Fiquei ali sentado no sofá por trinta minutos, tudo passou pela minha cabeça, o dia que conheci o Danilo até o momento que o vi indo embora. No fundo tudo parecia uma grande perca de tempo e isso fazia eu me sentir péssimo. Cogitei ligar para o Danilo e dizer que estava arrependido e ao mesmo tempo me repreendendo por ter esse pensamento. Por fim peguei o telefone e liguei para Karen que chegou quase que imediatamente, pareceu até, que me aguardava do lado de fora da casa.
- Oi Karen.
- Sua cara está péssima
- Como chegou tão rápido. Minha voz saiu fanha.
- Sua mãe falou para minha e eu meio que já esperava você me ligar. Então estou aqui.
Karen me deu o abraço que eu estava precisando e naquele abraço eu desabei. A culpa de gostar de alguém que provavelmente tinha me esquecido era a pior coisa que sentira desde de a morte do meu pai. Tudo visto de pontos de vista diferentes. Naquele momento eu só queria sentir aquele abraço, que me era muito familiar. Lembro de sentir o mesmo abraço no funeral do meu pai. Depois de um longo momento nos afastamos. Vi o rosto da Karen cheios de lágrimas.
- Sabe, a gente quer tanto que todo munda seja feliz e quando isso não acontece, é simplesmente horrível. Eu queria que o Danilo fosse seu porto seguro e que ele te ajudasse a seguir em frente. Karen fez uma pausa chorosa e seguiu. – Eu, eu estou aqui para você, sempre que precisar, não importa a hora ou o dia. Nascemos em famílias distintas, mas somos irmãos, para sempre.
Eu ainda chorava, mas agora sentindo uma felicidade confortante. Aquelas palavras vieram como uma lição. Eu não estava sozinho e nunca estive. Ficamos em completo silencio por alguns minutos após nos sentarmos no sofá.
- Obrigado. Disse quebrando o silêncio.
- Imagine, eu que agradeço. Ela sorriu.
No dia seguinte logo pela manhã passei na casa da Karen para tomar café da manhã e minha mãe me acompanhou.
- Olá. Disse o pai da Karen quando abriu a porta.
- Nossa que mesa de café maravilhosa. Disse minha mãe.
Nos sentamos todos juntos, inclusive o pai da Karen, que sempre saia cedo para trabalhar e aquilo foi ótimo. Era sempre bom ver a família reunida.
- Aproveitando que estamos reunidos, gostaria de fazermos uma menção ao Fabio. Falou o Pedro, pai da Karen.
Todos na mesa ficaram em silencio, apesar de sempre lembrar do meu pai, não ouvia seu nome em voz alta a um bom tempo. Em seguida Pedro continuou.
- Faz alguns anos que perdemos nosso amigo, o pai e o marido. Apesar de não estar mais conosco, tenho certeza que ele pode ver que estamos aqui reunidos e lembrando dele.
Eu sorri automaticamente, alias todos na mesa e foi um café da manhã bem diferente uma energia muito boa.
Meia hora depois eu e a Karen viramos a esquina da escola e vimos Rafael de braços cruzados nos olhando sério.
-Não acredito, não me chamaram de novo para o café? Perguntou Rafael assim que chegamos perto o suficiente e puder ver uma tristeza verdadeira no seu olhar.
- Desculpa Rafa, nem eu sabia do café, minha mãe chamou o Gabriel e a tia Ligia de ultima hora. Paz. Que tal café da tarde hoje lá em casa?
- Sério? Vou amar estar com vocês! Disse Rafael soltando um belo sorriso.
Percebi que nós três tínhamos voltado totalmente ao normal, depois das brigas, nossa amizade estava mais forte do que nunca e isso era ótimo.
- Eu acho que não vou querer estar com vocês. Provoquei.
- Bom, então iremos eu e a Karen então. Rafael se enganchou no braço da Karen seguiram a caminho da escola me deixando para trás.
Leonardo passou por mim sorrindo e se enganchou no outro braço da Karen e lhe deu um beijo no rosto.
Fiquei observando-os e senti gratidão por tê-los na minha vida. Karen olhou para trás e mostrou a língua fazendo uma careta engraçada. Eu sorri e corri até eles e entramos na escola.
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Adolescência Moderna
Storie d'amoreGabriel um adolescente comum, que tem amigos comuns, estuda numa escola comum e tem uma mãe comum. É, mas na adolescência tudo pode ser uma tempestade num copo d'água ou um problema real. Nessa história do cotidiano familiar e colegial, podemos nos...