- Devias ver por onde andas empregadinha de meia tigela – disse a loira.
- Desculpe, não a vi.
- Desastrada e como se não bastasse cega… O que se pode esperar da empregada, não? – Disse fulminando-me com o olhar e saindo do lugar.
Fiquei ali parada a ver como a loira desaparecia da minha vista, a verdade é que ela não gosta de mim mas tenho de conter a minha vontade de lhe gritar tudo o que merecia ouvir na cara e dar-lhe um bom murro na boca para que ficasse calada, se o faço vou logo para a rua, ainda não compreendia como é que tinham tão maus modos e não conseguiam tratar as pessoas bem, não tiveram educação?
Suspirei e fui à procura de Rydel para ir levá-la ao colégio.
Quando a encontrei estava sentada no lago com água verdosa, atirava pequenas pedrinhas para ele. Deu-me um pouco de pena, a pequena nunca saía, estava sempre com os seus cadernos e marcadores para desenhar, não recebia visitas de amigos nem ela os visitava, não estava a aproveitar a sua infância ao máximo como devia fazer. Vou fazer com que aquela menina não fique aborrecida e disfrute.
- Olá Rydel – cumprimentei-a aproximando-me.
- Ah… Olá Sara – cumprimentou desanimada.
- Estás pronta para ir para o colégio? – Perguntei.
- Sara, não me apetece ir – disse a pequena.
- Tens que ir pequena se não o teu pai e a tua mãe vão ficar zangados.
- Eles nunca estão em casa, nem vão dar por isso, eles não vão saber de nada, por favor Sara – suplicou.
- Tens de ir, se fores quando voltares levo-te a um parque e brincamos, depois comemos um grande gelado, pode ser? – Perguntei.
- Prometes?
- Prometo – disse com um sorriso.
- Está bem, então vamos se não chegamos tarde.
Quando entramos na sala de estar para ir para o colégio Ross falou com Rydel.
- Rydel estás pronta? Vou levar-te ao colégio – avisou procurando a chave do seu carro.
- A Sara vai levar-me, eu pedi-lhe ontem – disse a pequena agarrando-me na mão.
- Tens de andar e vais ficar cansada.
- Então dá as chaves do teu carro à Sara que ela me leva – disse Rydel tranquilamente.
Ross olhou para mim um pouco zangado.
- Sabes conduzir? – Perguntou.
- Sim – respondi.
- Se vem com algum risco ou chocas ou…
- Percebi – interrompi-o – Terei muito cuidado.
- Adeus Rydel, estuda muito – disse Ross saindo.
Meti a Rydel no carro e coloquei-lhe o cinto de segurança, sentei-me no lugar do condutor, o carro era preto, via-se que tinha custado muito dinheiro, pus as chaves e liguei-o, saí de casa. Minutos depois cheguei ao colégio, despedi-me dela e fui para casa outra vez, o carro não sofreu danos, deixei-o onde estava e entrei em casa. Procurava Ross para lhe entregar as chaves mas não o encontrava em lado nenhum, deve ter saído ou então está na casa de banho… Ou… Já sabia onde encontrá-lo, na piscina.
Quando consegui por fim encontrá-lo, estava na piscina a apanhar sol com a sua prima, davam-se muito bem, têm o mesmo carater e o mesmo sangue, têm tudo para se dar bem. Aproximei-me deles, tinha de dar a chave a Ross.
- Aqui tem as suas chaves, sem nenhum risco nem nada – disse a Ross que estava sentado numa espreguiçadeira.
- Assim gosto – acrescentou – Como ficou a Rydel no colégio? – Perguntou.
- Ficou bem – disse de um modo mais ou menos cortante.
- Podes trazer-me um sumo natural de laranja? – Pediu a loira.
- Já o trago – respondi indo para a cozinha.
- Traz um para mim também – gritou Ross de longe.
Fui até à cozinha onde estava Glória a preparar a comida, há bastante tempo que não falava com ela, está bastante ocupada e não dá para manter uma conversação amistosa, anda sempre de cá para lá a fazer coisas, aquela mulher não descansa um pouco e já tem alguma idade, devia ter um pouco mais descanso.
- Olá Glória.
- Olá menina, como estás?
- Eu estou bem. Glória tu não descansas?
- O descanso não foi feito para mim – disse a mulher num tom de desilusão.
- Mas se falares com a patroa de certeza que ela te vai entender e dar-te-á uns dias de descanso – disse enquanto partia umas laranjas e as espremia.
- Se peço uns dias quem é que vai tomar conta da cozinha? Tu não podes ficar com o trabalho todo, ficavas louca – disse Glória num tom dramático.
- Sim eu sei, mas eles podiam procurar um substituto ou mesmo tu – disse enquanto deitava o sumo de laranja para os copos que tinha já numa bandeja.
- Ok, vou pedir-lhe mas não prometo nada – disse sorrindo.
- Quero que descanses, tu mereces Glória, vou deixar isto e depois venho ajudar-te – avisei e saí da cozinha.
Com a bandeja nas mãos saí até à piscina, quando cheguei deixei os sumos em cima de uma mesinha pequena.
- Não desejam nada mais? – Perguntei.
- A Glória que se despache com a comida que eu tenho fome – disse Ross.
- Está bem – disse saindo do lugar.
Quando ia a entrar na sala vi Riker a entrar com muitos cadernos e capas nas mãos.
Caminhei rapidamente até ele e ajudei-o com os cadernos que trazia.
- Deram-te muitos TPC’s – disse enquanto punha os livros na mesa.
- Nem me digas nada – queixou-se – Vou explodir com tanta coisa.
- Se quiseres posso ajudar-te no que não entenderes.
- Às vezes comparo-te com um anjo, sabias? – Disse Riker.
- És um amor, Riker – ri – E porque me comparas com um anjo?
- Porque és boa, limpas, ajudas em tudo, és perfeita como mulher – acrescentou ternamente.
- Obrigada – agradeci – Vai lavar as mãos para que possam almoçar.
- E o Ross e a Amanda? – Perguntou.
- Estão na piscina, vou chamá-los para almoçar.
- Ok, desço já, estou a morrer de fome – disse enquanto subia as escadas.
Fiquei a pensar nas palavras de Riker, ele era um amor, gostava de ter tido um irmão como ele, tão atento e carinhoso, ele e a Rydel eram tão diferentes dos seus pais e do seu outro irmão. Desde que cheguei para trabalhar nesta casa nunca tinha trocado palavras com Mark, o meu patrão. Eram todos tão frios, nunca os tinha visto sair todos em família, eu tinha sempre tempo para sair com a minha família, dava-me muita pena ver a Rydel aborrecida todo o dia e o Riker a estudar o dia todo para ter uma boa carreira e ser alguém importante na vida, tudo ao contrário do seu irmão, que era só mais um preguiçoso.
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Just a Maid
FanficSara é uma rapariga de 18 anos, humilde, de bom coração que decide trabalhar numa casa de ricos, a casa dos Lynch, uma família que se deixa levar pela arrogância, pelas aparências e pela ambição. Jamais pensou que trabalhar numa casa como esta seria...