Capítulo 4 - "Ele passou por umas coisas difíceis"

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Estava a preparar-me para ir para casa, a casa da família Lynch estava completamente silenciosa, não se ouvia absolutamente nada, sentia uma sensação de felicidade ao saber que daqui a minutos iria para casa ter um merecido descanso, pelo menos isso achava, até que um barulho me distraiu dos meus pensamentos.

- Sara deves ficar, temos um jantar de boas-vindas com uma sobrinha que vem de Inglaterra que chegará daqui a pouco – ordenou Stormie.

- Mas o meu turno acaba agora.

- Não te preocupes as horas extra vão ser pagas – disse saindo do lugar.

Suspirei e deixei a minha mala num móvel para ir para onde estava Glória.

- Ainda bem que ficaste, não sabes a ajuda que preciso – disse Glória picando uns legumes.

- Não te preocupes Glória, vou ajudar-te em tudo o que precisares – disse enquanto punha o avental e amarrava o cabelo.

Tocaram à campainha, fui abrir e vi uma rapariga da minha idade, loira de olhos azuis, magra mas lamentavelmente era igual aos outros, gostava de dinheiro e de luxos, via-se à primeira vista, na sua forma de vestir, nos quilos de joias que tinha em cima.

Saudaram-na amavelmente mas Rydel não parecia interessada na nova visita. Aproximei-me dela, estava sentada num degrau das escadas com o seu caderno e lápis de cor nas mãos.

- Olá Rydel.

- Olá Sara.

- Porque não cumprimentas a tua prima?

- Não gosto dela e para além disso é muito convencida porque tem dinheiro… Eu tenho dinheiro e não sou convencida – queixou-se.

- Oh… Entendo, mas devias cumprimentá-la nem que seja só por educação.

- Está bem – bufou.

O jantar de boas-vindas foi normal, um banquete simples e totalmente calmo.

Estava a vestir-me para começar um novo dia de trabalho, um dia com muitas surpresas. Saí do táxi e entrei no lindo jardim que a família tinha, lembrei-me do primeiro dia em que pisei aquela casa, do fascínio que tive ao vê-la, é demasiado linda para ter pessoas tão frias dentro.

- Olá Sara – saudou Riker que estava sentado à beira do lago, lendo um livro, o qual deixou de lado.

- Olá Riker – respondi.

- Porque não te sentas um pouco para conversarmos? – Propôs.

- Eh… Desculpa mas é que tenho de trabalhar.

- Mas eu estou a dar-te uma ordem e ordeno que te sentes aqui e que conversemos.

Eu sorri e sentei-me.

- Do que queres falar?

- Não sei, quantos anos tens? – Perguntou.

- 18 – respondi.

- És um pouco mais velha do que eu, mas como costumam dizer o amor não escolhe idades.

- Do que é que estás a falar? – Perguntei confusa.

- Estava só a brincar, tenho outra conquista em mente.

- Ah! – Suspirei – E… Como se chama a tua prima que chegou ontem à noite?

- Chama-se Amanda, não gosto dela. Mas o Ross gosta.

- Ele é muito frio – afirmei.

- Sim, ele passou por umas coisas difíceis, a sua namorada, a primeira e a única que teve, faleceu num acidente, foi uma notícia chocante para ele, culpa-se pela sua morte porque ele ia com ela no carro naquela noite, iam a discutir e não viram o sinal vermelho e chocaram, ele conseguiu salvar-se mas ela não teve a mesma sorte, ele amava-a mais do que à sua própria vida e desde esse dia nunca mais se apaixonou por ninguém nem saiu com nenhuma rapariga… Sabes? Às vezes penso que tenho um irmão gay – disse Riker com um sorriso estranho no seu rosto.

- Não acho que o seja – ri – Então esse é o motivo da sua frialdade – pensei em voz alta.

- Exato – respondeu – Bom tenho de ir, tenho aulas daqui a pouco, adeus – disse saindo.

Deve ter sido demasiado difícil aquela morte para ele, as mortes não têm remédio, mas não devo preocupar-me com uma pessoa que me trata mal, a morte da sua namorada não justifica isso, passei por várias mortes e não mudei a maneira de como trato as pessoas, mas nunca vivi a morte de um namorado… Se nem namorado tive.

É verdade, desde os 12 anos que nunca tive nenhum namorado e o dos 12 não era grande coisa, nunca experimentei o verdadeiro amor, esse amor mágico das novelas, esse amor que luta contra o vento e as marés, contra o fogo e a água. Sempre me dediquei aos estudos, à família mas nunca me dediquei ao amor, às relações mas também não me interessava experimentar esse novo sentimento. Na escola via como as minhas colegas sofriam pelos rapazes que não queriam saber delas ou até mesmo porque se zangavam com os namorados por ciúmes e infidelidade, no amor há sempre provas que se têm de superar, mas os dois juntos, se só um luta jamais ganhará aquela batalha, por isso é que as relações são de 2 e não de 1, para se amarem mutuamente, o amor, cantam-no lindamente em canções mas é melhor vivê-lo, senti-lo do que só ouvi-lo e guiar-se pelas palavras.

Estava a arrumar os quartos, primeiro foi o do casal, depois o da Rydel, do Riker, do Ross e o da nova visita não o podia arrumar porque ainda estava a dormir. Como querem que me despache a fazer isto se ela acorda à uma da tarde? Quando ia a passar no corredor muito próximo do quarto de Ross, este saiu.

- Olha, preciso que arrumes o meu quarto. Espera… Não preciso… Tens que arrumar o meu quarto.

- Como queira – obedeci.

- Ah! E quando acabares quero que me prepares o pequeno-almoço.

- O pequeno-almoço faz a Glória, ela é que trata da cozinha.

- Tanto faz, só quero o pequeno-almoço – disse afastando-se pouco a pouco.

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