Confusão Total

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Olhava para o teto do quarto e não conseguia encontrar motivos para dormir. Meu estomago estava embrulhado e me sentia sem ar. Não saberia dizer se fora a cigana, o Peterson ou o Danilo que me deixara assim. Me sentia perdido, ao que eu sentia e ao que eu devia fazer. Me virei na cama, ela rangendo parecendo incomodada comigo. Por fim me levantei e fui até a cozinha tomar um copo de leite.

Quando coloquei o copo sob a bancada, o impacto fez um barulho enorme comparado ao silêncio da casa

- Ainda acordado, filho? Disse minha mãe me assustando.

- Nossa Mãe! Pensei que estava dormindo. E sim estou bem e sem sono. Falei tomando outro gole do copo de leite.

- Você acha que eu não vejo, certo? Minha mãe falou, dando uma pausa e continuou. – Eu sei o que aconteceu com você. O lance com Danilo aconteceu cedo demais. É assim que vocês falam, não é? Lance? Ela fazia uma careta enquanto confirmava comigo. Eu concordei balançando a cabeça.

- E o pior é que você ainda gosta do Peterson, ou melhor, você ainda não sabe o que aconteceu com você e o Peterson. Afirmou minha mãe e ela estava certa, mas eu não me manifestei. Eu a observava. Ela realmente sabia o que eu estava passando.

-Mãe... Queria saber o que fazer. Estou me sentindo perdido. Falei e depois dei um gole final do copo de leite e meu estomago parecia melhor depois daquelas verdades. O problema as vezes parece diminuir depois que falamos sobre ele.

- Eu queria mesmo lhe dizer o que fazer, de verdade, mas se eu fizer isso, você nunca saberia como resolver o problema do seu jeito, entende? Eu quero que seja capaz de sair das ciladas que a vida lhe trará. Eu sei que irá resolver da melhor forma que puder.

Eu não esperava nada menos do que aquilo. Minha mãe sabia mesmo dar ótimos conselhos e aquele foi mais um deles. Ficamos um pouco em silencio até que ela me chamou para irmos ao sofá e enquanto ela me aninhava, adormeci como um bebê.

Acordei horas mais tarde com um cheiro de café da manhã e ovos. Quando levantei vi que minha mãe terminava de arrumar a mesa.

- Está animada. Falei

-Estou é com fome. Disse minha mãe soltando uma risada engraçada em seguida.

Quase falei que não estava com fome, porém seria muita desfeita. Então encarei um pouco dos ovos com pão e uma xicara de café expresso e nada mais. Ela não tocou no assunto o que de fato eu amei. Após o café decidi tomar uma ducha e acordar mais um pouco. Assim que sai do banheiro sabia exatamente o que iria fazer e precisava falar com o Danilo.

Se existe uma coisa que aprendi na vida é que não devemos usar as pessoas mesmo que sem querer, mesmo que não parecesse nada demais.

- Oi amor. Disse Danilo do outro lado da linha.

- Oi Danilo. O que está fazendo?

- Estou arrumando umas coisas? Aconteceu algo? Algo de sutil mudou no humor do Danilo quando ele perguntou.

- Eu preciso falar com você. A gente pode se encontrar?

- Claro. Depois do almoço passo ai, ok?

- Ok. Desliguei a chamada em seguida.

Depois do almoço minha mãe, veio até meu quarto e me disse que iria na Lucia conversar com ela. Algo me disse que talvez ela tenha ouvido minha conversa com o Danilo.

- O Danilo vem aqui daqui a pouco. Falei

- Ah, sério? Mande um abraço por mim.

- Pode deixar. Murmurei.

- Tem pudim na geladeira. Gritou ela da sala. Em seguida ouvi a porta bater.

Segui arrumando meu quarto e colocando a roupa suja no cesto. Lembrei do Peterson o que me obrigou a checar os e-mails novamente e mais uma vez nada dele responder. Já estava pensando em pegar o carro da minha mãe ir até onde ele morava. Percorrer os 500 quilômetros apenas para ouvir da boca dele que não éramos mais nada.

O som da campainha me tirou dos meus pensamentos. Quando abri a porta Danilo me olhou nos olhos e sorriu brevemente. Eu sorri de volta. Seguimos até a sala e ele se sentou no sofá de três lugares. Eu segui mais a diante e sentei no sofá de dois lugares quase de frente para ele.

- Você quer pudim? Perguntei

- Você não me chamou aqui para comer pudim Gabriel. Danilo falou objetivamente. Tinha me arrependido profundamente de ter começado a conversa daquele jeito.

- Na verdade, não foi mesmo. Eu não tenho sido verdadeiro comigo mesmo e logo não fui verdadeiro com você. Eu embarquei num relacionamento cedo demais e não quero magoar você. Olhei para o Danilo e ele me dava toda a atenção. Então continuei após um suspiro de nervoso. – Eu queria dar certo com você, de verdade, mas eu não consigo. Eu ainda tenho que resolver umas coisas.

Vi uma lagrima sair do olho esquerdo do Danilo e ele rapidamente passou a mão. Aquilo me destruiu por dentro e eu me senti a pior pessoa do mundo.

- Não se preocupe, está tudo bem! Danilo esboçou um sorriso me deixando mais triste. – Olha de verdade, eu gosto muito de você, mas eu te entendo e nem vou ficar com raiva, nem nada, ok. Continuou ele.

Meus olhos agora também estavam cheios de lágrimas. A situação era embaraçosa, porém necessária.

- Eu espero que você me perdoe. Murmurei.

Danilo veio até o meu sofá e me abraçou.

- E eu espero encontrar alguém que me ame como você ama esse Peterson. Disse ele me surpreendendo. Depois de um longo abraço nossos lábios se tocaram cientes que ali, seria nosso último beijo de amor. Depois que choramos o suficiente e comemos pudim, vi o carro do meu ex-namorado virar a esquina.


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