A Torre - Duque Gregório - Parte III

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Os dias foram se passando e finalmente chegamos na Cidade do Príncipe, o Cavaleiro Templário ficou nela junto com outros dois cavaleiros, tinha certeza que o mesmo estava indo se encontrar com o Barão de Damasco, o Alto Pontífice deveria estar temendo pela vida dele, conhecendo os perigos da corte, não era para menos. Já Salvatore continuou comigo, mesmo assim, de forma discreta como fosse apenas mais um de meus cavaleiros, ordenei para que Samuel ficasse de olho nele, ainda não confiava naquele homem e a desconfiança parecia ser mutua.

Junto com a pequena Melissa fui me apresentar ao rei, pelo jeito havia chegado logo após o Duque de Rosas Negras, sua filha de cabelos vermelhos estava por ali, como também o Duque Nelson acompanhado de um jovem que ao vê-lo senti um aperto no coração, alguns traços do rosto, a sua feição, os olhos, lembrava-me de Helena, não tinha a menor duvida que se tratava de seu filho. Ele reparou que estava o olhando e me fez um cumprimento desajeitado. O rei parece ter entendido minha confusão e tratou de desfaze-la.

- Duque Gregório seja bem-vindo a corte! – o cumprimentei também fazendo uma reverência seguido por a pequena Melissa – Vejo que trouxe junto contigo a irradiante Lady Melissa.

- Sim. – respondi colocando a mão sobre a cabeça dela, fazendo com que prontamente me olhasse com um sorriso de lado a lado.

- E quando teremos a presença dessa graciosidade aqui na corte? – não se tratava de uma pergunta trivial, já que nenhum filho meu residia na corte.

- Desculpe-me Majestade, mas sou muito ligado aos meus filhos, especialmente a essa doçura.

- Entendo completamente, como pode ver também gosto de viver rodeado pelos meus filhos! – estendeu os braços mostrando que o seus o contornavam.

O pequeno Príncipe Guilherme aproveitou o momento de descuido de sua mãe para quebrar os protocolos e se aproximar de Melissa, a cumprimentou com uma reverência mesmo sendo um príncipe e Melissa correspondeu o cumprimento. O gracejo do pequeno príncipe arrancou risadas dos presentes e o deixou constrangido por não entender o que tinha feito de errado, atrás dele uma pequena princesa a quem estava prometido emburrou. O príncipe e Melissa gostavam de brincar juntos, os dois tinham mais ou menos a mesma idade e desde que se conheceram, sempre que possível, ficavam grudados, às vezes Melissa até fugia para brincarem juntos. Não fazia muito gosto dessa amizade, apesar de serem apenas crianças, não queria que Melissa tivesse muito contato com a família real.

- Pai, posso brincar com a Lady Melissa? – perguntava o Príncipe Guilherme ao rei.

- Filho a Lady Melissa deve estar cansada pela longa viagem deixe a descansar. – o rei apesar das palavras brincava com o seu filho, pois conhecia bem o jeito dos dois como também o ímpeto de Melissa.

- Quem disse que eu estou cansada, – ao notar minha cara de desaprovação pela fala, tentou uma leve remendada – Vossa Majestade? – novamente o público gargalhava e Melissa corria em direção ao pátio do castelo com o príncipe Guilherme atrás.

- Crianças! Deixemos eles se divertirem! – todos os presentes concordaram com a afirmação do rei, apenas concordei por fora, uma vez que, por dentro não, mesmo assim o rei prosseguia em seu intento – a Lady Helena também não deseja brincar?

O simples fato de Lorde Rosas Negras ter nomeado sua filha com o mesmo nome de "Helena" era um insulto! Apesar disso a primeira vez que mencionou a ideia ao Lorde Nelson, o mesmo aprovou acreditando se tratar de uma homenagem, por que ele homenagearia uma desconhecida? Esqueceu que o Lorde Rosas Negras também foi um dos que tentou a cortejar? Não sabia distinguir quem entre os grandes duques era o mais bobo se o Lorde Nelson ou o Grande Urso. A falsa Helena apontou o dedo para si mesmo como estivesse a se perguntar se a pergunta seria para ela mesmo, depois que seu pai disse que sim ela saiu em disparada dos dois. As crianças possuem uma capacidade incrível de arrancar risadas dos adultos como serem adoradas pelos mesmos, parecem que o ser humano é programado a ama-las independentes de seus dengos e mesmo achar graça em suas má-criações.

- E quem é esse jovem junto ao Lorde Nelson? – eu sabia que se tratava do filho de Helena e provavelmente filho dele mesmo, apesar disso tinha que me resguardar, não podia assumir tal posição com a igreja em meu encalço.

- É o filho do mesmo! – exclamou o rei, o que significava que já o tinha reconhecido como tal – Sobreviveu a selvageria de Nagamoto, inclusive matou Oda Daigo vingando sua mãe.

- Oda Daigo? – as palavras me escaparam, sabia perfeitamente de quem se tratava, um bárbaro que saqueou a capital de Talos e depois incendiou a mesma.

- Sim, descobrimos que o mesmo sequestrou Helena e a levou para Nagamoto! – disse o rei informando sobre um fato que desconhecia, sempre acreditei que a mesma morreu durante o saque.

Lorde Nelson sempre foi um capacho real, o mesmo foi para Talos e depois de algum tempo tivemos noticia que havia se casado com Helena para minha tristeza. Desde então ficou residindo por lá, quando soube da guerra entre Falcon e Lorena, não pensou duas vezes em deixa-la lá para morrer. Se fosse eu teria a trazido comigo e a deixado em segurança ou simplesmente não atenderia o chamado, jamais teria a deixado para trás! Com ele trouxe grande parte do exército de Talos deixando a sua capital indefesa frente as invasões de Nagamoto. Ao final da guerra com a notícia da devastação de Talos e da morte de Helena não demorou a constituir outro matrimonio que perdurou por alguns anos encerrando com a morte de sua esposa por uma peste qualquer, parece que o homem trazia azar para as suas esposas.

- Como se chama rapaz? – perguntei.

- Ele se chama Ryuu Ferraço. – respondeu seu pai como o mesmo não tivesse boca.

- Prazer em conhece-lo. – o cumprimentei e o mesmo fez uma reverência toda desajeitada.

As conversas se voltaram para fatos ocorridos no passado sendo puxadas pelo Lorde das Rosas Negras, cabia a ele essa função quando o Grande Urso não estava; o rei se divertia sobre as suas lembranças da juventude e lá vinham torneios, caçadas e aventuras que eu não participei. Dei graças quando o rei resolveu encerrar o espetáculo. Contudo sabia que agora a conversa dele com os outros ocorreria a portas fechadas e como sempre seria deixado para trás. Apesar da falta de consideração do rei comigo tinha que me reportar sobre a conversa com o Alto Pontífice, algo no entanto me impedia a preocupação com Melissa que não havia retornado. Por sorte que o Cavaleiro Samuel retornava a minha presença de certo devia ter perdido de vista o Cardeal Salvatore, no entanto, agora tinha preocupações mais urgentes.

- Samuel, fique de olho em Melissa. – ordenei.

- Acabei de vê-la no pátio. – respondeu o meu leal servo.

- Então volte para lá e não tire os olhos dela.

- Assim será feito Alteza. – ele se retirou e quase bateu de frente com o Príncipe Carlos que se aproximava.

- Alteza teria um momento?

O Senhor do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora