O Despertar do Samurai - Lorde Ryuu - Parte IV

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Novamente voltei-me ao público e fiquei a observar a risada de uma garotinha ao ver os escudeiros retirarem um dos filhos do Grande Urso que havia sido nocauteado. O público mais uma vez gritou para mim, para me avisar que Lady O'hara partirá com toda sua fúria em minha direção. Coloquei minha mão sobre o ouvido fazendo de conta que não os tinha entendido e eles gritavam com toda sua força e quando seus golpes chegaram apenas fui desviando deles sem ao menos olha-la.

- Vamos! Você disse que lutaria comigo! – era esse o seu desespero? Desejava que eu a reconhecesse?

- Estou lutando. – falei.

Ela fez uma nova investida e desviava de seus golpes com facilidade, seu corpo demonstrava o cansaço e os seus machucados faziam com que seus golpes saíssem fora de compasso, não conseguia lutar nem perto do que tinha lutado no dia anterior.

- Sua determinação é forte, mas é facilmente dobrada pelo meu espírito.

- O que quer dizer com isso? – de repente me dei conta que ela não conseguia entender do que eu estava falando.

Fechei meus olhos, abaixei minha espada e ela atacou fortemente com a espada que estava na sua mão direita e somente com minha mão esquerda desviei a sua espada, o público deu um grito acreditando que eu havia tido meu braço quebrado pela sua espada. Ela mesmo olhava incrédula e pelo meu braço circulava o vento que soprava do meu espírito.

- Isso é o meu espírito e não tem como você quebrá-lo em seu estado atual! – falei e o vento começou a fluir de forma suave pelo meu corpo.

Ela arremessou seu escudo ao chão, puxou a sua outra espada, tomou a posição do seu kata e o disparou contra mim, deslizei contra ela e somente o choque do vento que soprava do meu espírito foi suficiente para derrubá-la, ela caiu de joelhos, tentou se levantar, antes que conseguisse o Grande Urso gritou encerrando o combate. Pensei que ela não aceitaria a derrota, mas ela aceitou largando as suas espadas.

- Não é necessário que me venças para que eu te reconheça. – estendi minha mão para ela. Lady O'hara pensou por um segundo e depois a aceitou, ficou de pé e foi aplaudida da mesma forma pelo público.

- Foi uma boa luta. – disse meio envergonhada.

- Sim. – respondi, antes que ela caísse novamente sua irmã a segurou, deu uma risada para mim e depois ajudou sua irmã a sair da arena, enquanto, o público bradava o seu nome.

O rei não estava presente e quem fez a entrega da premiação foi o príncipe herdeiro, ao seu lado estava o Príncipe Cassius.

- Estou impressionado com as suas habilidades, nunca havia visto nada igual, meus parabéns! Que espada é essa de madeira capaz de não ceder ao aço? – perguntou o príncipe e a estendi para que visse.

- É uma espada de treino, o seu nome é bokku. – ele pegou a espada, sentiu o seu peso e depois a me entregou.

O Grande Urso trazia em suas mãos um saco com moedas de ouro e uma coroa de flores, entreguei as moedas a minha irmã e a coroa para Nathalia que não conseguiu conter o sorriso e apertou a coroa ao seu peito.

- Isso vai dar o que falar. – o príncipe falou baixo e somente o Príncipe Cassius conseguiu ouvir, ele me deu um cumprimento, apesar de parecer sincero algo nele destoava, como um relógio que ora adianta e ora atrasa.

- Senhores e senhoras é com muito pesar que encerro os jogos da primavera e convido todos a participarem da festa de encerramento que iniciasse agora e só termina no dia de amanhã.

Minha irmã tinha me falado que agora grande parte dos lordes ficavam ali até quase o anoitecer sendo feitos vários espetáculos na arena, músicas e grupos de teatro revezavam até a noite quando os nobres se recolhiam e o povo passava a noite ao som de músicas alegres. Quanto a mim cabia voltar para o Castelo Ariel e pela primeira vez recebia cumprimentos de todos os lados.

Depois do almoço fui chamado a sala de audiência, meu pai foi junto comigo, uma pequena sala perto ao trono, estavam presentes o Rei Eduardo, o Príncipe Carlos o Grande Urso, Duque dos Portos e o Barão de Castelo Nebuloso, tio da Nathalia.

- Bom sem mais de longas, acho que todos sabem porque estamos aqui. Marquei essa audiência fechada porque temos envolvidos nesta questão a honra de uma lady e devemos manter tudo que for falado aqui em sigilo absoluto, sob pena de desobediência, todos os lordes juram manter a devida descrição dos fatos? – disse o rei passando o seu olhar sob todos os presentes.

- Juramos. – os presentes levaram a mão ao peito e produziram o juramento.

Todos pareciam sérios até mesmo o Grande Urso, em seguida o rei sentou e todos sentaram, meu pai também sentou, somente eu e o Barão permanecemos de pé.

- Pode iniciar Barão. – disse o rei levanto a mão sobre o nariz.

- Ontem à noite, por acaso, enquanto procurava minha sobrinha me deparei com o Lorde Ryuu tomando intimidades com ela. – o barão fez uma pausa desnecessária para aumentar o drama o que parece ter deixado os ouvintes impacientes, fazendo com que o rei se manifestasse:

- Barão pediria para que fosse mais específico, que tipo de intimidades os dois estavam tomando.

- Os dois estavam abraçados como se casados fossem. – disse o barão.

- Só isso? – o Grande Urso deu um tapa sobre a mesa – Estamos aqui por causa de um abraço?

Os lordes fizeram uma cara de descontentamento, já o Duque dos Portos se conteve mais.

- Calma, - pediu o rei para o Grande Urso – Lorde Ryuu isso é verdade?

- Sim. – não havia porque negar.

- Vamos fazer o que? – apesar do rei ter pedido calma para o Grande Urso esse parecia inconformado – Mandar prender o filho do Duque Nelson por que ele abraçou uma garota? Isso é um absurdo!

- Você alega mais alguma coisa Barão? – disse o rei cortando as falas do Grande Urso.

- Sim, logo ao chegar aqui me deparei com o Lorde Ryuu tentando de tudo para se aproximar de minha sobrinha, inclusive fiquei sabendo que ele até tocava flauta para ela!

O Grande Urso começou a rir e fazer trocadilhos com a história da flauta deixando o barão constrangido, o rei fez sinal para que ele parasse, os outros lordes também se seguravam para não rirem, até o príncipe davas umas pequenas risadas.

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