Era uma segunda-feira comum, exceto pelo frio que cortava meu rosto, algo bem típico de julho. Minha mãe acabara de me deixar na entrada da escola. Os alunos entravam, outros estavam no outro lado da rua na banca de revistas. Podia me ver lá com a Karen e o Rafael, em fevereiro. A Karen, bom a Karen ainda era a mesma, mas a amizade recente do Rafael me fazia falta. Era no mínimo estranho ver ele todos os dias e praticamente não nos falarmos e o pior, é que não sei se tenho culpa nisso tudo. Talvez devesse ter percebido que ele gostava de mim e conversarmos melhor a respeito, eu o amo muito, mas como amigo, deveria ter lhe dito. Quando percebi que ficar parado ali, pensando no passado, não me faria seguir em frente, entrei colégio adentro.
A Aula de Biologia não prendia minha atenção, não conseguia absorver nenhuma palavra que a professora dizia. Abaixei minha cabeça e olhei as linhas do meu caderno em branco. Dois pingos vermelhos se revelaram fitei-os até aparecer o terceiro. Meu nariz estava sangrando. Não precisei nem pedir para ir ao banheiro, pois a professora me olhava e fez um sinal para que eu saísse, sem tirar a atenção da sala. Eu agradeci mentalmente por isso, odiava chamar mais atenção que o necessário. Segui pelo conhecido corredor até o banheiro. Lavei o rosto e coloquei um papel toalha na narina que saia sangue. Por sorte não estava sangrando muito. Ouvi passos se aproximando e corri até o reservado fechando a porta atrás de mim. Silenciosamente baixei a tampa do vaso e me sentei. Quem quer que seja, usou o mictório e aparentemente saiu sem lavar as mãos.
-Gabriel?! Falou uma voz bem conhecida, era Rafael. Em seguida ouvi a torneira sendo aberta enquanto ele lavava as mãos.
Me levantei e abri vagarosamente a porta do reservado. – Oi Rafa...el. Falei.
- Está tudo bem? Vi quando seu nariz sangrou. Falou ele sem emoção alguma na voz.
- Está tudo bem sim, obrigado por perguntar. Aquilo soou muito ridículo depois que falei, reformulei a resposta. – Digo, eu estou bem, de verdade. Falei enquanto tirava o papel toalha verificando se ainda havia sangue. Por sorte não havia.
- Sabe, eu acho que a gente deveria se falar mais, eu sinto sua falta. Falou Rafael me olhando sem graça. – Sinto falta da sua amizade. Completou ele, talvez, deixando claro que ele havia superado a situação.
Eu queria explodir de alegria, mas queria me controlar, não queria que meu nariz continuasse sangrando.
- Fico feliz em ouvir isso, por que também sinto muito sua falta, pra caramba. Disse sorrido.
Rafael e eu nos demos um longo abraço, talvez o mais longo desde que somos amigos.
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Adolescência Moderna
RomantikGabriel um adolescente comum, que tem amigos comuns, estuda numa escola comum e tem uma mãe comum. É, mas na adolescência tudo pode ser uma tempestade num copo d'água ou um problema real. Nessa história do cotidiano familiar e colegial, podemos nos...