Um pedido de socorro - Princesa Luiza - Parte I

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- Minha filha já te disse que não pega bem! Você é uma princesa! – tentava minha mãe encerrar aquela conversa, mas eu não me daria por vencida.

- O que tem demais em ir ao casamento de uma das minhas melhores amigas?

- As condições dela não é das melhores, apesar do seu casamento com filho do Duque de Ferro, estão falando muitas histórias. – o que minha mãe queria dizer que apesar de todos os cuidados para preservar Nathalia alguns boatos se espalharam pela corte como o vento.

- Estou nem aí para as histórias! Eu vou e está acabado! – esperneei.

- Sabe de uma coisa! Faça o que quiser! Só não diga depois que não te avisei!

Saiu a rainha batendo a porta, o problema da minha mãe é que ela sempre quis mandar em tudo o que faço. Fui até a sacada e fiquei observando a paisagem, naquele dia um vento mais gelado batia. As coisas tinham mudado bastante depois do festival. Nathalia tinha partido junto com a família do seu noivo, o casamento devia ser realizado no máximo em seis meses. Na verdade, meu pai já havia feito um decreto reconhecendo a união dos dois, faltava agora a cerimônia religiosa. Normalmente as coisas ocorriam ao contrário, primeiro se fazia o casamento religioso e depois se fazia o reconhecimento real. Todos os casamentos entre os altos nobres deviam seguir esse modelo para serem válidos. Dificilmente o rei não reconhecia um casamento, claro que já houve casos, principalmente quando o casamento é com alguém de um país considerado inimigo. Por isso que o rei deve ser consultado antes de selar qualquer casamento. Quando o casamento já estava reconhecido, independentemente de ser feito o casamento religioso os efeitos dele surtiriam. Assim, a Nathalia já pertencia a família de Lord Ryuu. Logo, eu também estaria casada com o Rafael, mesmo assim, o anuncio oficial não havia sido feito. Meu pai sucumbia cada vez mais a pressão. Escutei batidas em minha porta.

- Com licença princesa. – Suelen entrará no meu quarto.

Suelen foi tudo o que me restou, já que a Priscila também havia partido junto com sua família, mesmo assim ela andava estranha ultimamente sempre poucas vezes que conversamos ou fizemos algo juntas. Acho que o fato de ter ficado solteirona estava lhe incomodando, no entanto, minha maior preocupação era a Suelen, a Priscila facilmente conseguiria um bom casamento. Soube até que o Lorde dos Portos estava a costurar uma união entre o seu herdeiro com ela, já minha pobre Suelen continuava na estaca zero, parecia que os bons partidos continuavam a ignora-la. Ela parecia notar que estava a pensar sobre o seu futuro e lançou uma pergunta.

- No que está pensando princesa?

- Diga-me Suelen com quem você quer se casar?

- Como assim?

- Não entenda como uma ofensa, estou tentando te ajudar.

A sua expressão parecia confusa. Ela pensou um pouco e deu a sua resposta.

- Com qualquer um! Desde que seja nobre e bem, bem bonito!

Ela conseguiu arrancar uma boa risada minha, como sempre fazia.

- Seja mais específica, tem algum nobre aqui que você esteja de olho. Algum que chame a sua atenção.

- Se eu te dizer você promete que não rirá?

- Prometo. – concordei curiosa.

- O Marques Otávio! – respondeu sem titubear.

Disparei uma risada não consegui cumprir a promessa que tinha acabado de fazer. Ela fez uma cara de envergonhada.

- Ele podia ser o seu pai!

- Ele não é tão velho...

- O Marques deve ter a mesma idade que o pai da Lady O'hara! – argumentei.

- Isso não importa! Ele tem um jeito que mexe comigo! Além disso, acho ele bem atraente.

Fiz uma careta para ela, de todos os nobres que perambulavam pela corte ela havia se enrabichado logo pelo marques? O Marques Otávio devia ter uns quarenta anos, não era um duque, mesmo assim configurava num dos lordes mais importantes do reino. Pensando bem essa Suelen era mais esperta do que eu imaginava. Agora conseguir ajuda-la seria difícil, não por causa de sua origem, mas porque o Lorde Otávio parecia ter desistido de se casar. Até andava com um garoto espinhento de um lado para o outro. Devia estar prestes a adota-lo.

- Certo, hoje almoçarei com meu pai. Melhor, antes do almoço tentarei falar a sós com ele.

- Acha que o rei interferirá a meu favor?

- Ele já interviu no caso da Nathalia, talvez ele possa lhe ajudar também.

- Obrigada! – Suelen correu e me deu um abraço apertado, não se tratava de uma conduta normal entre os nobres, mesmo assim, gostava do seu tratamento caloroso. Além de tudo ela era transparente, não me escondia nada, das minhas amigas sempre foi a mais sincera.

Acabamos fincando conversando mais um pouco e antes do almoço como prometido desci até a sala dos lordes. Papai estava lá, agora sem o seu fiel amigo, já que o Lorde Nelson também havia regressado para cuidar dos preparativos do casamento de seu filho. Junto ao meu pai estava apenas o Visconde de Lima, os dois pareciam despreocupados e descontraídos.

- Com licença! – pedi adentrando ao recinto.

Meu pai mudou um pouco a sua expressão, ultimamente eu estava pressionando bastante para que fizesse o anúncio oficial de meu casamento.

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora