99% Gay

106 6 0
                                    



Acordei e não tive sonho algum, apenas o inconsciente. O sol penetrava pela janela e uma parte chegava até a ponta da cama, com os pés pude sentir o calor. Quando fui pegar o celular para ver a hora, avistei um bilhete no criado mudo. 'Ah mãe, você é terrível' pensei. Era o bilhete do Saulo, o garoto do shopping. Antes de levantar fiz questão de mandar uma mensagem para ele: Oi Saulo, tudo bem? Espero que sim. E sem querer enviei. Eu juro que trinta segundos depois, chegou a resposta: Oi garoto do shopping! Em seguida chegou mais outra: Pensei que tinha jogado o bilhete fora. Comecei a digitar: Olha desculpe, só queria te dizer que te achei gatinho também, mas eu estou gostando de alguém. Enviei minha primeira mensagem gay, a um garoto gay. Imaginei estar mandando mensagens para o Leonardo e ele me respondendo coisas de amor, coisas de namorado.

E se o Leonardo não for gay? O que farei com esse sentimento que tenho dentro de mim? Fui interrompido por uma mensagem: Ah que pena =( , posso pelo menos saber seu nome? Tratei de responder imediatamente: Gabriel, desculpe a falta de educação.

Não pude deixar de notar que conversar com um garoto gay era bem mais fácil, mais fácil do que contar para minha mãe e os meus amigos, aquele pensamento me angustiou

Tomei banho e fui tomar café. Minha mãe estava na sala, vendo um programa sobre decoração, eu me atirei no sofá ao lado dela abocanhando uma torrada e segurando um xicara de café com leite, a proposito quase derrubei no sofá. Isso era algo meu, derrubar as coisas sem querer ou cair onde ninguém cairia.

- Achou o bilhetinho de amor?

-Mãe?! Terminei de comer a torrada e repousei a xicara na mesa de centro.

-Bom como você não se liberta, eu vou lhe libertar. Posso estar enganada, mas eu sei com 99% de certeza que você é gay.

Eu congelei como se estivesse no pause, queria me esconder embaixo da casa. Não poderia dizer que não, era um caminho sem volta.

-Bom, é mais ou menos isso.

- Mais ou menos? Vem cá me dê um abraço.

-Eu so.. sou gay. Lágrimas caíram dos meus olhos.

-Hoje não é dia de tristeza, é dia de alegria. Minha mãe me deu um largo sorriso. E continuou -Você continua sendo Gabriel e eu continuo sendo sua mãe, nunca tenha vergonha de ser que é. Você é lindo Gabriel, de dentro para fora. E então me abraçou muito forte eu não tive palavras para descrever aquele momento. O constrangimento havia passado, no fundo eu imaginei que tudo seria diferente, quando tudo permanece igual. O sexo com o qual as pessoas se apaixonam não afetam a vida de ninguém.

Adolescência ModernaOnde histórias criam vida. Descubra agora