A força de uma amazona - Lady O'hara - Parte II

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Roberte havia sido o idiota que tentou me raptar a dois anos atrás, quando participei do meu primeiro torneio, o ogro devia ter enchido a cara depois do torneio de justas e achou que adentrando a noite no meu quarto poderia me raptar, acabou com o nariz e um braço quebrado. Devia ter mais de dois metros, sendo muito forte, acordei com aquele homem no meu quarto que saltou sobre mim, primeiro quebrei o seu nariz, em seguida passei minhas pernas pelo seu braço e o quebrei, o estrago só não foi maior porque os guardas entraram no quarto e o prenderam. Seu pai pediu desculpas no outro dia e meu pai somente riu dizendo que o prejuízo tinha sido dele e depois colocaram panos quentes sobre aquele acontecimento, bem depois desse episódio lamentável os homens começaram a me respeitar mais.

A luta entre os dois foi rápida Lorde Roberte impôs o seu ritmo e em poucos golpes o jovem Maicon estava caído no chão em tiras. Amador, tentou trocar golpes francos com alguém mais forte e ainda por cima com uma técnica precária. Finalmente uma luta que me interessava, Lorde Rafael contra o Cavaleiro das Espadas, seria um bom espetáculo e um bom teste para ele. Já havia lutado contra o seu oponente, não era forte como Lorde Roberte, porém sua técnica o superava de longe, usava duas espadas e sua agilidade chamava sempre a atenção. O Lorde Rafael vestia uma armadura de couro negra, seu elmo tinha uma espécie de crina de cavalo cerrado, a armadura peitoral extremamente leve, e nas pernas usava uma calça de couro cozido também negra, uma armadura muito usada para esse tipo de combate por ser leve e ágil, os mais precavidos utilizavam cota de malha por baixo, contudo se tornava um peso a mais. Já eu gostava de usar um peitoral leve feito de ligas metálicas que encaixava perfeitamente ao meu corpo. O grande diferencial no Lorde Rafael ficava pelo seu escudo redondo, com um grande escorpião dourado desenhado no centro, na mão direita uma espada cega de treino, com a ponta coberta com uma bolota. Os dois iniciaram se estudando bastante, até que o Cavaleiro das Espadas tomou a iniciativa e começou a desferir golpes contra o seu escudo. A sua estratégia era básica, cansar seu oponente. Rafael foi recuando como se tivesse aceitando o ímpeto de seu oponente até que deu um passo à frente seguido de um desarme em seu oponente, o escudo bateu na mão do seu oponente arrancando uma de suas espadas, em movimento contínuo bateu com sua espada diretamente no elmo do Cavaleiro das Espadas o derrubando, o cavaleiro nem fez menção de se levantar e o combate havia terminado. Fui até o painel onde ficavam marcados os competidores, meu brasão aparecia do outro lado da tabela, lutaria somente mesmo depois do almoço. No combate de espadas podia participar qualquer pessoa, havia muitos competidores, devia ter mais de cem participantes inscritos neste ano, os cavaleiros que lutaram em anos anteriores iam sendo inseridos de acordo com a sua classificação. É claro que entre um nobre e um plebeu um nobre tinha sempre preferência, por isso as primeiras lutas eram sempre da plebe, os quais dificilmente algum passava da metade da manhã, eu somente entraria quando restassem apenas trintas e dois participantes, lembro-me que na primeira vez que lutei quando chegou nas últimas lutas mal conseguia levantar a espada.

- Filha como estão as lutas? – perguntou meu pai que parecia mais entretido em jogar conversa fora do que em fazer outra coisa.

- Nada demais até agora, – olhei novamente para os brasões dos guerreiro e algo me chamou a atenção, a falta de um oponente especifico. – Não vi o símbolo do Lorde Templário. Ele não competirá esse ano?

- Parece que depois de vencer três anos consecutivos, ele não dará as caras aqui esse ano. – respondeu o Marques Otávio que parecia atento a cada detalhe.

Uma pena queria tanto vencê-lo! Lamentei em meus pensamentos, atualmente seria o Cavaleiro Templário o homem a ser batido, o maior espadachim que já vi e lutei: alto, forte, ágil e habilidoso; uma combinação letal, lutei uma vez contra ele e fui derrotada de uma forma esmagadora.

Meu pai deu uma risada e bateu nas costas do Grande Urso, como se aquilo fosse uma boa sorte para ele. Grande Urso revidou o provocando, perto de nós um garoto espinhento encarava a Hanna, devia estar acompanhando o Marques Otávio.

- Tá olhando o que gorducho? – falou Hanna visivelmente irritada.

O garoto virou o rosto assustado e ficou olhando para frente, Hanna era pior que eu em relação aos garotos, sempre procurei ignorar os olhares já ela mandava logo na cara. Quase sempre isso dava encrenca e muitas vezes ela chamava os garotos para duelar, teve um pobre escudeiro que ela quebrou dois dentes dele com um golpe de espada.

- Queridas eu pedi para que o nosso intendente armasse uma barraca ampla para vocês descansarem antes dos combates, não se preocupem em perder o horário, prometo que pedirei para chamá-las na hora de sua luta.

Nosso pai estava claramente nos tocando antes que desse algum entrevero, nossa barraca estava a uns vinte metros da arena alguns guardas do meu pai tomavam conta dela, depois da tentativa de rapto, meu pai começou a adotar medidas mais drásticas para nossa proteção, ele tinha medo que tentasse raptar principalmente a Hanna, depois que comecei a participar de torneios nossa fama tinha aumentado consideravelmente. Dentro da barraca Helena dormia, acabou acordando com a nossa entrada abruta, ficou nos olhando com aquele olhar de criança perdida que acabou de acordar e não sabe onde está, no mínimo o meu pai havia a trazido dormindo para cá, depois de alguns minutos falou.

- Estou com fome.

- Segure um pouco essa barriga! Estamos perto do almoço. – respondeu Hanna que ainda parecia brava por causa do garoto espinhento.

- Pare de ser chata com a sua irmã, peça para que o nosso intendente providencie o seu desjejum. – falei.

Hanna saiu atrás do intendente meio que a contragosto, pequei Helena e dei um grande abraço que começou a reclamar.

- Aí, aí, sua armadura está me machucando.

- Ajude-me a tirá-la então. – ela adorava desamarrar os nós que prendiam minha armadura, lentamente ela foi soltando um a um.

- Pronto. – disse ao terminar sorrindo.

Retirei a armadura e senti o alívio de tirar aquele peso das minhas costas, sentei Helena na minha frente e comecei a escovar o seu lindo cabelo vermelho, minha irmã parecia uma boneca de porcelana, tinha um cabelo vermelho, e umas sardas no rosto. Hanna voltou para a barraca e ficou de cara feia ao presenciar a cena.

- O que foi? Estas com ciúmes? Quer que eu te penteie também? – fazia a mesma coisa com ela quando tinha a idade de Helena.

- Claro que não! – respondeu Hanna virando o rosto.

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora