse caso chame o Marques Otávio a corte para uma audiência privada.

- Será providenciado.

- E o mais importante providencie uma audiência pública para fazermos o anúncio do casamento da minha filha! – olhou-me com doçura.

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