Planos para o futuro.

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Liguei várias vezes para Danilo naquela noite, mas ele não atendeu, de proposito creio. Ele devia estar mesmo chateado. Eu estava chateado comigo mesmo. No dia seguinte enquanto comia meu lanche liguei novamente, tinha sido ignorado mais uma vez com sucesso.

-Quer meu lanche não consigo terminar de come-lo. Falei. Rafael abocanhou com muita fome. Nem água descia pela minha garganta. Decidi não me preocupar.

- Calma Frocione, ele está chateado, logo ele te liga e vocês se acertam, mas... Karen se interrompeu e olhou para mim, se certificando que eu estava mesmo prestando atenção. – Você tem que superar o Peterson, de verdade, ninguém quer um namorado que fica chocado ao ouvir o nome do ex.

Odiava a Karen as vezes, não ela toda é claro. Odiava quando ela estava totalmente certa o que era muito comum. Não sabia o que dizer, então como quem cala consente, mudo fiquei.

Duas horas depois todos os alunos saíam pelos corredores, pois terminara a aula. Karen me acompanhava enquanto descíamos as escadas, Rafael ficou resolvendo algo na biblioteca. Quando terminei de descer as escadas logo vi um carro bem conhecido, era o Danilo. Danilo não fez nem questão de buzinar ou algo do tipo.

- Tudo bem, eu volto sozinha. Não vi pesar nas palavras da Karen.

-Tudo bem mesmo?

-Sim, amore mio. Ela sorriu e seguiu na outra direção.

Voltei toda a minha atenção no carro, ou melhor, ao Danilo no carro com cara de poucos amigos. Caminhei lentamente como um jovem que sabe que vai tomar bronca dos pais e ficar um mês de castigo.

-Posso entrar? Perguntei enquanto me abaixava na janela do carona.

-Não precisa pedir para entrar no meu carro. O tom de voz do Danilo estava bem seco, porém ainda educado.

- Calor, não é? Depois dizer aquilo, eu quis morrer.

Danilo, não falou nada, pôs o motor a funcionar, subiu os vidros e ligou o ar-condicionado. O carro permaneceu no lugar e esperei ele sair para dizer algo.

- Tem algo que queira me dizer? Perguntou ele sem me olhar.

- Na verdade, sim e não.

-Vamos, você pode ser mais inteligente. Me senti a pessoa mais burra e infantil do universo e Danilo estava certíssimo.

- Desculpe, digo, eu sei que não deveria ficar mexido com o Peterson, mas eu não sei, ele foi... Foi meu primeiro namorado e tudo acabou de um jeito horrível. Então vou ser honesto com você ele mexe comigo sim, mas eu estou com você e quero ficar com você, entende.

Danilo ficou um minuto em silêncio, o único som, era do ar resfriado que saia dos difusores do painel. Eu abaixei a cabeça. Esperava ouvir um fora.

- Tudo bem. Eu entendo você. Eu só queria saber se eu fazia parte dos seus planos.

- Claro que sim Danilo, você tem sido tudo para mim. Você devolveu alegria para mim.

Danilo me deu um sorriso que eu amava. Um sorriso tímido e ao mesmo tempo radiante, como se estivesse sem graça.

- Que tal sairmos para jantar mais tarde?

- Isso seria ótimo, eu pago hoje. Falei.

Horas mais tarde estávamos eu e o Danilo em um restaurante italiano. Comida italiana sempre me agradava, macarronada era minha comida preferida. Pegamos uma mesa que ficava na calçada lembrando aqueles filmes europeus. Todas as mesas estavam com a emblemática toalha xadrez e uma vela acesa no meio. Confesso que eu estava meio envergonhado.

- Está bem aqui?

- Sim está ótimo Danilo.

O que os jovens vão querer. Disse o jovem garçom imitando um sotaque italiano.

- Você precisa falar com esse sotaque? Perguntei curioso, pois achei que ele pudesse estar nos zoando.

- Na verdade sim, coisa do dono, mas se incomoda, posso falar normalmente. Disse o jovem garçom.

Danilo me olhou repreendendo.

- Está tudo bem, de verdade. Falei.

Quando o garçom foi buscar nossos pedidos Danilo me olhou fixamente.

- O que foi isso?

- Não sei, achei que ele estava zombando da gente. Eu acho que fui muito idiota.

- Eu não diria idiota, mas foi esquisito, isso tenho certeza. Falou Danilo bem-humorado, quase rindo.

O garçom nos tratou super bem em toda nossa estadia no restaurante e como forma de desculpas ou algo do tipo, deixei uma gorjeta generosa. Ele ficou muito feliz e eu aliviado.

Do outro lado da rua havia uma praça que estava movimentada. Haviam casais passeando, crianças brincando num parquinho bem iluminado e um chafariz no centro. Danilo me convidou para darmos uma volta e conversar um pouco.

- Adorei estar com você, digo, hoje foi diferente dos outros dias.

- Porque? Me obriguei a perguntar.

- Antes eu não sabia se você queria algo comigo ou só estava passando um tempo. Aquelas palavras me pareceram bastante sinceras.

-Eu realmente quero estar com você e quero lhe pedir uma coisa.

-Eu também quero lhe pedir uma coisa. Falou Danilo.

- O que é?

- Primeiro você. Disse ele.

-Bom, se não puder eu vou entender. Quero te convidar para ser meu par no baile da escola no mês que vem.

Danilo pareceu bastante surpreso com minha proposta, tanto que arqueou as sobrancelhas.

- Vai ser uma honra, ser seu par.

- E o que você queria?

Danilo parou de caminhar e olhou nos meus olhos e falou.

- Você quer namorar comigo?  

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