Na manhã do baile fiquei surpreso ao ver uma mensagem do Danilo. Na noite anterior eu havia lhe enviado uma mensagem de texto, perguntado se ele poderia ir comigo ao baile comigo. Fiz questão de deixar claro que seria como amigos, afinal eu não queria que fossemos inimigos e ele parecia ter levado o termino do nosso namoro prematuro numa boa.
Claro que sim, que horas passo para buscar o 'princeso'? Pelos emojis sorridentes ele parecia estar tirando um sarro da minha cara, no entanto, ele iria me acompanhar no baile. Para acabar com o mistério resolvi ligar e na segunda chamada ele atendeu.
- Oi Gabriel! Falou ele de bom humor no outro lado da linha.
- Oi Danilo, queria confirmar se você pode ir mesmo comigo no baile. – Sim, eu não estava brincando. A única coisa que não poderei é ir busca-lo de limusine, tudo bem? Brincou ele.
- Eu prefiro o Palio mesmo, combina com a gente.
Danilo deu uma risada gostosa do outro lado da linha. A risada apaixonante dele. Por um milésimo de segundo tinha me arrependido de ter terminado com ele. Isso era algo que eu sempre sentia, após o termino. Aquela sensação vazia de que tinha me precipitado.
- Então até mais tarde Gabi. As sete?
- Sim as sete Dan. Finalizei.
Fiquei surpreso quando o chamei de Dan. Quando estávamos namorando, eu nunca senti essa intimidade. Me peguei novamente pensando em nosso namoro. Era engraçado que eu pensava mais em nosso namoro, do que no Danilo em si.
Minha mãe chegou logo depois com o smoking alugado. Mesmo eu dizendo que não era necessário ela foi e alugou mesmo assim. E sorrindo mais que o normal ela estendeu a vestimenta como se estivesse anunciando um prêmio naqueles comerciais de televisão.
- Obrigado mãe. Disse sorrindo enquanto pegava o smoking e para minha surpresa não era alugado.
- Mãe, a gente podia? Olhei para ela espantado.
- Você eu não sei. Eu podia parcelar no cartão. Ela se sentiu poderosa quando disse aquilo. E eu era o filho daquela poderosa.
- Mais uma vez obrigado. Ia ser estranho usar o smoking do pai da Karen. Falei me sentindo culpado.
Quando voltei ao quarto, peguei o telefone para ligar para Karen.
- Zoccola! Eu não vou precisar do smoking do seu pai. Minha mãe acabou de me comprar um. Falei cantando na ultima frase. Karen ficou muda por um instante o que me fez pensar que a ligação tinha caído.
- Graças a Deus, eu já estava ficando louca tentando passar esse smoking. Sussurrou Karen.
-Porque está sussurrando? Perguntei curioso.
-Ah nem eu sei! Falou Karen no tom normal. O que me assustou.
- Tudo pronto para mais tarde?
- Claro que não. Agora vou poder arrumar meu vestido, já que posso cancelar o smoking. Viu como eu penso mais em você, do que em mim própria? Ela falou e em seguida deu risada.
-Então vou deixa-la nos seus afazeres.
- Ciao Frocione.
Karen era mesmo doida, mas hoje ela estava mais que o normal. Provavelmente preocupada com o Baile e com o Leonardo. Seria o primeiro baile dela com um namorado. Naquele breve momento me lembrei que no começo do ano eu era apaixonado pelo Leonardo e fui acabar morrendo de amores pelo ex melhor amigo dele. Vai entender a vida, não é mesmo.
Algumas horas mais tarde eu me revelava na sala vestindo o smoking e quando minha mãe não olhou, eu dei duas batidas com o sapato como se fizesse sapateado.
- Meu deus, parece até gente! Exclamou ela
- Ah sei. Falei dando um sorriso sem graça. Estava me sentindo muito estranho com aquela roupa.
- Estou brincando, você está lindo e tenho muito orgulho de você. Disse ela se levantando e o ficar próxima a mim, ajeitou minha gravata. Os olhos dela se encheram de lágrimas de repente.
- Desculpa filho, mas você... Você está parecendo muito com seu pai.
Agora meus olhos se encheram de lágrimas também e por um instante podia ver ele acenando para mim e contente.
- Tudo bem mãe. Eu sou mais bonito. Alertei tentando espantar a emoção.
- Eu também acho. Ela deu um sorriso.
A buzina do Palio lá fora nos interrompeu. Abracei minha mãe, me despedi e antes que eu passasse pela porta da frente minha mãe segurou minha mão.
- Filho. Quero que seja muito feliz.
- Obrigado. Sorri
Segui caminhando até o carro e quando olhei para trás vi ela acenando exageradamente para o Danilo.
Aquela era mesmo a melhor mãe que alguém poderia ter e eu tinha aquela sorte.
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Adolescência Moderna
Roman d'amourGabriel um adolescente comum, que tem amigos comuns, estuda numa escola comum e tem uma mãe comum. É, mas na adolescência tudo pode ser uma tempestade num copo d'água ou um problema real. Nessa história do cotidiano familiar e colegial, podemos nos...