Duelo de Heróis - Lorde Rafael - Parte II

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Fui ao quarto do Príncipe Henrique, quem sabe ele tivesse achado alguma maneira de impedir que esse combate acontecesse. Entrei e ele estava na varanda do seu quarto ao me ver deu grito.

- Irmão! Sabe que te considero como um irmão! – pelo seu hálito devia estar bêbado.

- Você está bêbado essas horas?

- Existe hora para beber? Como posso ficar sóbrio! Sabendo que a Nathalia vai se casar? Diga-me? Tudo culpa desse maldito casamento que meu pai me arrumou! Com essa tal de Tícia! Raios partam essa maldita! Por causa dela perderei a Nathalia!

O príncipe no seu acesso arremessou a taça que segurava na parede, estava transtornado.

- Conseguiu algum modo de parar esse duelo?

- Não! Mas quero participar desse duelo também! Lutaremos todos pelo direito a mão de Nathalia! - delirou Henrique.

- Sabes que não teria nenhuma chance?

- Nesse caso eu morrerei! Morro de amor! Só que antes eu mato os dois!

- Mata eles como? De dar risada? – comecei a rir de sua fala.

- Qual é? – seu olhar mudou um pouco – Você está contra mim?

- Só queria saber se resta um pouco de juízo nesta sua cabeça! – foi quando escutemos algumas batidas delicas sobre a sua porta.

Henrique gritou para que entrasse e a porta se abriu vagarosamente, atrás dela estava uma garota jovem que se chamava Judite.

- Com licença príncipe, vim ver se estás precisando de alguma coisa. – seu olhar dizia tudo.

Judite era filha do intendente do rei, as suas atribuições haviam mudado ultimamente, tinha começado a cuidar dos serviços internos do castelo, na verdade andava cuidando pessoalmente do Henrique, ela era mais uma das garotas que Henrique estavam tendo um caso com ele, o intende sabia, mas fazia vista grossa esperando lucrar de alguma forma com o romance.

- Até depois.

Sai e deixei os dois, mal fechei a porta e Henrique já pulava sobre ela como um predador faminto. Fui para o meu quarto e deitei na minha cama tentando me acalmar um pouco, já não tinha conseguido dormir à noite passada, tentava agora tirar um cochilo quando escutei passos no meu quarto, levantei-me e tomei um susto, estava ela parada me observando.

- Princesa?

Ela deu um leve passo para trás e um sorriso.

- Não queria interromper a sua cesta. – disse contornando minha cama.

- Minha lady não pode entrar aqui, imagine se formos vistos!

- Isso pouco me importa, a minha presença te aborrece? – deu de ombros.

- Não é isso princesa, tudo isso com a Nathalia começou porque eles foram vistos... – ela interrompeu minha fala.

- Chega! Não quero saber da Nathalia, está todo mundo falando dela! Não quero que até você fique falando dela!

- Pensei que fossem amigas! – ponderei.

Seu rosto ficou vermelho, conhecia os seus olhares sempre que algo não saia como de acordo com os seus desejos não conseguia esconder seu aborrecimento e decepção.

- Sim, é minha amiga! E estou triste por ela! Só que mesmo no meio desse turbilhão não paro de pensar porque você está tão frio comigo! Desde que meu pai lhe deu a notícia, você se afastou de mim, já se passaram dias! Enquanto eu irradio felicidade, você parece não se importar, como se tivesse apenas cumprindo a sua obrigação. É isto? Estas casando comigo por obrigação?

O fato que sempre tinha a visto como minha irmã, afinal crescemos juntos e agora estava sendo obrigado a casar com ela. O ar pesado pairou sobre o ambiente e eu não sabia o que dizer para ela. Por outro lado, o seu egoísmo me irritava, não acreditava que ela tivesse vindo aqui arriscando nós dois apenas para tirar uma história a limpo.

- O seu egoísmo me incomoda muito. – minhas palavras foram como um tapa em sua cara.

Lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos, apesar de tudo não queria fazê-la sofrer, o que eu deveria fazer? Jogar tudo para cima? Dizer não aquele casamento? Estava tudo em minhas mãos! Foi a minha inercia que me fez perder a Nathalia, se tivesse tido atitude as coisas poderiam ter sido diferentes.

- Não se preocupe! Falarei para meu pai que não quero mais me casar com você! Assim, ele terminará nosso compromisso! – ela se virou para mim.

- Ei espere! – segurei o seu braço – Eu não disse isso.

Ela se virou para mim e ficou parada feito uma estátua, então a beijei e por um breve momento vi a imagem da Nathalia sendo deixada para trás. Finalmente tinha resolvido me jogar de cabeça naquilo que havia sido me destinado, talvez desse certo, talvez encontrasse a minha felicidade junto a Luiza. Ela ficou em choque depois que o beijo terminou.

- O que foi isso? – disse com uma mão sobre os seus lábios.

- Um beijo. – sorri.

- Você briga comigo e depois me beija? – falou Luiza com um olhar debochado.

- Esse é o meu jeito, acho que terá que se acostumar com ele ou podes pedir para seu pai terminar com nosso compromisso.

Ela levantou um pouco a mão sobre o rosto enxugando às lágrimas que corriam pelo seu rosto.

- Acho que ficarei mal-acostumada! – em seguida sua expressão mudou e ficou séria – Sabes que te amo? Que sempre te amei?

Abracei-a, queria poder ter retribuído as suas palavras, nãopude, não queria mentir para ela, mesmo assim senti que algo havia começado amudar com aquele beijo, pela primeira vez comecei a vê-la como mulher. Ela saiudiscretamente do meu quarto, suas visitas ao seu irmão eram normais por issoestavam acostumados com sua presença em nossa ala. Recolhi-me mais cedo nestedia.    

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora