Capítulo 27

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20h58 e eu encarava o relógio. Todo o meu ser implorava para meu corpo ir em direção a casa dele. Apertei a pequena chave nas mãos, com a respiração pesada.

— O que você está fazendo, Rebeca? — Dizia repetidamente.

Da Janela do meu quarto, olhei para seu portão — É só ir lá e fazer o que os dois querem fazer — Minha mente dizia.

— E depois? Vamos voltar ao ponto que paramos a quatro anos? — Inspiro novamente e vou até meu banheiro. Pego o frasco de remédio e pego três comprimidos.

— Se eu tomar isso, eu vou apagar e não precisarei lidar com todos esses pensamentos — Tentava me convencer.

Coloquei os comprimidos na boca, mas antes de engolir, os cuspi no vaso sanitário e dei descarga.

— Não vou ficar dependente deles novamente. Não vou!

Entrei no meu closet e tirei uma calça de moletom e uma blusa larga. Peguei um boné e calcei meu tênis. Eu precisava correr. Precisava pensar.

Eu corri até meu peito queimar, e depois, continuei correndo. Já conseguia me sentir melhor, mas o problema era que eu não conhecia o lugar que eu estava. E para piorar, não havia trazido o celular.

A rua deserta me deixou apavorada. Não via uma pessoa sequer, então uma moto apontou no começo da rua, vindo na minha direção. Desacelerando à medida que se aproximava de mim.

— Não acredito que sobrevivi, para morrer aqui — Fechei os olhos desesperada.

A moto parou do meu lado e me forcei a abrir os olhos.

— Não encoste um dedo em mim, babaca, ou eu mato você! Eu estou armada — Coloco a mão por baixo da blusa. Imitando uma arma.

— Eu só quero entrar em casa. Está em frente ao meu portão — Olho para o portão que ele está apontando. O cara está todo de preto, com um capacete da mesma cor, me impedindo de ver seu rosto.

— Ah... me desculpe então — Saio da sua frente sem graça.

O Cara puxa o capacete e tenta arrumar o cabelo. Só quando ele para, eu consigo olhar seu rosto e, uau. Puta que pariu. Esse cara acabou de sair da GQ?

— O que fazia em frente ao meu portão? Planejava me assaltar com sua arma de mentira? — Diz com deboche.

— Eu pensei que você fosse um bandido — Digo sem graça.

— Eu te conheço? — Analisa meu rosto e nego.

— Creio que não... será que você poderia fazer a gentileza de me dizer como chego a parte da reserva? Eu sai para correr e acho que me perdi — Digo fitando seu rosto com um desespero evidente.

— Então você correu muito. Está muito longe da reserva. E, senhorita, não acha que está muito tarde para uma mulher sozinha estar correndo? Já passa da meia-noite — Caralho. Eu corri tudo isso?

Totalmente MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora