Capítulo 15

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Rebeca dormia no meu peito, enquanto eu alisava seus cabelos. A noite foi perfeita, mas como tudo na vida, havia chegado ao fim. Só de pensar que ela estava partindo, meu coração sangrava. A verdade era que eu estava acostumado com o furacão Rebeca e saber que não teriam mais brigas me deixava arrasado. Eu sei, eu sei, isso parece um papo de louco, mas era essa garota que vinha me dando combustível para viver. Desde a Maju, todas as coisas perderam a cor e meu mundo ficou cinza, mas Rebeca aos poucos começou a torná-lo colorido novamente. Claro que as vezes eu queria matá-la, mas na maior parte do tempo, eu só queria beijá-la.

Rebeca se remexeu e despertou. Esfregou os olhos e olhou para mim. Ela sorriu e se alinhou no meu pescoço.

— Bom dia — Disse baixinho.

— Bom dia, dormiu bem? — Ela assentiu, ainda com a cabeça no meu pescoço e eu sorri.

— Vamos tomar café? — Perguntei enquanto fazia carinho nas suas costas.

— Estou morrendo de fome, mas preciso tomar um banho antes — Ela se levanta e sai do quarto.

Me levanto também e coloco a cueca e a calça. Quando passo pelo corredor, consigo ouvir o barulho do chuveiro. Abro os armários e a geladeira em busca de algo para comer, mas não tem nada. Essa garota não come? Termino de vestir minha roupa e desço até a padaria que tem do outro lado da rua. Compro pães, queijo e alguns doces. Quando subo novamente vejo Rebeca sentada no sofá, ela está chorando.

— O que houve? — Pergunto preocupado, deixando as sacolas no chão.

— Você não foi embora? — Pergunta surpresa

— Está chorando porque acha que fui embora? — Aquilo foi uma surpresa para mim.

— Claro que não! — Ela seca as lágrimas e me olha altiva.

— É claro que está! — Odeio quando ela toma essas atitudes de que é superior, desmerecendo o que vivemos.

— Você se acha muito, garoto. Não é porque a gente fodeu que você se tornaria importante dessa maneira, Gabriel. Quando vai aprender isso? — Suas palavras me machucam e me cortam.

— Então para você foi uma foda de despedida? — Pergunto com o tom baixo e controlado.

— E para você, não? — Não, não foi! Tenho vontade de gritar, mas não vou dar mais munição para ela me machucar.

— Eu fui na padaria. Sua geladeira estava vazia — Digo seco — Boa viagem, Rebeca — Ela tenta dizer alguma coisa, mas me viro e deixo seu apartamento.

— Você não vai me ferir mais, Rebeca. Nunca mais! — Essa é a maior promessa que já fiz a mim mesmo.

 Nunca mais! — Essa é a maior promessa que já fiz a mim mesmo

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Burra, era isso que eu era. Porque agi daquele jeito? Eu estraguei tudo. O choro vem novamente. Fico ali sentada no sofá encarando as sacolas que ele havia trazido. Quando achei que ele tinha saído sem se despedir de mim, entrei em desespero e o fato desse desespero todo ter caído sobre mim, me assustou, fazendo com que eu tratasse ele mal daquele jeito.

No fundo era melhor tudo isso ter acontecido, afinal, eu vou embora e não quero me sentir presa a nenhum sentimento.

*

O restante do dia se arrastou. Tentei não ficar triste, mas foi impossível. A todo momento me lembrava da noite maravilhosa que Gabriel me proporcionou. Eu precisava me distrair e sair com as meninas da agência, me pareceu perfeito.

Raul se juntou a nós e fomos todos para uma boate muito famosa aqui no Rio. A música alta estava quase me deixando surda, mas prometi que iria me divertir. Dancei e bebi o quanto pude.

— Vai devagar, bebê — Raul dizia no meu ouvido, mas eu precisava esquecer tudo aquilo.

— Estou devagar — Disse sorrindo.

Continuei bebendo até estar bêbada o suficiente para começar a ver Gabriel na pista de dança com uma morena bonita.

— Eu estou tão bêbada, que estou vendo o cara que eu gosto, bem ali na pista de dança com outra — Digo rindo para Raul.

— Está falando daquele casal maravilhoso que está dançando? O cara alto e a morena de olhos gateados? — Olho para eles de novo e depois me volto para Raul.

— Você também está vendo eles? — Se ele estava vendo, então não é uma visão.

Os dois olhavam na minha direção. Gabriel parecia irritado, mas a morena apenas sorriu e puxou ele para um beijo. E que beijo. Meu coração se quebrou em um milhão de pedacinhos. Ele segurou na sua cintura e a puxou para mais junto dele, como ele costumava fazer comigo.

— Você está bem, Rebeca? — Uma das meninas da agência que estava conosco, perguntava preocupada, mas eu não conseguia focar em nada que não fosse aqueles dois.

Meus pés me guiaram até eles sem que eu me desse conta, e quando eles finalmente se desgrudaram, ele me olhou com indiferença.

— Cléo, essa é a cunhada do meu irmão — Gabriel nos apresentou como se eu fosse realmente apenas a cunhada de seu irmão e aquilo me destruiu ainda mais.

— É um prazer — A menina dizia animada, mas tudo que eu queria fazer era cortar a cara dela com minhas unhas.

— Então é assim? Você sai da minha cama essa manhã e já estará na cama de outra hoje a noite? — Ele apenas me dá um sorriso canalha e olha para a tal Cléo.

— Isso não é da sua conta — Lágrimas vem aos meus olhos, mas eu não vou dar esse gostinho para ele.

— Realmente não é — Sorrio com deboche e me aproximo dele, para falar no seu ouvido — Espero que você se divirta muito essa noite, porque eu, só estou começando a minha diversão.

Andei para longe dos dois, indo em direção a pista de dança. Se era para fazer raiva, vamos ver quem ganharia essa batalha.  

As tretas só estão começando hahahaha

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