Fiz uma visita rápida ao hospital. Somente para ver como minha cunhada e sobrinha estavam. E graças a Deus, elas estavam bem. Assim que cheguei ao quarto, Rebeca se despediu e foi embora. Fiquei meia hora com eles e me despedi também. Fernanda precisava descansar e eu tinha que voltar para casa.
Estacionei o carro na minha garagem e peguei a bolsa de compras do mercado. Quando entrei em casa, Mily, a babá das crianças, estava no fogão, cozinhando alguma coisa, que cheirava muito bem.
— O senhor chegou cedo. Como está sua cunhada e sua sobrinha? — Perguntou com um sorriso nos lábios. Camily era uma boa garota e sempre que eu precisava me ausentar, ligava para ela.
— Estão bem, mas a bebê ficará na incubadora por um tempinho. Sabe como é, nasceu antes do tempo — Ela assente e volta a mexer o conteúdo da panela.
— Não precisava ter feito o jantar — Digo chegando perto, para ver o que era.
— Biel estava com fome e como eu não sabia se o senhor ia demorar, acabei preparando uma macarronada para eles — Explica, enquanto termina de mexer o macarrão.
— Esse menino, sempre está com fome — Peguei o garfo da sua mão e provei o macarrão, fechando os olhos, ao apreciar o sabor.
— Pelo visto, puxou ao pai — Diz rindo.
— Sabe que não resisto a sua comida — Ela ri e desliga o fogo, colocando macarrão em dois pratos diferentes — Tem almondegas no freezer — Ela revira os olhos rindo.
— Já estão quentes, dentro do micro-ondas — Diz toda convencida.
— Você é rápida — Abro o micro-ondas e pego o pote que contém as almondegas aquecidas.
— Esse é o meu trabalho — Mily pega o pote da minha mão e termina de arrumar os pratos na mesa.
— Você dá comida a eles? Estou louco por um banho — Digo com a voz um pouco mais cansada do que gostaria.
— Claro — Ela me dá um sorriso gentil e vai até a sala buscar as crianças.
Aproveito a deixa e vou para o meu quarto. Retiro a roupa e entro no banheiro. Ligo o chuveiro e deixo a água quente cair sobre meus ombros. Hoje o dia havia sido bem cansativo e inesperado. Rebeca estava de volta. Como seria ter ela tão perto, depois de tanto tempo? Só Deus saberia.
Coloquei uma calça de moletom confortável e uma regata branca. Fui até a cozinha e encontrei Mily terminando de lavar os pratos.
— Eles já comeram? — Pergunto.
— Sim. Agora estão na sala vendo televisão — Explica, enquanto coloca os pratos recém lavados no escorredor.
— Já está liberada ,Mily. Já transferi o dinheiro para sua conta — Digo indo até o fogão, vendo se sobrou algo para mim.
— Seu prato está dentro do micro-ondas — Ela sorri e seca as mãos no pano de prato.
— Obrigado — Realmente fico agradecido. Se não fosse por ela, certamente eu teria que fazer o jantar.
— Eu que agradeço por me chamar. Esse dinheiro ajuda muito no fim do mês lá em casa — Mily era uma garota esforçada. Cuidava sozinha da vó que havia sofrido um AVC a três anos. A menina tinha apenas dezoito anos, mas carregava um fardo imenso nos ombros.
— Talvez eu vá precisar de você amanhã, mas ligarei como sempre — Ela assente e sorri.
— Então, até logo — Acena e vai embora.
Esquento por trinta segundos o prato no micro-ondas e me sento na mesa para comer. Ao acabar, lavo o prato e vou até a sala. Somente Biel estava na sala, seus olhinhos estavam quase se fechando, enquanto ele assistia um desenho.
— Hora de dormir, campeão — Ele ergueu os braços para que eu pegasse ele no colo, e foi o que fiz.
Levei ele até o banheiro e fiz ele escovar os dentes. Depois o coloquei na cama e liguei o abajur em forma de bola de futebol.
— Boa noite, filho — Dei um beijo na sua testa.
— Boa noite, papai — Diz quase dormindo.
Apaguei a luz do seu quarto e fui até o da Mariah. Ela estava acordada, sentava na cama, com várias fotos espalhadas a sua frente. Eram fotos da Cléo.
— Pensei que já estivesse dormindo — Me sentei nos pés da cama. Ela me fitou com os olhinhos tristes.
— Por que todas as minhas mães morrem? — Droga! Esse era um caminho que eu não queria seguir com ela.
— De onde você tirou isso, filha? — Pergunto com o tom calmo, porém, carinhoso. Eu sempre tinha que ter muita cautela, quando o assunto era a Mariah.
— Todo mundo que eu amo, morre. Primeiro o papai, depois a mamãe. Depois minha outra mamãe — Ela tem os olhinhos marejados. Me corta o coração ver ela desse jeito.
— Já conversamos tanto sobre isso, filha — Me achego perto dela, alisando seu rostinho.
— Eu acho que Deus não gosta de mim — Diz com a voz baixa.
— Não diga isso, Mariah. Deus ama todos nós. Eu sinto muito que você já tenha vivido tudo isso, sendo tão nova. Mas já conversamos. Tudo na vida tem um propósito. Você e Gabriel, deveriam ser meus filhos. Eu amo vocês dois, mais que a mim mesmo, você sabe disso, não sabe? — Ela assente.
— Promete que não vai morrer? — Minha filha me abraça bem apertado.
— Pretendo viver muitos e muitos anos ainda — Sorrio abraçando ela.
— Eu amo você — Ela diz me apertando entre seus bracinhos magros.
— Eu te amo muito mais. Eu sei que você sente muita falta da sua mãe. Todos nós sentimos. Ela era incrível. Sei que aonde ela estiver, ela está olhando por nós. Nos mandando amor incondicional — Solto ela e aperto seu narizinho.
— Eu só queria que ela estivesse aqui — Eu também queria, filha. Todos os dias.
— Ela está aqui meu bem — Coloco a mão sobre seu coração.
— Obrigada por ser o melhor pai do mundo — Ela agora me dá um daqueles sorrisos maravilhosos.
— Eu que tenho que agradecer por ter uma filha tão linda e carinhosa como você — Beijo sua testa.
— Me conta uma história? — Pergunta com os olhinhos brilhantes. Fazia muito tempo que ela não me pedia isso.
— Claro — Me levantei da cama e recolhi as fotos da Cléo, deixando no criado mudo.
Mariah se deitou e eu puxei a poltrona que ficava no cantinho, me sentando. Abri um livro infantil qualquer e comecei a ler. Não demorou muito para que ela dormisse. Eu me sentia exausto. Meus ombros estavam doloridos. Dei um beijo de boa noite nela e segui para meu quarto, porque o dia seguinte, seria bastante cheio.
Capítulo pequeno, mas prometo que no próximo, teremos Rebeca e Gabriel ♥
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Totalmente Minha
RomantiekRebeca veio de uma família onde tudo era errado. Agora liberta das exigências e regras dos pais, ela quer ser ela mesma. Um ser humano sincero e alegre, que não leva desaforo para casa. Principalmente de um certo bonitão que adora lhe tirar do séri...