O sonho.

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Capitulo 1

Foi bem preocupante, tudo aquilo, aquele aperto no coração, não era apenas o fato de ser um adolescente com os hormônios a flor da pele. Estava em frente ao espelho do quarto, os olhos cheios de lágrimas, porém não queria chorar. Eu queria explodir! Colocar tudo para fora. A testa agora suava tanto. Esfreguei com as costas das mãos. Meu estomago estava em frangalhos. Não queria sentir aquilo. O amor e o desejo.

Foquei no meu reflexo, não era feio, não era bonito, era apenas eu. Cabelos pretos, um leve topete comportado demais, costeletas finas. Dei-me um sorriso falso. Respirei fundo e disse: Eu estou apaixonado pelo Leonardo! Fiquei surpreso. Tinha acabado de me assumir para meu reflexo. Meu reflexo agora não me imitava e me apontou o dedo indicador dizendo - Eu sempre soube que você era uma bichinha! Senti uma mão em meu ombro e me virei imediatamente. Leonardo me olhava irado, parecia estar possuído. – O que você pensa que está fazendo Gabriel!?

Dream ! Dream, Dream, Dream , When i feel blue, in the night...

Abri os olhos assim que percebi a música do meu despertador. – Caramba, que sonho foi esse? Sentei na cama ainda dormindo, totalmente abalado. Abri um olho, e depois o outro. Levantei como se fosse um enfermo terminal. Odeio acordar cedo e pior que acordar cedo é ter um pesadelo como aquele. Me arrastei até o banheiro e abri o chuveiro. A única forma de despertar bem era jogando bastante agua na cara. Fechei os olhos e vi Leonardo com aquela expressão irada, como se quisesse me matar, cogitei fazer aquilo que os adolescentes fazem.

-Gabriel anda logo, pare de gastar água! Gritou minha mãe atrás da porta. Revirei os olhos enquanto me ensaboava, em seguida passei xampu e me enxaguei. Já vestido e secando o cabelo, minha mãe entrou no quarto.

-Gabriel?! Vamos logo, hoje tenho que chegar mais cedo no trabalho!

- Hoje não vou com você, vou passar na casa da Karen, vamos tomar café juntos.

-Vocês dois vão casar, heim.

Dei um sorriso bem cínico. Ela sorriu e me deu um beijo na testa, revirei os olhos. Toda vez que minha mãe me dava um beijo na testa, me sentia com cinco anos de idade. No fundo gostava.

- Pegue aqui uns trocados para o lanche. Me entregou o dinheiro e saiu em seguida.

Antes de chegar na casa da Karen que ficava duas ruas acima da minha, ela me esperava na frente de sua casa. Estava sorridente demais para segunda de manhã.

-Venha entre! Os ovos mexidos vão esfriar!

Mal entrei e senti o cheiro delicioso de café da manhã, a mãe da Karen, Lucia, estava na beirada do fogão sorrindo. -Bom dia Gabi! Disse ela.

Me sentei e Karen me serviu um prato com pão e ovos e Lucia colocou uma xicara de café com leite. – Parem com isso eu estou me sentindo um marajá. Lucia riu bem alto.

-Marajá? Essa é velha. Disse Lucia.

-O que é isso? Perguntou Karen.

- É como realeza. Respondi com ar de nobreza, arqueando as sobrancelhas.

Karen é minha melhor amiga desde sempre, falo isso porque não lembro da época em que não éramos amigos. É como se fossemos irmãos, pensei em contar a ela sobre o pesadelo que tinha tido durante a madrugada, mas achei melhor não contar. Não queria me expor tinha medo da reação dos meus pais e dos meus amigos.

- Você está muito aéreo Gabi. Disse Karen enganchando seu braço no meu.

-Estou ?! ou sou? Deixei sair um meio sorriso no canto da boca. Estávamos caminhando na calçada da rua da escola quando ouvimos Rafael gritando logo atrás da gente.

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