A Torre - Duque Gregório - Parte IV

62 46 3
                                    

- Claro príncipe. – o acompanhei pelo castelo, o príncipe tinha adquirido uma boa sala a qual usava para tratar de assuntos reservados. Ao chegarmos ele abriu a porta para que eu entrasse depois a fechou.

Simpatizava com o Príncipe Carlos, na minha opinião era o governante perfeito: inteligente, transparente e ainda composto de ideias claras e firmes. Falcon não poderia desejar um suserano melhor, nem eu.

- Como foi o encontro com o Alto Pontífice? – perguntou ansioso.

- Foi um pouco acalorado, apesar de na maior parte do tempo ter sido desenrolado de forma amena, no entanto, teve momentos em que chegou a me fazer ameaças veladas.

- Imaginava que ele fosse te pressionar, aquele homem não brinca em serviço. – disse Carlos despreguiçando, deveria ter passado a tarde inteira recebendo os nobres que chegavam para participar do Festival da Colheita – Quais assuntos trataram?

- O primeiro foi sobre o Lorde Ryuu... – acabei sendo interrompido.

- Ele já está sabendo? – perguntou o príncipe herdeiro surpreso.

- Sim, o Barão de Damasco correu ao seu encontro para chorar as suas magoas. – o príncipe se levantou e serviu dos cálices de vinho, entregou uma para mim e antes brindou.

- Por Falcon.

- Por Falcon. – respondi e continuei – O miserável do barão conseguiu ganhar o apoio do Alto Pontífice e sabe-se lá o que foi lhe pedido em troca.

- Tarde demais, meu pai já o reconheceu e qualquer questionamento será comprar briga com ele.

- Com certeza. – avalizei.

- Fará algum questionamento ao meu pai?

- De modo algum, não me oponho ao filho de Helena. – ele ficou a me olhar curioso.

- Tem certeza que é filho dele?

- Dele não sei, mas dela sim. – o príncipe achou graça em minha fala.

- Em todo caso isso nos trará dor de cabeça, com o apoio do Alto Pontífice garanto que essa disputa vai longe.

- É verdade, e com certeza não acabará bem. – ponderei, o príncipe fez uma cara de desgosto como tivéssemos ganhado mais um problema indesejado, parecia intrigado com o Lorde Ryuu e logo lançou outra pergunta:

- O que achou da história do filho do Lorde Nelson ter derrotado Oda Daigo?

- Oda Daigo é uma lenda, alguém tão fabuloso que suas histórias chegaram a Falcon, mesmo antes de queimar metade de Talos suas histórias já eram contadas pelos monges que o tinham como um demônio sob forma humana, se ele realmente o venceu é um guerreiro e tanto.

- Temos que ficar de olho nele. – disse o príncipe sentando novamente em sua cadeira, apenas consenti com a cabeça. – E o segundo assunto qual foi?

- O casamento de sua irmã, Lorena pediu para que o Alto Pontífice intercedesse pelo Príncipe Cassius, chegaram a me oferecer um feudo em Lorena em troca do meu apoio.

- Não acredito que propuseram que se torne vassalo de Lorena, – apenas abri os braços – bem, essa é outra questão complicada, meu pai deseja casar minha irmã com o Lorde Rafael.

- Com o filho do Lorde Escorpião? – parecia que mesmo depois de morto a amizade com o rei ainda lhe rendia frutos.

- Sim. – respondeu o príncipe como se não simpatizasse com a ideia.

Uma péssima notícia, a princesa não podia ser entregue a um lorde qualquer, a ação seria vista como uma ofensa a todos os países que tiveram seus pedidos negados e causaria mal-estar dentro do próprio reino, no caso de um casamento interno o normal seria feito se fosse com um dos filhos dos grandes duques. Dos cinco lordes três deles possuíam filhos que poderiam atender a demanda sendo eles: o Duque dos Portos, o Grande Urso e agora o Lorde Nelson, os três nomeados atrás possuíam filhos com idade para casar com a princesa, claro que casa-la com o filho do último soaria mal, afinal acabara de ser apresentado a corte, no entanto, nada obstaria casa-la com o filho de um dos outros dois. O mais certo seria casar a princesa com algum príncipe aliado o que encerraria a questão sem disputas.

- E agora?

- Vou tentar ganhar tempo e junto com a minha mãe tentaremos dissuadir meu pai.

- Soube que o Príncipe Cassius virá aqui pessoalmente fazer o pedido.

- Isso será um desastre, não sei onde meu pai está com a cabeça. Deveria casa-la logo com o herdeiro de Lorena! – estranhei que o mesmo concordasse com a ideia.

- Acredita que seria uma boa ideia casa-la com o Príncipe Cassius?

- Preocupa-se com a questão da pretensão ao trono de Falcon? – consenti com a cabeça, parecia até que tinha lido meus pensamentos – É uma pretensão muito fraca, apesar de eu não ter herdeiros ainda... – sabia que essa questão o preocupava.

- Logo terá, não se preocupe! – bati sobre o seu ombro tentando retirar a pressão que se concentrava sobre eles.

- Assim espero amigo, assim espero. – resmungou o príncipe.

- O Alto Pontífice me fez outro pedido, requisitou que trouxesse um de seus cardeais junto comigo como fosse um dos meus cavaleiros.

- Um cardeal?

- Sim, um cardeal. – nós dois sabíamos do perigo que representava um homem daquele. – Devo alertar o seu pai sobre isso?

- Não, isso apenas agravará a crise entre Falcon e a Igreja, deixemos essa questão para lá se o Alto Pontífice deseja nos espiar deixe que o faça! Vamos nos concentrar na questão do casamento da minha irmã, no entanto, deixe o rei por minha conta, apenas atue sobre os outros duques.

- E quanto a questão dos bastardos?

- Deixaremos essa história para a frente, por enquanto vamos se fazer de desentendidos sobre isso, estamos de acordo?

Concordei com a cabeça e reiterei.

- Sabes que apenas sigo vossas ordens, príncipe.

- Duque, o considero como um amigo, por isso peço apenas a sua amizade e que mantenha seus olhos afiados tanto sobre nossos amigos como inimigos. – ou seja, o príncipe desejava que mantivesse meus olhos firmes sobre os duques.

- Como desejar.

- Pretende ver sua irmã?

- Logo depois daqui.

- Nesse caso vá meu amigo, não tomarei mais o seu tempo.

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora