Capítulo 5 - "O que se pode esperar da empregada, não?"

1.8K 104 4
                                    

- Devias ver por onde andas empregadinha de meia tigela – disse a loira.

- Desculpe, não a vi.

- Desastrada e como se não bastasse cega… O que se pode esperar da empregada, não? – Disse fulminando-me com o olhar e saindo do lugar.

Fiquei ali parada a ver como a loira desaparecia da minha vista, a verdade é que ela não gosta de mim mas tenho de conter a minha vontade de lhe gritar tudo o que merecia ouvir na cara e dar-lhe um bom murro na boca para que ficasse calada, se o faço vou logo para a rua, ainda não compreendia como é que tinham tão maus modos e não conseguiam tratar as pessoas bem, não tiveram educação?

Suspirei e fui à procura de Rydel para ir levá-la ao colégio.

Quando a encontrei estava sentada no lago com água verdosa, atirava pequenas pedrinhas para ele. Deu-me um pouco de pena, a pequena nunca saía, estava sempre com os seus cadernos e marcadores para desenhar, não recebia visitas de amigos nem ela os visitava, não estava a aproveitar a sua infância ao máximo como devia fazer. Vou fazer com que aquela menina não fique aborrecida e disfrute.

- Olá Rydel – cumprimentei-a aproximando-me.

- Ah… Olá Sara – cumprimentou desanimada.

- Estás pronta para ir para o colégio? – Perguntei.

- Sara, não me apetece ir – disse a pequena.

- Tens que ir pequena se não o teu pai e a tua mãe vão ficar zangados.

- Eles nunca estão em casa, nem vão dar por isso, eles não vão saber de nada, por favor Sara – suplicou.

- Tens de ir, se fores quando voltares levo-te a um parque e brincamos, depois comemos um grande gelado, pode ser? – Perguntei.

- Prometes?

- Prometo – disse com um sorriso.

- Está bem, então vamos se não chegamos tarde.

Quando entramos na sala de estar para ir para o colégio Ross falou com Rydel.

- Rydel estás pronta? Vou levar-te ao colégio – avisou procurando a chave do seu carro.

- A Sara vai levar-me, eu pedi-lhe ontem – disse a pequena agarrando-me na mão.

- Tens de andar e vais ficar cansada.

- Então dá as chaves do teu carro à Sara que ela me leva – disse Rydel tranquilamente.

Ross olhou para mim um pouco zangado.

- Sabes conduzir? – Perguntou.

- Sim – respondi.

- Se vem com algum risco ou chocas ou…

- Percebi – interrompi-o – Terei muito cuidado.

- Adeus Rydel, estuda muito – disse Ross saindo.

Meti a Rydel no carro e coloquei-lhe o cinto de segurança, sentei-me no lugar do condutor, o carro era preto, via-se que tinha custado muito dinheiro, pus as chaves e liguei-o, saí de casa. Minutos depois cheguei ao colégio, despedi-me dela e fui para casa outra vez, o carro não sofreu danos, deixei-o onde estava e entrei em casa. Procurava Ross para lhe entregar as chaves mas não o encontrava em lado nenhum, deve ter saído ou então está na casa de banho… Ou… Já sabia onde encontrá-lo, na piscina.

Quando consegui por fim encontrá-lo, estava na piscina a apanhar sol com a sua prima, davam-se muito bem, têm o mesmo carater e o mesmo sangue, têm tudo para se dar bem. Aproximei-me deles, tinha de dar a chave a Ross.

- Aqui tem as suas chaves, sem nenhum risco nem nada – disse a Ross que estava sentado numa espreguiçadeira.

- Assim gosto – acrescentou – Como ficou a Rydel no colégio? – Perguntou.

- Ficou bem – disse de um modo mais ou menos cortante.

- Podes trazer-me um sumo natural de laranja? – Pediu a loira.

- Já o trago – respondi indo para a cozinha.

- Traz um para mim também – gritou Ross de longe.

Fui até à cozinha onde estava Glória a preparar a comida, há bastante tempo que não falava com ela, está bastante ocupada e não dá para manter uma conversação amistosa, anda sempre de cá para lá a fazer coisas, aquela mulher não descansa um pouco e já tem alguma idade, devia ter um pouco mais descanso.

- Olá Glória.

- Olá menina, como estás?

- Eu estou bem. Glória tu não descansas?

- O descanso não foi feito para mim – disse a mulher num tom de desilusão.

- Mas se falares com a patroa de certeza que ela te vai entender e dar-te-á uns dias de descanso – disse enquanto partia umas laranjas e as espremia.

- Se peço uns dias quem é que vai tomar conta da cozinha? Tu não podes ficar com o trabalho todo, ficavas louca – disse Glória num tom dramático.

- Sim eu sei, mas eles podiam procurar um substituto ou mesmo tu – disse enquanto deitava o sumo de laranja para os copos que tinha já numa bandeja.

- Ok, vou pedir-lhe mas não prometo nada – disse sorrindo.

- Quero que descanses, tu mereces Glória, vou deixar isto e depois venho ajudar-te – avisei e saí da cozinha.

Com a bandeja nas mãos saí até à piscina, quando cheguei deixei os sumos em cima de uma mesinha pequena.

- Não desejam nada mais? – Perguntei.

- A Glória que se despache com a comida que eu tenho fome – disse Ross.

- Está bem – disse saindo do lugar.

Quando ia a entrar na sala vi Riker a entrar com muitos cadernos e capas nas mãos.

Caminhei rapidamente até ele e ajudei-o com os cadernos que trazia.

- Deram-te muitos TPC’s – disse enquanto punha os livros na mesa.

- Nem me digas nada – queixou-se – Vou explodir com tanta coisa.

- Se quiseres posso ajudar-te no que não entenderes.

- Às vezes comparo-te com um anjo, sabias? – Disse Riker.

- És um amor, Riker – ri – E porque me comparas com um anjo?

- Porque és boa, limpas, ajudas em tudo, és perfeita como mulher – acrescentou ternamente.

- Obrigada – agradeci – Vai lavar as mãos para que possam almoçar.

- E o Ross e a Amanda? – Perguntou.

- Estão na piscina, vou chamá-los para almoçar.

- Ok, desço já, estou a morrer de fome – disse enquanto subia as escadas.

Fiquei a pensar nas palavras de Riker, ele era um amor, gostava de ter tido um irmão como ele, tão atento e carinhoso, ele e a Rydel eram tão diferentes dos seus pais e do seu outro irmão. Desde que cheguei para trabalhar nesta casa nunca tinha trocado palavras com Mark, o meu patrão. Eram todos tão frios, nunca os tinha visto sair todos em família, eu tinha sempre tempo para sair com a minha família, dava-me muita pena ver a Rydel aborrecida todo o dia e o Riker a estudar o dia todo para ter uma boa carreira e ser alguém importante na vida, tudo ao contrário do seu irmão, que era só mais um preguiçoso.

Just a MaidOnde histórias criam vida. Descubra agora