A força de uma amazona - Lady O'hara - Parte I

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- Irmã acorde! Acorde! – abri os olhos e diante de mim estava Hana me cutucando.

- O que foi? – o que foi perguntei com o típico azedume de quem é acordada de maneira brusca.

- Vai acabar se atrasando! – disse Hanna ao notar minha moleza – O dia já raiou a horas!

Pulei da cama, corri até a janela a procura do sol, já devia estar próximo da metade do dia.

- Por que não me acordou antes? – ralhei com ela.

- Porque nosso pai pediu para que não a acordasse para que pudesse descansar. – ela fez uma cara apreensiva.

- Acabei perdendo a hora, tivemos que ficar até tarde ontem naquele baile chato. – sim, nunca gostei de bailes e o em homenagem a princesa me dava ânsias. Para piorar tinha o tal do Lorde Ryuu, sujeitinho metido que ousavas em me desafiar a todo momento.

- Vou pedir para trazer o seu desjejum.

- Não precisa, – lembrei-me que não estava em casa – melhor pode pedir para trazer.

Por alguns segundos achei que estava no Castelo das Rosas e iria até a cozinha onde sempre faço meu desjejum, passou pouco tempo e o meu desjejum estava no quarto, queijos, frutas, carnes, pães, sucos, um verdadeiro banquete, comi rapidamente. Depois Hanna ajudou-me a colocar o vestido e a minha armadura que vinha por cima, hoje seriam os combates corpo a corpo, usaria uma armadura leve, o problema que o vestido impunha um peso extra, seria mais fácil lutar de calças! Não! Nem pensar, essa sou eu! Devo mostrar a eles que sou uma mulher e que toda mulher pode lutar de igual para igual com qualquer homem!

- Cadê nosso pai? – perguntei.

- Já foi para a arena. – respondeu Hanna.

- Pelos deuses estamos atrasadas! ­– a última coisa que queria era ser desclassificada por deserção.

- Não se preocupe, nosso pai falou que durante a manhã aconteceria apenas os combates de qualificação e que as lutas principais seriam a tarde. – a fala de Hanna fez com que me acalmasse um pouco.

- Você está dizendo que não lutarei pela manhã?

- Aha! – confirmou Hanna que parecia estar por dentro do torneio, a sua curiosidade fazia que ficasse pentelhando todo mundo para saber sobre tudo.

- Mesmo assim vamos logo, quero assistir os combates de qualificação. – assistir as lutas dos meus possíveis rivais seria interessante, mais ainda que ficariam muito entediada se ficasse aqui esperando o momento da minha luta, ansiava por chegar a arena, queria sentir a emoção do combate, espadas se chocando contra escudos, a multidão gritando, afinal estava aqui para isso e não para participar de bailes sem graça.

Meu pai havia me forçado a aceitar minha irmã como minha escudeira, ela tinha algum talento para o combate, mesmo assim o mestre de armas pegava bastante no seu pé, já que ela costumava ficar enrolando nos treinamentos. Bracinhos finos que mal conseguiam aguentar por muito tempo escudo, olhos ligeiros, perninhas de grilo, sim, ela conseguia saltar como um, mesmo assim agia mais pelo seu ímpeto do que pela razão. Caso não mude sua personalidade não terá futuro como uma amazona, uma mulher deve saber reconhecer seus pontos fortes e principalmente suas fraquezas.

O Castelo de Ariel sempre me impressionou com o seu tamanho colossal, mesmo o Castelo das Rosas sendo grande não chegava nem a um terço deste e as enormes áreas internas que aqui haviam como compara-los, se tratava de um castelo colossal, perdemos um bom tempo até chegar na arena já que estava ficava na área externa do castelo, e tivemos que passar ainda pela Ponte Leste que ligava o castelo a Cidade do Príncipe. Ali haviam centenas de tendas, embaralhadas, um verdadeiro caos, já podia escutar os gritos do público e através destes fomos conduzidas até o local. A arena estava rodeada por enormes arquibancadas, nos lugares destinados aos nobres uma enorme cobertura branca, o restante estava sob o sol. Meu pai estava na companhia dos grandes lordes, aproximei deles e cumprimentei-os, depois sentei para assistir as lutas, a arena estava parcialmente cheia e dois cavaleiros lutavam com espadas, um no escudo tinha o símbolo de um galo, devia ser um dos filhos do Lorde das Campinas e no outro apenas um X riscado, nunca havia visto aquele emblema.

- Posso desfrutar de sua companhia Lady O'hara? – olhei para ver quem falava e era o Marques Otávio.

- Claro, Lorde. – respondi sem floreios.

Marques Otávio era um velho amigo do meu pai que segundo ele nos seus bons tempos fizeram bons combates, agora os dois já não erguiam mais as suas espadas a um bom tempo apesar das provocações do Grande Urso.

- O senhor sabe quem é aquele cavaleiro com um X no escudo? – perguntei.

- Parece que ele se apresentou essa manhã querendo competir, estão o chamando de cavaleiro sem nome, já venceu uma luta, parece ser bom. – alguns cavaleiros costumavam abdicar de seus nomes para competir sem serem reconhecidos, aquele podia ser um deles.

O cavaleiro sem nome era realmente bom, sabia usar com perfeição o escudo, amortecendo quase todos os golpes, logo em seguida contra-atacava com estocadas rápidas, em pouco tempo o outro cavaleiro estava esgotado e seus movimentos cada vez mais lentos, até que ele acertou alguns golpes com a espada cega o derrubando, o que fez o público ir ao delírio. Seu adversário foi tirado arrastado da arena. Em seguida foi anunciado a luta entre Lorde Roberte, o filho mais novo do Grande Urso e o Cavaleiro Maicon, filho do Barão de Latão.     

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora