Um estranho na família - Priscila - Parte II

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A muramasa de sangue -  a  escrita sobe a lamina só aparece quando empunhada, dizem que a espada é amaldiçoada

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A muramasa de sangue -  a  escrita sobe a lamina só aparece quando empunhada, dizem que a espada é amaldiçoada.

- Seu pai queria que o seu próprio irmão te matasse? – o duque se levantou e serviu um pouco de vinho, parecia que aquela história estava difícil de ser engolida e um bom vinho de Quimera sempre ajudava, em seguida serviu outro cálice e o entregou para o jovem que fez apenas uma negativa com a cabeça, diante da negativa entregou o cálice para mim.

- Sim, desta maneira meu irmão tornaria seu herdeiro. – respondeu e pareceu surpreso ao ver que eu havia aceitado o cálice.

- E você matou o seu irmão? – agora meu pai parecia mais calmo, mesmo assim tentava conduzir a conversa, enquanto, o seu convidado o ignorou e continuo a contar a história do seu jeito.

- Minha mãe descobriu os seus planos e enviou-me uma carta, dizendo para que fugisse e viesse até as suas terras, e que o procurasse.

- Quer dizer que sua mãe estás viva! – novamente meu velho havia sido tomado pela empolgação – Eu pensava que ela estivesse morta! Eu juro pelos deuses! Nunca soube que ela tivesse sobrevivido o ataque a Talos.

- Lamento, mas ela está morta. ­– a fala arrancou toda esperança de meu pai e pela primeira vez na vida vi uma lágrima brotar nos olhos daquele homem que sempre parecia mais duro que ferro, ele enxugou a lágrima envergonhado, virou para o fogo para que ninguém visse o seu rosto e voltou a coçar a sua barba.

- Como ela morreu? – quis saber.

- Oda Daigo a matou.

Novamente ele tentava esconder outra lágrima que brotava em seus olhos.

- Como isso aconteceu?

- Um dos seus samurais interceptou uma das cartas que ela tinha escrito, depois disso ele a decapitou por traição. Somente fiquei sabendo da morte de minha mãe em Talos, então eu retornei para Nagamoto e enquanto fazia as homenagens para ela, nesse momento meu irmão me encontrou e me desafiou para um duelo. Lutamos no mesmo local onde minha mãe foi morta, lá derrotei meu irmão, diante dos olhos de Oda Daigo, em seguida o desafiei e ele aceitou, depois de derrotá-lo, Oda Daigo não resistiu a vergonha e se matou. – disse Ryuu sem demonstrar qualquer tipo de emoção.

- Como isso é possível? – meu pai parecia incrédulo –    Que provas tem que Oda Daigo está morto? Ainda que provas possui que o derrotou? Já que ele era conhecido como um dos maiores guerreiros de Nagamoto! – os seus questionamentos faziam sentido, pois o nome de Daigo havia ganhado fama até no ocidente.

O jovem levantou-se e retirou do meio de um cobertor imundo uma espada estranha, a sua lâmina era negra, possuía alguns detalhes sombrios e uma escrita estranha sobre ela.

- Aqui está a Muramasa de Oda Daigo.

Meu pai ficou a observando, pegou a espada em suas mão e pediu para que eu chamasse o monge que estava a seu serviço. O monge estava dormindo e foi preciso acorda-lo, costumava o homem a ir dormir no mesmo horário que as galinhas, demorou alguns minutos para chegar a sala, logo que entrou meu pai levou a espada em sua direção para que ele verificasse a sua autenticidade.

- É a lendária Muramasa de Sangue, – bastou um olhar para que o monge confirmasse a procedência da espada – a espada que Oda Daigo manejava, uma arma coberta de trevas e sangue! Essa espada foi parar na mão dos Oda depois que eles massacraram o Clã Takeda, essa espada é amaldiçoada, amaldiçoada! Recuso-me a toca-la.

Meu pai a embainhou com todo cuidado e devolveu para Ryuu, que a guardou junto com outra espada, essa parecia bem mais grossa, tinha um cabo negro e na parte que dividia a lâmina a cabeça de um dragão, o velho monge logo se interessou por ela.

- E essa outra relíquia que traz aí meu jovem, por acaso é uma dragonsword? – o monge notou nossa duvida sobre que tipo de espada seria aquela e logo esclareceu nossa duvida – Drangonsword são espadas forjadas com o corpo e a alma de dragões, armas magnificas como letais, bem letais!

- Sim, essa é a espada do Dragão do Vento, foi me dada pelo mestre do templo onde fui criado. – Ryuu a ofereceu para que ele a pegasse, mas o velho monge também não aceitou.

- Eu não sou digno de pegá-la, está espada só pode ser manuseada pelo seu mestre.

- E agora o que pretendes fazer garoto? – a história havia terminado e meu pai parecia curioso com o destino do jovem esfarrapado, talvez o fato de ser filho de Helena criasse uma ligação entre os dois.

- Não sei, – o jovem fez uma pausa em sua fala, de certo a sua única preocupação nos últimos tempos tinha sido cumprir a promessa que fez a mãe, mesmo assim continuou – vagarei por este mundo a procura de respostas.

- Todo monge deve realizar a sua caminhada, até mesmo os monges samurais. – completou o velho monge o reconhecendo como um igual.

- Antes devo entregar as cartas que minha mãe escreveu para o senhor. – disse Ryuu.

- Ela escreveu para mim? – mais uma vez a cara de choro.

- Antes da minha primeira partida para Nagamoto ela me deu estas cartas e pediu para que lhe as entregasse.

O jovem retirou uma pequena caixa e a entregou para meu pai, havia muitas cartas ali dentro e de imediato ele reconheceu a sua caligrafia.

- É a caligrafia de Helena! Não acredito! É dela mesmo! Tenho certeza! Você leu estas cartas?

- Não, de forma alguma desonraria minha mãe e mesmo se quisesse não conseguiria, pois não compreendo a escrita de vocês.

- Mestre, a escrita no oriente é diferente da utilizada aqui e algumas ordens não ensinam a vossa escrita. Apesar do idioma ser basicamente o mesmo, a forma da escrita muito se difere. – falou o monge abrindo a boca de sono e pedindo licença para se retirar do recinto.

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora