Duas semanas e meia depois, os eventos ocorridos, entre: Rafael, Peterson e eu, haviam sido superados e agora, apesar de parecer impossível semanas atrás, tudo havia voltado meio que ao normal. A única coisa que incomodava era que a partida do Peterson se aproximava, dentro de mim, decidi fingir que esse dia nunca chegaria. Como as provas estavam chegando, eu e Peterson passávamos horas e horas na biblioteca da escola, porém não conseguíamos nos concentrar nos estudos, aliás ninguém naquela situação conseguiria.
- Gabi, você vai me esperar? Peterson alisava a aliança enquanto me olhava. – Claro que vou. Sorri, agora segurando sua mão. Era terrível a ideia de vê-lo partir.
- E seus pais, Peterson? Não consideram ouvir você, o que você sente? Perguntei olhando fixamente em seus olhos. – Eu sou invisível agora, eles quase nem falam comigo, me sinto um objeto naquela casa. Peterson deu de ombros enquanto me fitava. Me arrependera muito de ter feito aquela pergunta. Decidi que não faria mais perguntas, aquilo o fazia sofrer, como uma ferida cutucada antes de sarar completamente. Meia hora depois nos despedimos com um selinho e um abraço bem apertado.
Segui para o ponto de ônibus, naquele dia não tinha animo para caminhada. Não esperei mais que dez minutos, até que o meu ônibus chegou. Quando passei na roleta do ônibus vi um rosto conhecido e ao mesmo tempo não.
E com um sorriso na voz. – Oi Gabriel, tudo bem?
- Tudo bem. Disse retribuindo o sorriso quase que automaticamente. – Nem lembra meu nome? Perguntou ele. Vasculhei na minha memoria até lembrar o nome
– Saulo, o garoto do shopping. Respondi – Ufa, pensei que não lembraria. Comentou Saulo. – E aí, tudo bem? Perguntou ele. – Está tudo ótimo, quer dizer, nem tanto. O sorriso em meu rosto se desfez rapidamente. Ele acompanhou minha expressão e agora me olhava curioso. O ônibus fez uma parada onde desceu uma mulher. – Se não quiser me falar tudo bem? Falou educadamente Saulo. Eu apenas sorri e falei. – Vai ficar tudo bem! Voltei a sorrir, quase acreditando no que falava. O ônibus fez uma nova parada. – É aqui que fico Gabriel, se cuida. Saulo disse saltando do ônibus e quando lá fora, me acenou com a mão. Eu sorri.
Ao chegar em casa a única coisa que me tomava, era o sono, decidi que seria ótimo tirar um cochilo antes que minha mãe chegasse. Entrando no quarto vi minha cama que ainda estava desarrumada, tirei os sapatos e me joguei na cama e me enrolando no edredom e a escuridão me tomou
Estava em pé e haviam muitas pessoas. Vi meu pai, com um copo de champanhe na mão e ao me ver acenou, derramando um pouco do líquido. Sorri sem graça, nada fazia muito sentido. Minha mãe veio por trás me apressando. Anda logo, você tem que escolher, me dizia ela. Olhei para ela totalmente confuso. Decidi o que? lhe perguntei e ela revirou os olhos. As pessoas estavam com trajes finos, de fato aquilo era uma festa muito elegante, pensei. Venha no espelho filho, meu pai me puxou pelo braço carinhosamente. Me vi usando um smoking tom pastel. Está muito lindo filho, disse ele.
-E então filho, quem você vai escolher? Perguntou minha mãe olhando na direção oposta, o que me obrigou a me virar. Estavam: Peterson, Saulo e Rafael. Os três sorrindo de forma afetada demais e segurando cada um, anel de casamento. E então minha mãe tocou no meu ombro e num reflexo eu pulei.
- Calma filho, você estava tendo um pesadelo? Venha levante, vamos jantar. Falou ela calmamente.
- Caramba mãe, era minha vez de fazer algo para nós e acabei pegando no sono. Falei bocejando no final.
- Tudo bem, venha, vai esfriar. Comentou ela.
Logo após a janta e depois de ajudar a arrumar a cozinha decidi ir na casa da Karen, Lucia me recebeu e pedira que fora até o quarto da Karen.
- Oi Frocione. – Oi Zoccola.
Me sentei no puff da Barbie. – Queria ser uma princesa da Disney. Falei. Karen deu uma risada. – Você já é, só que tem dois príncipes, que inveja. Eu joguei um ursinho de pelúcia nela. – Venha aqui. Ordenou ela para que me sentasse no seu colo. Quando o fiz ela começou a afagar meus cabelos. -Não sei o que fazer? Falei. – Nem eu. Karen dei um riso sufocado. – Só afague meu cabelo, por favor. Fazia um bom tempo que não ficava apenas eu e a Karen, no quarto dela, conversando sobre o futuro e sobre como seriamos bem-sucedidos. – Hoje eu vi o Saulo, no ônibus. Comentei. – Mentira! Então são três! Que vagabunda. Karen sorriu para mim. Eu sorri de volta, queria que ali ficássemos para sempre.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Adolescência Moderna
RomanceGabriel um adolescente comum, que tem amigos comuns, estuda numa escola comum e tem uma mãe comum. É, mas na adolescência tudo pode ser uma tempestade num copo d'água ou um problema real. Nessa história do cotidiano familiar e colegial, podemos nos...