O dia da Princesa - Suelen - Parte II

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Por tudo que parecia ela tinha tomado como desaforo suas palavras naquele trágico dia, o seu feudo era conhecido como o braço armado de Falcon, todos os feudos possuíam exércitos próprios, e o das Rosas de longe o maior deles, o seu presente uma espada ornamentada com ouro, prata, aço e alguns rubis vermelhos, mais que uma espada era uma joia. Por último fechando a entrada dos cinco Grandes Lordes entrou o Duque dos Portos, o meu suserano, sendo que meu pai tentou me casar com um dos seus filhos e só faltou cuspirem em nossa cara. Agora já deveria ser o duque mais rico de todos, as principais rotas e as maiores companhias de comércio ficavam localizados em seus domínios, o resultado fez com que o Marques dos Portos acendesse ao status de duque, um homem magro, ríspido e que sempre trajava armaduras para reforçar sua imagem frágil, seus filhos traziam um baú que por sinal parecia bem pesado já que eles o carregavam com uma cara de sofrimento, ao chegar perto da princesa se ajoelharam e o Duque dos Portos disse:

- Princesa sei que por mais que não necessite de dote, pois, não há ouro que se compare a sua beleza, trago esse presente para reforçar o seu futuro.

Seus três filhos abrirão o baú que estava coberto de moedas de ouro, o dinheiro retirado do meu povo através dos seus altos impostos. Após isso começaram a entrar os marqueses um a um, até que chegou o mais esperado de todos, Lorde Rafael, ainda não tinha sido consagrado marques, mas já gozava deste título, estava com uma armadura negra típica de cavaleiro, com detalhes dourados, a sua capa negra vinha bordada um enorme escorpião dourado. A ideia inicial da princesa era combinar as cores do seu vestido com as cores do Lorde Rafael e deu certo que de imediato as pessoas perceberam claramente que aquilo não devia ter acontecido ao acaso. A princesa desejava fazer o anúncio do seu noivado nesta noite, porém seu pai decidiu deixar para fazer depois do festival, para não ofender o Príncipe Cassius que de última hora resolveu comparecer ao evento. A princesa não conseguia segurar sua felicidade ao ver o Lorde Rafael entrar no salão, o Príncipe Henrique cochichou algo no seu ouvido devia estar pedindo que se contivesse o que ela respondeu com um pequeno tapa como se não tivesse gostado do que ouviu.

- Minha princesa peço que aceite meu humilde presente, sei que não possuo nada a altura de vossa beleza, mesmo assim tento lhe agradar entregando o coração de minha casa. – ajoelhou e ofereceu o presente a princesa.

A princesa instintivamente ficou de pé, até agora ela não tinha se levantado em momento nenhum e aquilo chamou a atenção dos convidados, pude ver a rainha morder o beiço. Nas mãos de Rafael tinha uma pequena caixa vermelha, a filha do intendente fez sinal de pegar, porém desistiu ao ver que a princesa queria o fazer pessoalmente.

- Posso abrir? – perguntou quebrando todos os protocolos que imagináveis.

- Sim. – respondeu o seu amado envergonhado.

Dentro um colar de rubi no formato de coração, dentro da joia havia um escorpião dourado como houvesse sido cristalizado dentro da pedra, um efeito magnífico, fiquei imaginando se teria sido algo feito pela natureza ou pelo homem, não tinha como ter certeza da autoria.

- Que joia é aquela? Nunca vi nada parecido! – aproximei-me da Nathalia para cochichar, afinal era uma joia deslumbrante.

- É o coração da sua casa uma joia muito antiga, dizem que foi dada a eles há muito tempo pelo Rei de Pedra Vermelha. – respondeu-me minha amiga.

Nathalia estava linda, seus lindos cabelos loiros e seus olhos verdes tinham combinados perfeitamente com aquele vestido, mesmo assim seu olhar era triste, ela devia estar a sofrer com a ideia de ter que deixar a corte, fiquei assustada em saber que ao termino do festival ela partiria junto com o seu noivo para se casar. Queria presenciar o seu casamento, mas parece que sua família desejava uma festa reservada, só de pensar que perderia uma das minhas amigas sentia um nó na garganta.

A princesa retirou o colar que estava usando, o Príncipe Henrique aproximou-se para colocar o novo, ela fez sinal de não com a cabeça e apontou para que Lorde Rafael colocasse o colar, todos ficaram perplexos, menos eu que conhecia a princesa como a palma de minha mão. Rafael obedeceu, pegou o colar e colocou em seu pescoço, alguns comentários começaram a surgir por todos os lados, a princesa abriu um sorriso, Rafael voltou para seu lugar a frente dela. Rapidamente os comentários se calaram, pois todos queriam ouvir sua fala.

- É o presente mais lindo que já recebi, muito obrigada, seu coração sempre estará junto ao meu.

Se aquilo não foi um gracejo, não sei o que foi, a própria princesa havia quebrado a regra número um das ladies, dei uma risada e até mesmo a Nathalia sorriu, em seguida continuou a entrada de outros nobres, até que por último veio o próprio Rei Eduardo acompanhado do Príncipe Cassius o herdeiro de Lorena, um jovem magro, de altura mediana, cabelos encaracolados, um partidão diga-se de passagem, haviam me falado que ele era feio como um filhote de rato, o que era mentira, se não soubesse que era filho de reis diria que era filho dos deuses, a princesa assim como Nathalia tinha muita sorte por ter tantos pretendentes, ainda por cima lindos. Trajava um gibão azul e no centro bordado a ouro o rosto da deusa Lorena, no sinto ainda uma espada que mais parecia uma joia do que outra coisa, aproximou-se da princesa.

- Permita-me vossa majestade prestar-me minhas homenagens. – dirigiu sua palavra ao rei.

- Pois não Príncipe. – o Rei Eduardo deu a vez para que assim o fizesse.

- Chegou em meu reino a notícia que o Rei Eduardo cultivava aqui em suas terras as mais lindas mulheres do mundo, posso dizer que as mulheres da minha corte não receberam digamos com muito entusiasmo está notícia. – ele fez uma pequena pausa como um hábil orador que aguarda o delírio do público e não demorou para que risadas ecoassem pelo salão.

- Então entendi o porquê de tantas disputas entre nossos reinos, certamente devíamos estar brigando por essas lindas mulheres, afinal de contas são as únicas disputas que possuem algum sentido. – o público parecia anestesiado com a sua simpatia, porém logo ele deu uma guinada brusca em seu discurso - A notícia mais perturbadora que recebi foi que a própria princesa era a mais linda de todas, senti que precisava testemunhar dessa beleza e aqui estou, digo de passagem que os boatos não condizem com a verdade!

Agora não vieram risadas e sim encaradas sérias, afinal aquilo tinha soado como um escarnio, e aquele homem era visto como inimigo por quase todos que ali estavam, mesmo assim ele continuou com sua fala.

- Afinal não se trata da mais linda princesa somente da atualidade e sim de todos os tempos. Agora vejo que até mesmo as deusas invejam a sua beleza. – as caras ríspidas se dispersaram novamente os sorrisos vieram à tona - Quem me dera que o Rei Eduardo me concedesse a sua benção.

Aproximou-se da princesa e ajoelhou-se a frente dela.

- Minha rainha. – disse o príncipe estrangeiro.

Iniciou-se novamente um burburinho, afinal ninguém estava entendendo nada, parecia que o príncipe estava pedindo a princesa em casamento na frente de toda a corte. Ainda se ajoelhando o que era tido como uma submissão. As famílias reais não faziam isso uma para outra. Muito menos o príncipe herdeiro de Lorena, o único reino capaz de rivalizar com Falcon. A princesa levantou-se novamente e fez-se um silêncio no salão, todos queriam ouvir a sua resposta.

- Levante-se príncipe tonto! – ordenou.

Gargalhadas jorraram por todo o salão, afinal conheciam a personalidade forte da princesa, ela repetiu outra vez e ele levantou-se lentamente, novamente as pessoas ficaram em silêncio para ouvi-lo.

- Pena que não és tão bela com as palavras. – falou Cassius, enquanto retirava o pó dos seus joelhos.

Novamente gargalhadas soaram pelo salão, até o Príncipe Henrique segurava as suas risadas que mesmo assim saiam e a princesa havia avermelhado de raiva, nesse momento o Rei Eduardo interveio, quando ergueu a mão todos ficaram em silêncio.

- Bom, acho melhor pararmos por aqui antes que minha filha inicie outra guerra. – falou seu pai, puxando as atenções para si.

Outra vez gargalhadas soaram pelo salão e desta vez demoraram a parar.

- Brincadeiras à parte, hoje recebo aqui o Príncipe Cassius que veio reforçar os votos de paz feito pelo seu pai anos atrás. Fico feliz em saber que as novas gerações poderão viver em paz e que as antigas mazelas do passado ficaram onde devem ficar, no passado! Hoje brindo a paz e com esse brinde abro as comemorações de nosso festival!

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora