CAPÍTULO XXXII
Anastasia jogou sobre o braço a capa de veludo azul. Depois, com uma expressão sonhadora, aproximou-se do grande espelho de cavalete. Parou ali, pensando em Christian.
Acabava de deixá-lo na sala de jogos, conversando com os meninos mais velhos, que tinham muitas perguntas a fazer àquele duque inglês que aparecera em cena dois dias antes. Um duque que era, para assombro deles, o capitão de seu próprio navio!
Nesse momento, alegrava-se à ideia de ir encontrá-lo no vestíbulo e juntos passearem ao luar, como ele sugerira. Mais do que isso. Sentia uma espécie de deslumbramento à noção de submeter-se a seus cuidados delicados, às doçuras de uma intimidade solícita. Durante o passeio da véspera, ele se mostrara amável como nunca. Não parecia o mesmo homem que tinha sustentado contra ela, com tanta dureza e violência, sua agressividade.
A não ser por aquelas bruscas palavras iniciais sobre um divórcio que não se consumara, tudo correra bem. Um quase noivado, com beijos à sombra das árvores do parque. Era como se o pesadelo que se seguira ao casamento nunca houvesse acontecido.
Mas, desventuradamente, havia acontecido. E era isso que a preocupava. Estavam ainda separados por incidentes dramáticos que, mais cedo ou mais tarde, teriam de analisar. Era isso o que ele tinha em mente, quando a convidara para um passeio ao luar? Certamente não pretendia permanecer para sempre no embaraço de uma situação constrangedora.
Esperava, talvez, que ela abordasse o assunto primeiro. Mas como fazê-lo, sem arriscar-se a perturbar a recém-conquistada tranquilidade? — Ah, aí está você!
Anastasia voltou-se e deparou com ele à porta do corredor.
— Desculpe — murmurou, confusa. — Não percebi que tinha demorado tanto...
Christian entrou e deteve-se diante do espelho.
— Permite-me?
Retirando-lhe do braço o manto forrado de arminho, ele Io pousou sobre os ombros, tocando-os de leve. Depois, disse baixo, retendo-a por um instante junto a si:
— Você está linda!
Na surpresa feliz do elogio, ela respondeu:
— Você também!
— Não é a mesma coisa.
— Por que não?
Ele sorriu e tomou-a pela mão.
— Venha, querida. Há uma linda noite à nossa espera.
Fora, o ar cálido lhes acariciou o rosto. Puseram-se a camiinhar lentamente pelas trilhas, respirando o ar perfumado pelas flores e pela relva fresca. Os ramos das árvores oscilavam à leve brisa vinda do mar, deixando entrever o céu profundamente estrelado.Christian olhou-a e sentiu que ela se mantinha na expectativa, aguardando que lhe dissesse alguma coisa.
— As crianças a adoram. Está escrito no rosto delas quando olham para você.
— E a você também — disse Anastasia com entusiasmo. — Faz apenas dois dias que o conhecem e já se mostram encantadas.
— Tenho a impressão de que elas me vêem como a um tio rico e exótico que aparece de vez em quando com presentes de suas viagens ao exterior. — Christian sorriu. — Mas a adora
ção por você e Maria é óbvia. Nunca vi tamanha manifestação de amor!— Maria é a única responsável por isso. Ela é uma mulher extraordinária!
— Notável — concordou Christian. — E fico pensando por que uma pessoa como ela, que podia levar uma vida despreocupada, preferiu dedicar-se a uma missão tão árdua. Que lhe aconteceu no passado que a levou a escolher esse caminho? A resposta de Anastasia foi cautelosa:
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Equívoco de Christian Grey
FanfictionRESUMO Um terrível equívoco rouba a inocência de uma jovem e compromete o coração de um famoso conquistador Amedrontada, Anastasia correu os olhos pelo imponente aposento que lhe haviam destinado. A ampla cama de casal, as ricas cortinas de veludo...