Claudia estava parada na entrada da casa, com uma cara de certo espanto. Sua feição demonstrava estar arrasada ou apenas cansada. Tive que me segurar para não gritar com ela ali mesmo. Peterson colocou a mão em meu ombro, provavelmente porque percebera o que eu iria fazer.
-Oi, Peterson, oi Gabriel, não esperava encontrar os dois aqui, mas todo caso, fico feliz. Porque assim posso falar com os dois ao mesmo tempo. Falou Claudia de forma bem calma e aquilo me irritou ainda mais. Eu bufei.
- O que precisa falar com a gente? Perguntou Peterson firme.
- Bom não vou enrolar, eu quero pedir desculpas, eu agi como uma garota idiota. Eu a interrompi. – Bem idiota! Quase gritei. Peterson me olhou, censurando. Perecia mesmo disposto a ouvir o que a garota de sardas no rosto queria dizer. E Claudia após uns segundos continuou dessa vez olhando apenas para o Peterson. – Bom eu não me orgulho muito do que fiz, eu realmente era apaixonada por você Peterson e quando você me deu aquele fora, me senti um lixo e queria me vingar. Foi então que percebi que você gostava do Gabriel- Eu apenas observava aquilo como se não estivesse ali. Peterson então a interrompeu perguntando. – Como descobriu que eu gostava do Gabriel?
Claudia me olhou por uns segundos e voltou a fitar o Peterson. – Foi no dia da festa, precisava ver a sua cara quando o Gabriel chegou. Claudia agora parecia estar debochando da situação e logo meu silêncio quebrou.
- E então se achou no direito de tira uma foto nossa e postar para toda a escola, sua idiota! Gritei com todas as minhas forças. E sabia que por sua causa Peterson apanhou do pai! Continuei.
- Não .. disso eu.... Eu a interrompi. – Pessoas como você fazem a vida das pessoas pior, apenas para o prazer próprio.
-Eu realmente sinto muito. Percebi lagrimas caindo dos olhos dela. Aquilo me acalmou, apesar de ser errado.
- Tudo bem Claudia, acho que todos nós podemos seguir em frente. Peterson, como sempre, a pessoa mais compreensiva do mundo e ao me olhar percebi que não valia a pena prolongar aquilo.
-Ta bom! O que passou, passou. Murmurei contra a minha vontade.
Claudia nos olhou por alguns segundos, não saberia dizer se ela estava esperando algo de nós. E então ela sevirou e se foi sem dar tchau. Achei justo, afinal não seriamos amiguinhos de agora em diante.
Quando voltamos para a sala de jantar todos estavam sentados a mesa como se esperassem a gente voltar para saber o que tinha acontecido.
- Está tudo bem gente. Era Claudia. Falei enquanto me sentava.
-Ouvimos a voz dela. Disse Karen e Rafael concordando com a cabeça.
- Já passou, ela veio se desculpar e vai ficar tudo bem a partir de agora. Falou Peterson se servindo um pedaço de pizza.
- Que bom, meninos. Disse minha mãe.
- É verdade, ficar guardando mágoas não faz nada bem. Completou Lucia.
Enfim nosso jantar começou. Rafael, como sempre, fazendo as piadas e agora como andava bem arrumado e cabelo penteado, parecia estar ainda mais engraçado do que nunca. Karen, cortava o barato dele e ele nem ligava. Lucia e minha mãe sempre rindo de tudo. Peterson, às vezes, me olhava e piscava o olho. Tudo seguiu bem e quando estava comendo meu ultimo pedaço de pizza a campainha tocou novamente. Minha mãe resolveu ir atender. Passados alguns segundos ela voltou cabisbaixa.
- Peterson é seu pai, ele quer que vá embora com ele.
Peterson levantou rapidamente da mesa e se dirigiu a porta, eu no seu encalço.
-O que está fazendo aqui pai? – Venha para casa agora! Eu ainda sou seu pai! Esbravejou o homem. – Eu estou jantando. – Em casa também temos comida. Anda, não me faça esperar. Peterson parecia tentado a ceder ao pai para evitar problemas, até que o pai continuou. – Não deveria estar na casa dessa gente, é por isso que você virou isso, andando com esse garoto. O Pai do Peterson me olhou com ódio. – Você respeite o meu filho! E respeite minha casa. Minha mãe falou bem alto e eu nunca a tinha visto dessa forma. – Pai, você é um grande idiota! Peterson já começava a chorar. Eu não consegui esboçar nenhuma reação, estava chocado com aquilo tudo. – Anda venha logo ou vou te levar a força. –Não ouse agredir Peterson novamente. Gritou minha mãe.
O Pai do Peterson fingiu não ouvir o que me minha mãe falou e pegou Peterson pelo braço, ele puxou o braço e disse. – Me espera lá fora! O pai o obedeceu enquanto saía pisando duro em direção ao carro. Peterson se voltou para mim e minha mãe e pediu desculpas.
- Melhor eu ir, afinal de contas ele é meu pai. Falou desolado.
Eu o abracei forte, como se aquele fosse nosso ultimo abraço e se daquilo dependesse para viver.
-Se precisar de algo ou se ele te agredir, não hesite. Ligue para mim! Falou minha mãe.
Peterson se despediu rapidamente de todos e foi até o carro do pai. Assim que Peterson entrou o pai dele acelerou o carro que cantou pneus.
Karen e Rafael ficaram comigo até eu receber uma mensagem de Peterson dizendo que estava bem. No visor chegou a mensagem dele: Oi meu amor, meu pai só ficou falando um monte na minha cabeça, mas não encostou em mim. Já estou na cama, te amo.
Aquela situação estava insuportável, a única luz no fim do túnel era que no ano seguinte iríamos fazer 18 anos e esse tormento com o pai dele, não seria mais um empecilho, pelo menos, não legal. Após um banho me deitei esperando o sono chegar e então fui tragado para o sono profundo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Adolescência Moderna
RomanceGabriel um adolescente comum, que tem amigos comuns, estuda numa escola comum e tem uma mãe comum. É, mas na adolescência tudo pode ser uma tempestade num copo d'água ou um problema real. Nessa história do cotidiano familiar e colegial, podemos nos...