Capítulo 21

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Eu ouvia seus passos se afastando. Encarei o pequeno cartão que ele havia deixado. Depois de exitar, peguei o mesmo, lendo o seu nome, e atrás, seu endereço. Ele havia mudado, muito. Começando pela aparência. O Gabriel que deixei para trás era praticamente um garoto. Mas o homem que encontrei hoje, em nada me lembra ele. Ele estava muito mais forte do que eu me lembrava e aquela barba que cobria boa parte do rosto, deixava ele com uma expressão amargurada, que só sumia, quando o filho falava com ele.

Filho, ou melhor, filhos. Era outra coisa que eu não esperava encontrar. Quando Bella me contou animada que seu tio Gabriel havia se casado, foi de longe, o pior dia da minha vida. Não que eu esperasse que ele estivesse sofrendo por mim, porque foi eu, que fui embora, mas naquela altura, eu já havia me arrependido.

Eu sentia falta de casa. Da minha irmã, Rodrigo e da pequena Bella, mas acima de tudo, eu sentia a falta dele. Eu digitei seu número, mais vezes que pude contar, mas nunca deixava completar a ligação.

Com a notícia do seu casamento eu me obriguei a seguir a vida que até então, estava dando certo. Eu era boa no que fazia e aos poucos eu me habituei completamente. No começo eu tive que fingir alguns namoros falsos, com atores bem famosos, para que minha imagem crescesse, mas depois eu segui tendo vários relacionamentos. Nunca eram duradouros, mas eram o suficiente para me distrair.

Eu evitava a todo custo falar com Fernanda, não porque, não sentia falta dela. Era justamente por sentir tanta saudade. A cada ligação ficava mais difícil para mim. Eu estava perdendo muitas coisas. Não estive ao seu lado na perda do primeiro filho e também não consegui acompanhar sua segunda gestação. Também perdi muitos momentos importantes em família e acabei me enterrando na bebida e as vezes nas drogas. Tudo para aguentar a pressão do trabalho e a falta que minha família fazia.

Nos meus piores dias, eu ficava me perguntando como teria sido se eu tivesse ficado. Será que eu teria estudo e me tornado professora? Ou estaria ajudando Rodrigo até hoje? Estaria com Gabriel, ou ainda nos odiaríamos?

— E o Gabriel? — Rodrigo me despertou dos meus pensamentos confusos. Peguei o cartão, guardando dentro da bolsa.

— Ele teve que sair, mas disse que voltava. E como a Nanda e a bebê estão? — Perguntei ansiosa.

— Estão muito bem — Conta emocionado — A bebê ainda ficará um tempo na incubadora, por ter nascido antes do tempo, mas a médica garantiu que ela está muito bem e a Nanda está indo para o quarto agora — Sorrio.

— Posso vê-las? — Pergunto ansiosa.

— Ainda não, mas logo poderá — Rodrigo sorriu e não pude deixar de sorrir para ele.

— É bom te ter de volta, Bebeca — Ele me puxou para um abraço.

— É muito bom estar de volta — Apertei ainda mais os braços em volta dele.

Rodrigo e eu voltamos para a sala de espera e nos sentamos. Ele perguntou algumas coisas sobre meu trabalho, mas eu não queria falar sobre isso. Na verdade, eu queria esquecer.

— Então você e Gabriel conversaram? — Perguntou como quem não quer nada.

— Sim — Eu sabia a expectativa que ele e minha irmã, tinham em cima da nossa velha história.

— E como foi? Ele saiu inteiro daqui? — Brincou e acabei rindo.

— Saiu — Disse tentando ficar séria.

— Você foi uma grossa com o garoto — Ele agora me olha sério.

— Eu sei... eu vou me desculpar com ele em outra ocasião — Eu não sei o que deu em mim para tratar a mal aquele garotinho, mas eu senti tanta raiva naquele momento.

— Espero que se desculpe. Aquelas crianças não merecem que ninguém as trate mal, já basta tudo que elas já perderam — Rodrigo contrai a mandíbula.

— Ele me contou que a esposa morreu — Olho para ele, que assente.

— Faz dois anos. Ela era ótima, principalmente com eles. As crianças sentiram muito e foi um momento muito difícil para o Gabriel — Engoli seco.

— Ele parece ser um ótimo pai — Digo em tom baixo, encarando a chuva que começava a cair lá fora.

— De fato, ele é! Só te peço para que facilite a vida dele. Você consegue? — Coloco um sorriso falso no rosto.

— E só o filhote de satã não entrar no meu caminho — Pisco para ele e Rodrigo sacode a cabeça sorrindo.

*

Rodrigo e eu recebemos permissão para entrar no quarto da minha irmã. Fazia dois anos que eu não a via. A última vez, foi quando ela foi me visitar. Eu evitava a todo custo voltar ao Brasil e ver tudo que eu tinha deixado para trás.

— Rebeca? — Minha irmã perguntou surpresa.

— Eu mesma — Corri até a beirada da cama e segurei sua mão. Dei um beijo demorado na sua testa e sorri para ela.

— Quando chegou? Como soube? — Ela perguntava confusa.

— Eu queria fazer uma surpresa. Meu contrato chegou ao fim e acabei pedindo umas férias. Eu merecia, após quatro anos seguidos — Sorri para ela — Quando cheguei ao condomínio, o porteiro me avisou que você tinha ido para o hospital e liguei para Rodrigo, que acabou me dando e endereço. O restante, é história — Ela sorri e aperta minha mão.

— É muito bom ter você aqui. Finalmente estamos completos — Minha irmã começa um choro emocionado que acaba me contagiando.

Demoramos um pouco para nos acalmarmos. Minha irmã estava feliz com meu retorno e ao mesmo tempo triste, por não poder ficar com sua princesinha.

Consegui ver a minha linda sobrinha pelo vidro do berçário. Ela era de longe a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida. Minha linda bonequinha. Quando Gabriel chegou, eu me despedi de todos e fui para o Hotel que estava hospedada.

Tudo que eu precisava era de um longo banho e uma boa noite de sono. Amanhã eu veria melhor, como as coisas iriam ficar.

Gente, agora só Jesus sabe quando eu volto. E peço a vocês, tenham paciência com a Bebeca kkk
Mil beijos ♥

Totalmente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora