Problemas Inesperados - Nathalia - Parte III

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Escutei o doce som de uma flauta que tocava uma música muito triste, que mergulhava até o fundo da minha alma, fui caminhando em sua direção e lá estava sentada na grama a Priscila e encostado numa árvore um jovem tocava aquela linda melodia. Tratava-se do jovem que a Priscila não desgrudava mais nos últimos dias, seria esse o seu noivo? Priscila me viu e me chamou para que fosse até o seu lado, enquanto o jovem parecia nem se dar conta que envolta de si mais garotas vinham apreciar a linda melodia. Tocada pela aquela música uma lágrima desceu dos meus olhos não sabia se estava chorando por causa dela ou se era por desespero, afinal o que seria de mim agora?

- Adoro essa música. – disse-me Priscila.

- Quem é esse? – perguntei curiosa.

- É o meu irmão! – respondeu Priscila

- Você tem um irmão? – a indaguei, conhecia ela por muito tempo e sabia que o único irmão que teve morreu ainda quando criança.

- Agora sim. – respondeu sorrindo.

- Sério? Eu não sabia! – fiz-me de desentendida, afial poderia se tratar de uma adoção ou coisa do tipo e não cabia a mim levantar tal questão – Você nunca me falou nada.

- Nem eu sabia, é uma longa história.

A melodia terminou e o jovem abriu os olhos, seu cabelo estava preso e desajeitado, havia muitos fios soltos a frente, e uma barba por fazer que lhe dava um ar desajeitado, mesmo assim era bonito.

- Irmão podia repetir a música? – pediu Priscila.

- De novo? – ele franziu as sobrancelhas.

Depois deu um sorriso e começou a tocar a melodia novamente, enquanto tocava o vento parecia o circular como fosse um daqueles seres encantados que vivem nas grandes florestas que a Priscila tanto falava. Algo começou a mexer dentro de mim e eu não sabia o que era. Todos em volta pareciam que haviam sido encantados pela aquela criatura, até que a melodia terminou, algumas palmas saíram da plateia e ao pouco as pessoas foram dispersando.

- Venha aqui Ryuu chega de se exibir! – o chamou Priscila – Esta é a minha melhor amiga, seu nome é Nathalia.

- Prazer em conhecê-la my la-lady. – falou de forma desajeitada.

- Agora ela te dará a mão e você deve dar um pequeno beijo na mão dela! Faça como te ensinei.

- Certo.

Dei minha mão e ele beijou suavemente como se tivesse tocando a sua flauta.

- Encantada. – respondi.

- A Lady Nathalia é filha de um importante lorde aqui do reino, seu pai é o Marques do Rio Cristalino.

- Ele parece não ter a mínima noção do que isso signifique. – brinquei.

- Sim, meu irmão viveu a vida inteira em Nagamoto por isso ele não conhece nada daqui nem nossos costumes. – peço que o perdoe.

- Nagamoto? – já tinha ouvida falar daquela ilha, terras habitadas por ferozes guerreiros os quais os monges sempre estavam a mencionar em seus manuscritos – Incrível!

Fiz menção de fazer perguntas, mas pela cara da Priscila não deveria faze-las. Mesmo assim minha curiosidade ficou aguçada. Queria saber de onde que ele tinha surgido, afinal de contas o que estava acontecendo? Um irmão não caí do céu, e podia notar que os dois possuíam alguns traços parecidos, logo deviam ser meios-irmãos, mesmo assim tive que me conter, passei o resto da tarde com eles.

Cada dia que se passava sempre que possível dava escapava para me juntar a eles. Priscila estava evitando a princesa e a Suelen para ter tempo de ensinar mais coisas ao seu irmão sobre a corte. Certo dia ela pediu para que eu ficasse um pouco com ele, enquanto ela tinha que resolver um problema, queria perguntar mais sobre ele, mas estava sem jeito, não sabia como começar, acho que ele notou e tomou a iniciativa.

- Que livro é esse em suas mãos?

- Chamasse O Príncipe e a Plebeia, quer lê-lo? Eu posso empresta-lo a você.

- Não obrigado. – respondeu.

Fiquei sem jeito pela sua recusa.

- Que idiota eu né? O que poderia querer um homem com um romance. – dei uma risada sem jeito.

- Não é isso, é que eu não sei ler o seu idioma. – suas palavras pareciam sinceras.

Coloquei a mão sobre a boca devia ter o deixado sem jeito.

- Desculpe-me não tinha ideia.

- Meu pai falou que contratará um professor, por enquanto minha irmã está me ajudando. Sobre o que fala a história?

- A história fala de uma jovem que se apaixonou pelo príncipe do seu reino, mas é um amor platônico já que ele nem sabe da sua existência, o amor acaba a enlouquecendo e no final ela se suicida. Somente depois disso que o príncipe fica sabendo dela, então ele manda a enterrar no castelo e pede para que seja construída uma escultura sua na frente do seu tumulo, para que ela sempre possa olhá-lo. No final ele pede para que depois que ele morra seja enterrado no mesmo lugar para que possam finalmente se conhecerem no mundo dos mortos.

- É uma história bonita, mas parece ser triste.

- Igual a sua música! Poderia tocá-la para mim?

- Você a acha triste?

- Sim, mesmo assim gostaria muito de ouvi-la novamente.

Ele tocou várias canções todas apertavam meu coração, mais uma vez ele parecia em transe até que o encanto acabou, e fui surpreendida pelo meu tio e pelo meu primo, ambos fizeram uma carranca até que eu o apresentei.

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora