O dia da Princesa - Suelen - Parte IV

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O Príncipe Cassius permaneceu ali no salão e depois de um tempo se juntou a nós, ele tinha um carisma impressionante, até conversava normalmente com todos, nem parecia aquele sujeito a qual todos olhavam com raiva.

- Então Henrique fiquei sabendo que participará das lutas amanhas. – sem esforço o Príncipe Cassius começou a dominar os diálogos.

- Sim, pela primeira vez meu pai permitiu que participasse e você não quer tentar? – a fala de Henrique foi convidativa sem intenção de ofende-lo.

- Não, como pode observar os deuses não me deram os dons para a batalha. – brincou Cassius ao perceber o cuidado no tom de voz de Henrique ao lhe dirigir as palavras.

- Não sente vergonhas de dizer isso príncipe? – já Luiza aproveito para o espezinhar.

- De jeito nenhum, cada homem deve reconhecer o que lhe foi dado e ser grato, devendo utilizar os seus dons da melhor forma possível. – Cassius sabia sair com perfeição das armadilhas que lhe eram impostas.

- E quais os seus dons? Além de falar bobagens? – provocou Luiza.

Ele parou por um momento e parecia ter ficado a pensar em alguma qualidade sua.

- O meu dom com certeza é o da astucia.

- E para que isso serve? – perguntou a Princesa Luiza em tom de zombaria.

- Luiza pare de provocar. – a advertiu o Príncipe Henrique.

- Não tem problema Henrique, – o Príncipe Cassius coçou a sua barbicha – já estou acostumado com o escarnio, principalmente o do meu pai. Darei um exemplo simples para a princesa entender, pense em dois predadores, o leão e a raposa, o leão precisar rugir a todo momento para mostrar seu poder, enquanto raposa pode permanecer quieta em seu canto, ela é pequena, mesmo assim astuta, ninguém espera nada de uma raposa, mesmo assim existem mais raposas que leões. – ele levou seu olhar para a princesa.

- Eu chamaria isso de covardia. – refutou os seus argumentos a princesa.

Henrique quase se afogou, enquanto bebia o seu vinho e fez menção de repreender sua irmã, mas o Príncipe Cassius não permitiu.

- Se achas que sou covardes, não vejo mal algum, mas qual covarde que vem ao reino de seus antigos inimigos, com apenas meia dúzia de homens. – era verdade o Príncipe Cassius foi de longe um dos que chegou com a menor comitiva a Falcon, o próprio embaixador de Lorena parecia não saber de sua presença, quando soube correu o recebe-lo – Parece loucura? Não é? Porém, fiz isso para demonstrar que confio em vosso pai. Além disso minha inteligência me permite ver outras coisas. Como que o colar que usas foi dado pelo jovem cavaleiro ao seu lado e que as suas cores não se combinaram por acaso. E ainda que se eu desafiasse ele para um duelo pela sua mão eu perderia em dois lances de espada.

Mais uma vez ele conseguiu arrancar gargalhadas da mesa até a princesa deu um sorriso.

- É isso mesmo Príncipe Cassius, eu e Lorde Felipe estamos prometidos. – ela pegou na mão do Lorde Rafael que pareceu sem jeito.

- Meus parabéns! – disse o Príncipe Cassius levantando sua taça.

- Faríamos o anúncio essa noite, mas meu pai achou que poderia ofendê-lo por ter recusado o seu pedido. – agora foi Henrique que falará.

- Não me ofenderiam, como disse, estou aqui para reforçar nosso tratado de paz e não para fazer pedidos de casamento. Porém, como podes ver uma raposa consegue ser traiçoeira e atingir dois objetivos ao mesmo tempo. – mais uma vez soaram risadas na mesa e Priscila emburrou.

- Fico feliz em saber que não ficou ofendido pela recusa ao seu pedido de casamento. – agora foi Henrique que ergue o seu cálice e Cassius o acompanhou.

- Na verdade, senti um pouco de inveja da sensatez de vosso pai. – depois da fala Cassius tomou um bom gole de vinho.

- Não entendi. – disse Henrique.

- Assim como você eu também possuo uma irmã, que sempre foi muito amada pela minha pessoa. Fiquei muito triste quando ela se casou com o Príncipe Taurus e teve que viver longe de nós. No fundo eu entendo o seu pai, faria qualquer coisa para ter minha amada irmã perto de nós novamente. – pela primeira vez notei um tom diferente em sua voz.

- Parece ser bem ligado à sua irmã. – afirmou Nathalia.

- E sou! – o Príncipe Cassius a fitou, mesmo assim não demostrou cobiça ou qualquer coisa do tipo.

O príncipe parecia ter aberto o seu coração na frente de um monte de estranhos, algo extremamente difícil de ser feito, uma vez que os nobres preferiam sempre esconder suas emoções atrás de suas máscaras e do seu eterno complexo de superioridade, no entanto Luiza não perdoou.

- Não tens medo de revelar suas fraquezas?

- Luiza! – chamou sua atenção Henrique.

A princesa por sua vez não perdia a oportunidade de espinhar o seu mais novo desafeto, que parecia alheio as suas provocações.

- Pois bem princesa, se declarar o amor por sua irmã ou familiares for uma fraqueza, sim esta é minha maior fraqueza.

Novamente o clima ficou pesado já que a princesa se preparava para dar mais uma ferroada, quando a Nathalia sabiamente resolveu mudar o rumo da conversa.

- O Príncipe Taurus é o herdeiro de Lituania? Não é?

- Sim minha jovem, assim como também um grande guerreiro. Pelo o que dizem. – novamente levou o seu cálice a boca.

O nome não me era estranho, porém aqui ele não era muito conhecido já que assim como Lorena, Lituania também havia sido nossa inimiga no passado. Ao contrário de Lorena, nossas relações diplomáticas sempre foram as piores possíveis ao ponto de ser proibido o comércio entre Falcon e a Lituania, quem não gostava disso eram os membros das companhias de comércio que perdiam de vender seus produtos para um país vizinho.

- Acho muito nobre de vossa parte possuir tanta estima pela sua irmã. Assim como o príncipe também possuo um irmão, digo um meio irmão, ainda muito pequenino que o adoro com todo o meu coração. – Nathalia reunia todas as qualidades para ser uma diplomata e com suas palavras buscava acalmar os ímpetos.

- Agraciado o seu irmão de possuir tal amor fraternal. – sorriu Cassius.

O Príncipe Cassius então pediu para que Nathalia falasse mais sobre o pequeno Enzo e ela soube conduzir a narrativa com sabedoria e precisão, trazendo ares mais agradáveis para aquela conversa até agora tensa com direito a muitas risadas sobre as pequenas presepadas de seu irmão. Nathalia, além de bela, era muito esperta sabendo contornar a situação e diminuindo a antipatia da princesa pelo Príncipe Cassius. Quando ela terminou a narrativa o príncipe forasteiro dirigiu a sua atenção ao Lorde Ryuu.

- Quem é aquele jovem? – dirigiu o seu olhar em sua direção.

- É o Lorde Ryuu, filho do Duque Nelson um de nossos mais ilustres duques e amigo pessoal de meu pai. – responde Henrique.

- Ele possui traços diferente. – notou Cassius.

- Sua mãe era de Talos. – completou Nathalia.

- Compreendo, foi até a primeira coisa que veio a minha cabeça, pensei até que se tratava de algum representante de Talos na verdade. – Cassius além de belo era inteligente, já estava a deseja-lo uma pena ser um príncipe.

- Antes fosse. – respondeu Henrique que ainda remoía o seu atrito com ele ou talvez toda atenção que Nathalia o destinava.

- Poderia conhece-lo? – agora o Príncipe Cassius nos surpreendeu.

Henrique titubeou um pouco, no entanto Nathalia dispôs a chama-lo. Poucos segundos depois Nathalia trazia Lorde Ryuu até a mesa de honra.

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora