Peterson

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Estava sentado no pátio da escola, apreciando meu lanche de frango desfiado com maionese. Um vento frio topou no meu rosto, fazendo meus olhos lacrimejar. Pisquei e vi Peterson a uns três metros de onde estava. Eu sorri, porém ele não correspondeu. Alguém pousou a mão em meu ombro e virei institivamente. Rafael estava me olhando fixamente. Me estendeu a mão como se quisesse que eu levantasse. Levantei e vi Claudia do outro lado do Pátio. Ela carregava algo nas mãos se virou e apontou o objeto para a parede, que se revelou uma tinta spray. BIXA, foi o que ela pintou na parede. Logo outros alunos apareceram, todos gritando ao mesmo tempo.

-Bixa, Bixa, Bixa!!!!

Despertei imediatamente num movimento brusco e a pontada na cabeça me fez voltar a mesma posição em reflexo. Os pontos doíam e eu estava suando. Que pesadelo horrível, pensei. Levantei e decidi tomar um banho, devia ser quase seis horas da manhã. Tomei uma breve ducha e fui a cozinha tomar dipirona. Despois da careta, por causa do gosto, voltei ao meu quarto decidido a trocar o lençol e as fronhas. Como era muito desastrado ao tentar puxar o lençol, que estava na parte de cima do guarda-roupa derrubei todos em cima de mim.

-Merda! Gritei

Imediatamente colocando a mão na boca pois era muito cedo e a casa estava em silêncio absoluto. Não demorou um minuto e minha mãe estava a porta do quarto.

- Querido está tudo bem? Disse ela

-Estou, desculpe falei alto demais, tudo caiu em cima de mim.

- Não tem problema, vou fazer um café para nós, tomou seu remédio? Disse ela em seguida bocejando.

Fiz que sim com a cabeça. Após arrumar minha cama me juntei a minha mãe na cozinha.

- Acho que posso ir na escola. Falei

-Nem pensar! Fique descansando vou ficar mais tranquila. Disse ela de forma a não querer ouvir contestação.

Tomamos café, com pães e bolo comprado na padaria, que por sinal era delicioso.

- Bom, como acordei mais cedo, vou aproveitar isso e me adiantar no serviço. Ela continuou – Cuida da louça para mim.

- Claro, vou morrer de tédio mesmo. Murmurei.

Ela deu um sorriso e me beijou na testa.

-Se precisar de algo ou se acontecer algo me ligue imediatamente. Disse ela saindo.

Acenei com um meio sorriso. Levantei-me e fui até o sofá, aquela altura sentia meu corpo ainda mais pesado. É como se as horas de sono a noite não tivesse sido o suficiente.

Mal deitei no sofá e tudo escureceu, e assim foi a manhã inteira, quando fui acordado com a campainha. Levantei com muito custo e fui até a porta e por burrice não olhei no olho mágico. Ao abrir a porta dei de cara com o Peterson.

Fechei a porta imediatamente, por reflexo ou por falta de educação, juro, que não saberia dizer. Trinta segundos depois voltei a abrir. E fiquei aliviado dele ainda estar ali.

- Oi. Falei

- Oi, posso entrar? Falou ele com um meio sorriso.

- Cla... Claro. Disse abrindo a porta.

Sentamos no sofá da sala, um de frete para o outro.

- Eu sei, eu estou horrível, parecendo um zumbi. Falei quase atropelando as palavras.

- Olhe, me sinto muito mal por ter lhe empurrado. Peterson pareceu bem triste ao falar.

- Ei, está tudo bem. Forcei um sorriso.

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