A força de uma amazona - Lady O'hara - Parte VI

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Agora havia chegado minha vez. A luta começou e já não tinha mais o apoio amplo da torcida. O príncipe estava bem melhor fisicamente que eu, tinha que terminar aquela luta logo, entrei na sua guarda e o acertei um bom golpe, o príncipe sentiu, deu dois passos para trás e voltou. Não imaginava que você capaz de resistir a um bom golpe, entrei de novo e dessa vez ele fechou a sua guarda com o escudo no meu escudo, senti a dor nas minhas costas e agora não conseguia erguer mais meu escudo até a altura correta, e um de seus golpes entrou, a sorte que consegui recuar a tempo e somente a ponta da espada acertou minha armadura. Larguei o meu escudo não aguentava mais segurá-lo, o príncipe achou que fosse uma provocação e fez o mesmo, um erro infantil! Ele me atacou com cuidado o que fez que seu ataque fosse muito lento, acertei um, dois, três, quatro, golpes de espada sendo que no último o príncipe caiu ao chão. Rapidamente o Duque Nelson correu para ver se o príncipe estava bem e a torcida ficou quieta, até que o duque disse que estava tudo bem com o príncipe e somente depois disso que recebi meus aplausos. Estava morta, não conseguia nem respirar direito, mesmo assim me esforcei para demonstrar que estava inteira. O duque fez um sinal de um pequeno intervalo e Hanna veio ao meu encontro.

- Pelos deuses você quase matou o príncipe! – falou Hanna incrédula como se eu fosse pegar leve com ele.

Não tínhamos tempo de ir até a nossa tenda e fomos até a pequena tenda dos campeões, por sorte o Lorde Rafael não estava ali, por azar meu pai tinha vindo ao meu encontro.

- Você está machucada? Deixe-me ver isso aí! – disse-me olhando minhas costas.

- Não é nada demais! – tratei de cobrir meu machucado – Deixe-me em paz!

- Não deixarei que lute desta maneira! – ele estava prestes a anunciar minha desistência.

- Faça isso e nunca te perdoarei! – gritei, ele apenas me olhou e saiu sem dizer nada.

Minha irmã esperou ele sair para constatar a evolução do meu machucado.

- Isso está horrível, não dá mais para você! Sério, não tem como colocar a armadura de volta. – a sua cara era de pena, ela sabia o que aquilo significava para mim.

- Hanna enfaixe! – ordenei.

- Não tem como! Terei que tirar a parte de cima do seu vestido para fazer isso. – esbravejou Hanna.

- Então faça!

Hanna pegou uma faca e começou a cortar parte do vestido e enfaixou cuidadosamente, a faixa percorria meu braço desde o meu cotovelo, subia pelo meu ombro descia pelo meu pescoço e passava pelo meu seio esquerdo, para disfarçar ela costurou o vestido no meu ombro cobrindo o meu seio. Tocaram os tamborins anunciando a última luta, peguei outra espada de treino e deixei o escudo para trás, tinha dificuldades para erguer o meu braço esquerdo. Quando saí da tenda sem minha armadura, o público ficou perplexo, as perguntas eram se eu lutaria apenas de vestido, meu pai conversava com o Duque Nelson que veio até mim.

- Lady você já lutou o suficiente por hoje, foi um dos melhores competidores certamente poderia ter vencido esse torneio, mas você já está no seu limite. Saber reconhecer a derrota também é uma virtude. – o duque tentava fazer com que desistisse do último embate.

- Duque só tem duas alternativas para que eu saia daqui ou serei conduzida com a vitória ou carregada pela derrota.

Meu pai chacoalhou a cabeça, o público começou a gritar:  "O'hara! O'hara! O'hara! O'hara! O'hara!".

O Duque Nelson olhou para o rei que deu de ombros.

- Pegue leve com a lady. – falou o Duque Nelson para o meu oponente como se eu precisasse de favores.

A contragosto o duque deu sinal para que a luta iniciasse, Lorde Rafael fez menção de largar o seu escudo, fiz sinal de negativo com a cabeça.

- Por favor de o seu máximo, não aceitarei nada menos que isso!

- Em respeito a lady darei o meu máximo. – respondeu Rafael me reconhecendo como um oponente digno.

Mesmo com toda a dor que sentia eu sorri, o combate teve início e nós dois atacamos ao mesmo tempo, defendi o seu ataque com minha espada esquerda e ele defendeu o meu ataque com o seu escudo. Lorde Rafael ia fazendo a sua dança, sua guarda sempre bem fechada não permitia que meus golpes o acertassem, sempre encontravam o seu escudo no caminho, quanto mais o tempo passava meu desgaste aumentava. Só havia um jeito de conseguir a vitória, usar o meu kata, aquele que o meu primeiro mestre havia me ensinado, consentia em cinco golpes que usavam toda a força do meu corpo, seria meus últimos movimentos, minha aposta final. Estiquei a minha espada a frente depois voltei ela para trás em cima da minha cabeça, inclinei o meu corpo um pouco para trás em seguida ergui meu braço esquerdo até minha cintura. Lorde Rafael ficou sem saber o que fazer, silenciei minha mente, não ouvia nada além da sua respiração, dos pequenos barulhos que ele fazia quando se movia em sua dança, ele resolveu me atacar ainda meio em dúvida, quando ele entrou no raio da minha espada disparei o primeiro movimento, ele rapidamente puxou o seu escudo e as minhas duas espadas o acertaram com toda minha força, ele desequilibrou-se com o golpe, meu segundo golpe foi um giro em sentido horário completo e a minha espada esquerda acertou o seu escudo abrindo caminho para a espada direita que acertou-lhe o seu ombro, ele tentou um recuo sem sucesso, e agora o terceiro golpe um pulo seguido de uma estocada, ele conseguiu desviar, porém ficou muito perto e num rápido improviso chutei as suas pernas acertando ainda com minha espada esquerda foi o suficiente para derrubá-lo, não precisei dar o último, já que meu oponente se rendeu. Os gritos tomaram conta novamente da plateia que me aplaudia de pé e delirava com a minha vitória.

Estendi minha mão para ajudar o Lorde Rafael levantar-se.

- Obrigada por ter dado o seu máximo, foi uma bela luta! – comemorei.

Ele tirou o seu elmo e levantou vagarosamente.

- Não tem do que! Obrigado pela surra! – ele deu um sorriso e um escudeiro veio ajudá-lo, Hanna também correu e me abraçou.

- Apenas não me solte! Se não eu caio. – enquanto algumas lágrimas tentavam saltar dos meus olhos, mas não conseguiram.

- Sua tonta. – foram as únicas palavras de Hanna.

Eu comecei a rir, mas isso apenas piorou a dor que sentia.

O rei foi até o palanque para fazer a entrega do meu prêmio, cinquenta moedas de ouro e uma coroa de flores, que parecia ter sido feito um pouco antes da final, já que haviam duas prontas para serem entregues: uma feita com flores silvestres douradas e a outra que me foi entregue feito de rosas vermelhas. Finalmente sentiria o doce sabor da vingança.

- Parabéns pela vitória, a Lady nos surpreende a cada ano, devo dizer que estava receoso com o seu bem-estar.

- Estou bem vossa majestade, muito obrigada.

- Agora a pergunta que todos querem saber! Para quem a Lady O'hara dará a coroa de flores? – brincou o Rei Eduardo

Era costume do campeão entregar a coroa de flores para quem ele estivesse cortejando, sendo o sonho de muitas mulheres receberem a coroa.

- Posso entregar para uma lady? – perguntei em voz alta.

O rei fez um ar de surpresa.

- A coroa é sua entregue para quem quiser!

Fui caminhando lentamente até onde se encontravam os nobres, parei perto das damas de companhia da princesa e gritei o mais alto que consegui.

- Por favor minha lady aceite essa coroa, são meus mais sinceros votos. – e dei a coroa para o Lorde Ryuu fazendo risadas ecoarem por toda a arena.

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora