A Cidade Santa - Duque Gregório - Parte I

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Nesse Capítulo Extra acompanhamos o Duque Gregório, um dos cinco grandes duques do Reino de Falcon, conhecido também como Duque da Serpente, o qual é requisitado pelo Alto Pontífice o homem que se diz elegido pelos deuses, mas será verdade?

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Nesse Capítulo Extra acompanhamos o Duque Gregório, um dos cinco grandes duques do Reino de Falcon, conhecido também como Duque da Serpente, o qual é requisitado pelo Alto Pontífice o homem que se diz elegido pelos deuses, mas será verdade?


Cavalguei junto com Melissa até o desfiladeiro, no começo ela sentiu medo ao ver o enorme buraco bem a sua frente, fechou os olhos, abriu-os com muito receio e aos poucos o medo começou a se esvair, sendo substituído por admiração, a nossa frente o Rio Serpente e a minha direita estava o Rio Pérola, estávamos a apreciar o encontro de dois dos principais rios de Falcon. Não era um encontro qualquer, pois os dois o faziam entre quedas e cachoeiras, o Rio Pérola vinha imponente e magnifico com suas águas, o Rio Serpente ao contrário caia suavemente levantando uma névoa e fazendo um impressionante arco-íris. A pequena Melissa estava deslumbrada com o que via e não parava de exclamar. Enquanto a mim se divertia a ver a sua expressão meiga atrás daquele rostinho angelical, queria ter as preocupações de uma criança em vez das de um adulto. A esquerda daquela paisagem se erguia uma imponente montanha, diziam que antigamente no seu cume estava a morada dos deuses. Se em algum tempo eles residiram por aquelas bandas deve ser num tempo perdido anterior a existência dos próprios homens. Agora residiam lá apenas aqueles que se diziam os seus representantes e no cume a minha espera estava o Alto Pontífice, o chefe supremo da Igreja como também uma das pessoas mais poderosas e influentes de todo o continente, não minha opinião estava mais preocupado com os interesses dos homens, leia-se os seus interesses, que o dos próprios deuses.

- Nossa! – devia ser o décimo "nossa" que dizia em sequência.

- Daqui para diante o Rio Pérola se tornará navegável, e percorrerá por toda Falcon, passando pela Cidade do Príncipe, pela Cidade dos Portos e por fim desaguando no Rio Mana. – ela fitou meus olhos.

- Quer dizer que podemos ir de navio! – ela esboçou um enorme sorriso e vi uma luz brilhar naqueles dois olhinhos.

- Em tese sim pequena, mas isso não será possível. – rapidamente o sorriso se desfez, Melissa adorava histórias sobre marinheiros como os da Capitã Lizandra e suas viagens por terras desconhecidas e muitas esquecidas.

Escutei um trote de cavalo se aproximando de nós se tratava do Cavaleiro Samuel, estava a mais de cinco anos sobe os meus serviços, não era nenhum cavaleiro habilidoso ou coisa do tipo, no entanto, em seu sangue corria o mesmo que o meu, tratava-se de mais um dos filhos bastardos de meu pai. Sim, Samuel era o meu irmão e se hoje era um cavaleiro não foi consagrado pelo nosso pai e sim por mim mesmo. Um dia apareceu diante de minha presença pedindo serviço, junto com ele vinha um cavalo magro que mal aguentava parar em pé, devia ser o melhor que havia conseguido comprar, uma armadura que claramente não o pertencia, para saber que se tratava de um bastardo bastou ver o seu rosto fino, olhos acinzentados, nariz arrebitado, queijo dividido ao meio e para completar apesar de jovem já sofria de calvície. Apesar da insistência de minha esposa para que o mandasse embora, ou desse outro destino para aquele abastado que não tinha onde cair morto, acabei o aceitando. A mãe de Samuel foi uma corteza que habitou nosso castelo, apesar de jovem sabia que se tratava de mais uma das amantes de meu pai. Acredito que quando o mesmo se enjoou dela a mandou embora e olha que isso não demorava muito a acontecer, minha mãe parecia não se importar com as aventuras amorosas do velho duque e parecia até ter tido amizade com algumas delas; e justamente essa corteza foi uma dessas, lembro-me das duas conversando e rindo de assuntos banais como fossem velhas conhecidas. Talvez tenha sido esse motivo de tê-lo colocado aos meus serviços e não demorou para que desenvolvesse certa simpatia por aquele rapaz, como um dia tiveram nossas mães.

- Duque, – chamava minha atenção Samuel – dois cavaleiros o aguardam na ponte.

- Certo. – Samuel retirou-se, agora montava um puro sangue de cor branca que havia lhe dado, apesar de ter relutado muito para receber aquele presente. – Vamos? – perguntava para a pequena que parecia contrariada e desejava apreciar mais um pouco a paisagem, coloquei o cavalo a trotar, enquanto Melissa continuava com seu rosto virado para as quedas.

A ponte ficava a uns duzentos metros dali e por baixo dela corria tranquilamente o Rio Serpente como se não soubesse o que esperava mais abaixo. No meio dela dois cavaleiros me esperavam, um não o conhecia devia ter por volta de uns trinta anos de idade, estatura mediana, cabelos e olhos castanho escuros, pele morena clara, vestia calças de montaria, um colete de couro que deixava os braços livres e por cima uma capa preta que se prendia ao colete por fivelas o vento a fazia tremular. Ao seu lado estava um homem capaz de impor medo a todos os meus cavaleiros, tratava-se do Lorde Templário, alto, forte e trajando uma armadura pesada, a qual parecia não sentir nenhum um pouco o seu peso, a armadura que um dia reluzira o sol agora parecia fosca e um pouco queimada o que lhe dava um tom ainda mais assustador. Aproximei-me dos dois lentamente e o Lorde Templário fez um pequeno aceno com a cabeça como se estivesse a me cumprimentar, no entanto, quem me dirigiu as primeiras palavras foi o homem desconhecido.

- Alteza. – fez o desconhecido uma breve reverência depois continuou sua fala. – Eu sou o Cardeal Salvatore.

Fiquei um pouco perdido, imaginando porque um cardeal estava a minha espera na ponte. Os cardeais eram agentes da igreja, pessoas capazes de invocar a vontade dos deuses e fazer milagres. Pouco se sabia deles eram envoltos de mistérios e crendices, não obstante sua aparência frágil se este homem era realmente um cardeal significava ser ainda mais perigoso que o próprio Cavaleiro Templário que permanecia em silêncio ao seu lado como fosse um subordinado do mesmo. Por um momento pensei que aquilo poderia ser uma armadilha e temi pela vida da pequena Melissa que olhava os dois de forma curiosa, como uma criança que se depara frente a uma cobra sem saber do perigo do seu veneno.

- Cardeal. – o cumprimentei e ele sorriu para Melissa que imediatamente sorriu de novo para ele sem temer o perigo.

- O Alto Pontífice o aguarda. – falou o Cardeal emparelhando o seu cavalo junto ao meu, enquanto o Lorde Templário se afastou um pouco a frente com o seu.

- Acabei me atrasando um pouco. – respondi sem me estender muito.

- Acredito que o elegido dos deuses não deve ter nem notado o seu pequeno atraso. – disse o cardeal que parecia tentar se demonstrar simpático.

Fiz um sinal para que os cavaleiros nos seguissem e o meu irmão bastardo puxava a fila e o cardeal não deixou de notar aquele fato.

- Parece simpatizar com a questão dos bastardos. – a questão dos bastardos estava em tela e talvez traze-lo aqui possa ter soado como um desafio, uma vez que, a Igreja se demonstrava contra.

- Apenas o dei um trabalho, todo homem tem que comer, além do mais ele nunca será o meu herdeiro, já que minha linha sucessória está bem preenchida.

Salvatore deu uma pequena risada de minha fala.

- Vejo que o duque escolhe as palavras com cautela, mesmo assim esconde a sua posição entre elas. Enfim, é um assunto que não me cabe, mas adianto que estará entre as pautas de Vossa Santidade. – ele deu um sorriso de puro sarcasmo.

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