Capítulo 22 - "Sempre gostei de ti"

1.4K 105 7
                                    

- Responde, o que fazes aqui a ver coisas que não são da tua competência? – Perguntou tirando-me o colar das mãos.

- Estava só a limpar e esta caixa caiu – olhei para a caixa – Chateia-te? – Perguntei.

- São coisas minhas e privadas – disse frio.

- Desculpa – desculpei-me, apanhei as fotos que tinham caído e dei-lhe tudo – Toma, a tua namorada era muito bonita.

- Eu sei – respondeu.

- Deve ter sido muito difícil para ti – disse ternamente.

- E foi – respondeu da mesma maneira – E tu não tiveste namorado?

Levantei a cabeça e olhei para ele.

- Não encontrei a pessoa certa – respondi mordendo o lábio – Mas não estou à procura de ninguém.

- Que bom – dirigiu o seu olhar para outro lado – Precisas de ajuda? – Perguntou.

- Se tivesse alguém que me ajudasse seria muito mais fácil – sorri levemente – Mas não há ninguém para me ajudar – disse agarrando na vassoura.

- Se quiseres eu posso ajudar-te.

A sério que ele disse isto? O que é que se estava a passar? É bipolar ou quê? Há uns minutos atrás estava quase a bater-me porque eu não devia nem sequer tocar ou ver, agora estava a dizer que me queria ajudar a fazer a limpeza ao sótão. Estava mesmo surpreendida com a sua atitude.

- Estás a falar a sério? – Perguntei.

- Achas que estou a brincar? – Perguntou levantando uma das suas sobrancelhas.

- Só me surpreende, mas se não é muito trabalho para ti – agarrei num pano e dei-o – Bem-vindo ao trabalho – disse e agarrei na vassoura de novo para voltar a varrer.

Estivemos a limpar cada canto, de vez em quando trocávamos olhares, nunca o tinha visto trabalhar daquela forma. Estava a aperceber-me de que Ross não era uma má pessoa, ele queria ser amável mas não sabia como o ser. Ross estava a mudar um móvel de sítio enquanto eu limpava o piano, estava a admirá-lo, desde pequena que tinha aulas mas deixei de tê-las quando tinha dezasseis anos porque os estudos e outros deveres me obrigaram a deixá-las, olhei bem para ele e estava impecável, não sei porquê que o tinham aqui.

Não aguentei mais e toquei numa das teclas produzindo um som agudo, fazendo Ross dar um salto de susto.

- Desculpa – disse baixando o olhar até ao piano.

- Gostas? – Perguntou.

- É o meu instrumento preferido.

- E sabes tocar?

- Sim.

- Queres tocar?

- Posso? – Olhei para ele pedindo-lhe permissão.

- Claro.

Sentei-me num banco que já tinha limpo, Ross só olhava para mim, relaxei os dedos movendo-os um pouco e toquei uma melodia.

Ross não percebeu o porquê mas sentiu admiração porque o som foi completamente lindo, encantador para os seus ouvidos.

- Tocas lindamente…

- A sério? – Perguntei.

- Eu não minto – respondeu, sentou-se no banco ao meu lado – Ainda não percebi porquê mas… – Fez uma pausa – Mas começo a gostar mais de ti.

 - Não gostavas de mim?

- Digamos que não eras do meu agrado.

Sorri, estava a adquirir a confiança dele, gostava que pudéssemos conversar assim como duas pessoas civilizadas e não como cão e gato.

- Sempre gostei de ti, só me irritava a tua forma de ser e as tuas atitudes negativas.

Ele olhou-me nos olhos, perdi-me no seu olhar, nem pestanejar podíamos. Ele via inocência, esforço, humildade e pureza nos meus olhos e eu via tudo o que ele tinha passado na vida, o seu olhar não demostrava nenhuma felicidade.

Um impulso fez com que Ross se aproximasse mais de mim, o meu olhar dirigiu-se aos seus lábios, aqueles lábios com uma forma de coração eram completamente apetecíveis e com um movimento imprevisto beijou-me, os seus lábios moviam-se lenta mas apaixonadamente.

Nenhum de nós tinha imaginado estar daquela forma, Ross detestava-me e eu não suportava a sua atitude mas às vezes a vida tem mudanças inesperadas.

Os nossos lábios tinham sido feitos uns para os outros, os nossos olhos estavam fechados, dava uma linda cena romântica, até que nos separamos daquele memorável e perfeito beijo porque nos faltou o ar.

Just a MaidOnde histórias criam vida. Descubra agora