Após chegar em casa naquele dia, só lembro da minha mãe me ajudar, meu quarto, minha cama, eu deitando e fechando os olhos. Um dorzinha começava a aparecer, logo veio minha mãe com a dipirona, senti aquele gostinho amargo misturado a água. Sono, e mais sono, nunca pensei que pudesse dormir tanto. Mais tarde a noite, tinha um pouco de ânimo para me manter acordado, minha mãe trouxera um pouco de sopa para mim.
- Como se sente Gabi? Disse minha mãe sentando ao meu lado na cama, a tv na cômoda estava ligada passando um programa aleatório.
- Estou melhor, apenas cansaço, sabe. Falei antes de mandar uma colherada de sopa para dentro.
Minha mãe respirou fundo antes de continuar. – Não posso dizer que concordo com você beber, mas seria hipócrita se o proibisse. A Karen, Rafa e o garoto. Minha mãe fechou os olhos tentando lembrar. – O... Peterson. Eles me contaram tudo, realmente sei que foi mesmo um acidente. Eu sou mãe, sabe, preciso ter essa conversa com você, porque você é meu maior tesouro... Eu nem precisava olha para ela, para saber que estava chorando.
Eu me sentia péssimo, por fazê-la passar por isso. Queria dizer a ela que tudo ficaria bem, porém não quis prolongar aquele sofrimento.
- Me desculpe, mãe. Você também é meu tesouro.
Minha mãe me olhou enxugando as lágrimas.
-Agora vá, coma sua sopa. Forçou um sorriso.
Eu pensei em falar algo, não sabia o que fazer para sair daquele clima, mostrar que estava tudo bem. Que tudo isso era algo isolado. Minha mãe as vezes pensava que a morte do meu pai havia me trazido um trauma irreparável. Foi triste, foi difícil, mas eu superei, levei o melhor daquilo para seguir em frente. Em meio aos meus pensamentos a campainha tocou. Minha mãe logo levantou.
- Deve ser seus amigos. Disse ela passando pela porta.
Alguns segundos depois vi Karen e Rafael na entrada do meu quarto, Karen sorria muito, Rafael me olhou e deu uma piscada sorrindo em seguida.
- Está melhor Frocione? Disse Karen
- Bambino! Disse Rafael.
- Estou com tanto sono! Era apenas a coisa que passava na minha cabeça. Sono.
-Já está nos mandando embora? Disse Rafael segurando o riso. Minha mãe que estava ali sem se manifestar falou:- Vocês querem jantar? Fiz uma sopa maravilhosa.
-Não, Obrigada. Disse Karen
-Sim, Obrigado. Disse Rafael.
Todos rimos, e minha mãe foi na cozinha, provavelmente fazer um prato sopa para Rafael. Fiz um gesto para que eles se sentassem na cama, os dois me obedeceram sentando ambos na ponta da cama, cada um de um lado. Karen colocou a mão na minha perna fazendo movimentos como se massageasse. Rafael a imitou.
-Vou querer ficar doente sempre. Falei.
Ambos deram um tapinha nas minhas pernas, nesse momento minha mãe entrou com uma bandeja, onde se via uma cumbuca e pães.
- Obrigado Tia. Agradeceu Rafael.
-Vou deixar vocês a vontade tenho umas coisas para arrumar, afinal amanhã é segunda. Eu entendi 'amanhã é segunda', como quem diz: nada de ficarem até tarde. Talvez minha mãe estivesse muito cansada. Nem poderia culpa-la.
Rafael devia estar na metade da sopa, Karen olhava para ele espantada.
- Preciso dizer uma coisa. Falei
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Adolescência Moderna
RomanceGabriel um adolescente comum, que tem amigos comuns, estuda numa escola comum e tem uma mãe comum. É, mas na adolescência tudo pode ser uma tempestade num copo d'água ou um problema real. Nessa história do cotidiano familiar e colegial, podemos nos...