Passado, Presente e Futuro.

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Mais tarde naquele dia, após a aula, estávamos eu, Karen e Rafa passeando no centro da cidade. Caminhávamos pelo calçadão em busca de nada em específico. Enquanto eu segurava uma deliciosa casquinha de chocolate, Rafael exibia sua casquinha de baunilha.

- Eu não vou escolher um lado. Disse Karen vindo com uma casquina mista. Não pude deixar de rir, aquilo fora bem original da parte dela. Rafael quase deixou o sorvete dele cair no chão. Aquilo era o que mais precisava há tempos, por um momento tudo parecia estar muito bem, tudo ia ficar bem, as nuvens já não escureciam meus dias. Me dei conta que agora sorria genuinamente.

- Vocês são os melhores amigos do mundo! Falei.

Karen e Rafael não me falaram nada apenas entrelaçamos os braços e seguimos pelo calçadão.

Agosto

Setembro

Outubro

Os meses escorregaram das minhas mãos. Danilo não era mais um encontro casual, era um encontro fixo. Diferente do que fizera com Peterson, não pedi nenhum rotulo ao nosso relacionamento. Danilo acabou sendo meu primeiro, para ser mais claro em meados de setembro perdi minha virgindade com ele. Karen perdeu a dela em agosto, em uma noite fria de inverno, e segundo ela, Leonardo foi o máximo. Rafael estava solteiro e disse que assim queria estar por enquanto, seu foco eram os estudos e ele me disse que queria viajar pela américa do sul. Eu o apoiei com certeza.

É novembro e a noite está bem quente e meu telefone toca.

- Oi meu amor. Diz Danilo no outro lado da linha.

- Já estou quase pronto. Falo

- Ok, mas não se preocupe estou na sala comendo biscoitos com sua mãe.

- Ah muito engraçado. Falo enquanto saiu do quarto e estupidamente não desligo a chamada.

- Está bem adiantado. Falo no telefone como se ele não estivesse na minha sala de estar.

- Não consigo ficar muito longe de você. Fala ele ao telefone como se eu também não estivera no seu campo de visão.

-Vocês dois tem sorte que as ligações são ilimitadas hoje em dia, isso sim. Disse minha mãe. Sem olhar para nós, os olhos grudados no filme que está passando.

Eu desligo e o chamo para perto de mim. Ele obedece. Mal entramos no quarto e eu o beijo ferozmente. Ele retribui por um instante e depois esfria.

-Calma ai! Ufa. Danilo recupera o folego.

- Fui muito intenso, não é? Perguntei

- Você foi muito final de noite. Falou Danilo rindo em seguida.

Joguei uma meia suja na cara dele e ele a pegou e cheirou. Eu queria matar ele.

- Precisa de mais talco, heim. Debochou

- Ok eu vou pensar no seu caso. Falei, puxando ele pelo braço.

- Mãe vamos no cinema, até mais.

-Até mais Lidia.

- Tchau meninos, se cuidem.

Tínhamos combinado um encontro a quatro, então quando chegamos na porta do cinema, nos aguardavam Karen e Leonardo.

- Oi meninos, demoraram heim. Reclamou ela.

- Gabriel queria me agarrar com força no quarto, quase não chegamos.

Leonardo soltou uma gargalhada e eu nem sabia onde enfiar a cara. Abracei Danilo aproveitando para lhe dar um belisco. Ele deu um pulo, mas não gemeu de dor como eu queria.

- Eu não queria falar nada não, mas vocês ficam lindinhos juntos. Comentou Leonardo.

- Valeu. Falei

- Tem falado com o Peterson, Gabriel. Perguntou Leonardo. Aquela pergunta não me incomodava, de verdade, mas naquele momento me incomodou. Quando o nome dele vinha de surpresa na minha cabeça, ainda era possível sentir uma dor, como uma cicatriz que dói em dias frios.

- Faz muito tempo que não falo com ele. Respondi.

Tentei não parecer triste, mas era tarde demais, Danilo percebeu que aquilo ainda mexia comigo. Ele me conhecia bem demais.

- Vamos comprar os ingressos então. Falou Karen.

Percebi na voz dela a desaprovação da pergunta do Leonardo. Leonardo nem tinha percebido o que ele tinha feito, até porque era comum ele me perguntar do Peterson. Então não o culpei de nada. Peterson também tinha deixado o melhor amigo de lado.

Durante o filme Danilo quase não falou comigo, exceto o trivial. Me sentia muito mal por tê-lo magoado. Se tinha uma pessoa que não merecia isso, era ele.

Quando me deixou em casa aquele dia, ele não quis entrar e nem conversar, eu respeitei. Totalmente sem graça me despedi dele e vi seu carro ir embora lentamente do meu campo de visão.  

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